As restrições cada vez maiores de recebimento de lodos de estações de tratamento de efluentes em aterros tendem a estimular o uso de sistemas de secagem no Brasil. A realidade tem feito fornecedores da tecnologia serem muito acionados por empresas de saneamento e indústrias.

“Os proprietários de estações não têm mais para onde mandar o lodo. Os aterros estão recusando ou cobrando preços cada vez mais altos, porque esse tipo de resíduo prejudica a estabilidade do aterro por conta da alta umidade e seus poluentes”, disse Rodolfo Morais, engenheiro da alemã Huber Technology, que apresentou soluções de secagem solar e térmica na IFAT Brasil, de 24 a 26 de abril em São Paulo.

Além da recusa de recebimento e os preços abusivos para a destinação, é comum também a exigência de teores de sólidos elevados para os resíduos. “O tratamento tradicional, o desaguamento de lodo, mal consegue elevar dos 20% médio para os 30% de sólidos”, diz Morais. A partir daí, segundo o engenheiro, as empresas precisam instalar sistemas de secagem.

No caso da Huber, essas demandas fizeram a empresa instalar na concessionária privada de saneamento de Araçatuba, SP, um secador solar, em operação desde 2020, para 13 mil toneladas por ano de lodo úmido da ETE, que entra no revolvedor com 20% de sólidos e sai com 90%. “Além de gerar alta economia para a disposição, eles estão em fase de estudo para aproveitamento do material seco como biofertilizante”, disse.

Recentemente, a Huber também vendeu outro sistema de secagem solar, cuja tecnologia não demanda nenhum tipo de energia para acionamento, para outra concessionária privada em município de Goiás, com capacidade para 16 mil toneladas por ano. Os resíduos entrarão com 20% de teor de sólidos e sairão com 80%. O projeto está em fase de implantação.

Segundo Morais, o secador solar, que é um revolvedor, vem da Alemanha e todo o restante do sistema, a estufa e a parte civil são realizadas por outros fornecedores. No momento, no caso de Goiás, está sendo contratada a empresa responsável pelas obras civis e montagem da estufa. A previsão é que o sistema entre em operação ainda em 2024. A tecnologia se baseia no revolvimento do lodo, que em contato com o calor provocado pelo ambiente da estufa, vai realizando a secagem. Há também ventiladores que constantemente renovam e enviam ar quente e seco para ir tirando a umidade do lodo.

Essa solução de revolvimento com os ventiladores permite que a tecnologia seja aplicada mesmo em locais sem muita incidência solar, até mesmo em regiões de neve na Europa. “Obviamente a taxa de evaporação em um local sem muito sol vai ser menor. Por exemplo, se em Araçatuba é possível secar 2 toneladas de água por m2 por ano, em uma região desse tipo vai cair para cerca de 1,5 tonelada. Aí será preciso ocupar uma área maior para secar a mesma quantidade”, explica.

Já os secadores térmicos destinam-se principalmente para locais onde não há espaço para implantação dos solares. Esse sistema usa como fonte de calor água quente, responsável por fazer o aquecimento do ar que circula dentro do secador. Para aquecer, pode ser utilizado biogás, por exemplo, ou outras fontes alternativas, como gás de exaustão. Há um secador térmico da Huber instalado em indústria papeleira em Minas Gerais, que utiliza parte do gás de exaustão de uma chaminé do processo.



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