por Esteban Sagel e Flávio Silva*


 

A análise desta semana abrange o mercado norte-americano de polietileno (PE). A partir da parceria da Ohxide com a consultoria ChemPMC, dos Estados Unidos, é possível ter uma visão aprofundada do que ocorre na região, sempre com informações precisas do mercado de resinas plásticas. Isso é muito importante, pois nosso mercado local é muito atrelado ao mercado norte-americano e sofremos impactos diretos de ações que ocorrem nos Estados Unidos.


 

Este primeiro gráfico traz uma análise de preço do polietileno nos Estados Unidos. A linha azul mostra o histórico do preço contrato para o polietileno de alta densidade (PEAD) e a linha laranja mostra o preço spot doméstico. Desde o pico observado em meados do ano passado, os preços vêm caindo, porém terminarão o ano de 2022 nos maiores patamares da última década. Os preços estão em cents por libra (ou pounds - cts/lb) (para converter para dólar por tonelada basta multiplicar por 22,04)

 


Fonte: ChemPMC


 

Pelo lado dos custos, o comportamento é semelhante. Com redução desde último pico e em patamares maiores que na última década. O gráfico abaixo mostra o histórico do cash cost (custo de produção) local de uma planta de PEAD integrada com um craquer de base etano, também em cents por libra.

 


Fonte: ChemPMC


 

Então, quando se analisam as margens locais, verifica-se que estão agora nos níveis médios dos últimos anos. A questão é como devem se comportar nos próximos períodos. Isso vai depender de como os produtores locais, nos Estados Unidos, conseguirão direcionar suas exportações e assim manter equilibrado o mercado interno norte-americano, evitando queda nas margens pelo excesso de oferta.


Fonte: ChemPMC


 

E é justamente esta necessidade de exportação dos produtores norte-americanos para manter suas margens locais saudáveis, assim como sua taxa operacional, que pode trazer benefícios ao mercado brasileiro de transformação. O preço médio de exportação norte-americano ainda está mais alto do que os preços asiáticos, como pode ser visto no próximo gráfico (neste caso considerou-se o polietileno linear de baixa densidade (PELBD). A linha azul mostra o histórico do preço contrato para o PELBD, e a linha laranja mostra o preço spot doméstico, enquanto a linha cinza indica o preço de custo e frete da China, todos na mesma base de comparação que é free on board praticado no porto de Houston (FOB Houston).

 

Fonte: ChemPMC e ChemOrbis (Preço Ásia)

 

Fica nítida uma diferença de cerca de cts/lb 15 (aproximadamente US$/t 331) a favor do preço asiático. Logo, para encontrar mercado nas américas (Latina e Central) estes produtores terão de baixar seus preços, criando uma oportunidade de maior competição local para todo o setor de transformação de plásticos no País.

 

O ano de 2023 se apresenta com perspectivas de queda nas margens das empresas petroquímicas, com boas oportunidades para o setor de terceira geração, que são as indústrias de transformação. Na próxima edição desta coluna quinzenal traremos uma análise semelhante para o polipropileno (PP).


 

*Flávio Silva é sócio-diretor da Ohxide Consultoria (Rio de Janeiro, RJ e Paulínia, SP).

*Esteban Sagel é diretor da ChemPMC chempmc.com (Houston, EUA).

 

 

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Polipropileno: mercado nacional e tendências

 

 

 



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