Um esforço da pesquisa nacional pode tornar o Brasil mais independente da tecnologia estrangeira e desenvolver por conta própria supercapacitores e baterias de íons de lítio. Isso porque o Cine - Centro de Inovações para Novas Energias, através da divisão de Armazenamento Avançado de Energia (AES), iniciou a operação da primeira linha de manufatura de protótipos de supercapacitores e baterias na escala de pouch cell (células retangulares de 5 por 7 centímetros) do Hemisfério Sul.

Mantido com recursos da Fapesp - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo e da Shell, e conduzido por pesquisadores da Unicamp, USP e do Ipen - Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, o grupo de pesquisa instalou a linha de manufatura na Faculdade de Engenharia Elétrica e Computação (FEEC) da Unicamp.

No local, já foi possível produzir pouch cells de supercapacitores. Segundo os coordenadores da pesquisa, a montagem de módulos com várias dessas células serão um próximo passo. Como forma de testar os desenvolvimentos, a ideia é permitir que uma bicicleta elétrica desenvolvida pelo grupo, com recarga imediata (em três minutos) e autonomia de dois quilômetros, possa ser feita com tecnologia 100% nacional, já que até o momento usa componentes importados.

Em breve, serão também produzidos protótipos de baterias de íons de lítio e com materiais alternativos, como sódio, potássio e zinco. O propósito é criar sistemas de armazenamento mais seguros, limpos e baratos.

Com a manufatura, a pesquisa sai da escala laboratorial, dos chamados coin cells, onde os resultados já são consolidados pelo grupo criado em 2018, para as pouch cells, que permitem o agrupamento em módulos, o que torna o processo facilmente escalonável para o uso industrial. Exemplos de aplicações, além dos veículos elétricos, são sistemas de backup de energia quando há falha na rede elétrica em instalações como hospitais, em que não pode haver nem mesmo o menor intervalo no fornecimento.

A manufatura é formada por um parque de equipamentos adquiridos com recursos do Cine, na ordem de R$ 500 mil. O funcionamento desses equipamentos envolve produção de eletrodo; empilhamento e alinhamento desses eletrodos, seguidos de testes eletroquímicos e caracterização do material; e selagem final do dispositivo em atmosfera inerte, isenta de umidade.

O grupo de pesquisa considera o domínio da tecnologia importante para o País não só para ter autonomia no desenvolvimento de tecnologia energética em ascensão, mas também porque o Brasil tem reservas importantes de grafite e bauxita, matérias-primas essenciais à fabricação dos dispositivos, além das possibilidades envolvendo o nióbio.



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