por Miriam Vale*

 

 

O sonho de muitos pequenos e médios empresários é expandir os seus negócios, exportando seus produtos ou serviços. Para quem está começando a exportar, Miriam Vale, professora com atuação no setor de empreendedorismo, sugere algumas dicas, comentadas a seguir.

 

 

Identifique mercados

A especialista disse que qualquer empresa pode exportar, desde uma empresa familiar até companhias que contam com equipes múltiplas, situadas no interior ou em grandes centros urbanos. Não é o tamanho da companhia o fator determinante de sucesso no mercado nacional, e muito menos internacional.

Inicialmente, é preciso identificar qual produto tem mais chances em um mercado estrangeiro, além de conhecer bem sobre sua empresa, sua capacidade de produção e a saúde financeira do seu negócio. Assim, com as perguntas sobre seu negócio respondidas, pode-se começar a identificar em qual mercado o seu produto teria aceitação e chances de “vingar”.

 

“Existem várias estratégias para prospecção de mercados. A mais fácil é buscar precedentes, identificar algum mercado que já tenha demanda pelo produto que você está tentando exportar. Essa é uma segurança para empresas que não querem correr muitos riscos”, comentou Miriam.

 

 

Adapte o produto

O empresário precisa ter em mente que, provavelmente, será preciso realizar algumas modificações no produto, para que ele seja aceito lá fora. Miriam mencionou um exemplo disso: “Já vi muitas empresas fazerem uma série de adaptações para ganhar mercado, e isso é natural. Para uma geleia entrar no mercado alemão, por exemplo, ela não pode ter mais de 20% de açúcar, mesmo que o açúcar seja necessário para a conservação do alimento”.

 

 

Inove

O brasileiro é conhecido em todo o mundo pela sua capacidade de superação e inovação. “As empresas brasileiras conseguem oferecer muita inovação e soluções sem precedentes. É uma característica nossa atender a demanda existente de forma diferenciada, com menos custos. Aproveite esse fator”, complementou a professora.

 

Não só a inovação, mas a diferenciação de seu produto pode trazer vantagens competitivas à sua empresa quando você estiver disputando com outras companhias em mercados estrangeiros. Os produtos brasileiros são grandes estrelas nas prateleiras internacionais, destacando-se por sua “brasilidade”, qualidade, design e até mesmo pela saudabilidade. Ter um diferencial no momento de posicionamento do seu produto em um mercado internacional é extremamente importante.

 

 

Busque conhecimento

Para errar menos (sim, os erros virão, mas, com conhecimento, o caminho será mais fácil), Miriam incentiva os empresários a pesquisarem dados sobre comércio internacional disponibilizados gratuitamente. A maioria das organizações oferece materiais ricos e de fácil entendimento, além de dados técnicos como, por exemplo, tarifação e aspectos econômicos e culturais dos países.

 

Miriam comentou que, “se eu fosse um empresário, buscaria apoio em instituições que prestam orientação gratuita, como a Apex-Brasil, associações de empresas que dão auxílio ao exportador ou até mesmo no International Trade Center (ITC). Busque uma rede de suporte e apoio para entender e planejar sua ida ao exterior”.

 

Especificamente no setor de plásticos, os transformadores interessados na internacionalização de seus produtos dispõem do programa Think Plastic Brazil, que propõe soluções e dá apoio às empresas neste processo. 

 

 

Tenha um alvo certo

Exporte o seu produto para um mercado alvo, e depois expanda os negócios. “Principalmente as empresas pequenas precisam ter cuidados: fazer pesquisa, começar devagar em um determinado país e depois, ao conhecer o caminho, expandir para outros mercados”, exemplificou.

 

 

Dificuldades

A dificuldade mais comum enfrentada pelos novos exportadores é a burocracia, como a carga de impostos, apesar de haver um esforço de simplificação; e a logística, porque o Brasil é muito grande e tem muitas particularidades regionais e geográficas.

 

Ainda sobre este assunto, Miriam disse que “outros pontos de atenção dizem respeito a legislações específicas e barreiras não-tarifárias que podem ser levantadas por alguns países. Desde 2020, por exemplo, Portugal faz restrições aos produtos lácteos brasileiros. Imagine que várias empresas que exportavam pão de queijo não conseguem mais fazer isso por conta dessa novidade”.

 

Entretanto, a maior dificuldade, segundo a professora, é fazer com que o empresário brasileiro incorpore a cultura global. “É preciso ter em mente que não é só o Brasil que importa e exporta. Se o empresário não voltar o olhar para o mundo, certamente será surpreendido com um produto muito inovador e diferente, que vai engolir o seu produto em seu próprio país”, complementou.

 

 

Veja o mundo

Trazer as inovações do mundo para o Brasil pode ajudar a mudar a mentalidade do empresário. Uma das sugestões de Miriam é “viajar para o exterior, para experimentar, e voltar com insights na bagagem para melhorar a sua empresa. Com a pandemia de Covid-19, muitas das grandes feiras e eventos internacionais aconteceram e ainda acontecem em formato on-line e/ou híbrido, outro fator que deve ser aproveitado para explorar o que há de mais novo em sua indústria”.

 

 

Planeje

A especialista salientou que a ida do produto para determinado país precisa fazer sentido: “Em vez dos Estados Unidos, por que não iniciar a exportação pela América do Sul, por exemplo? A exportação não deve ocorrer de forma esporádica, mas deve fazer parte da estratégia da empresa”.

 

 

*Miriam Vale é professora de empreendedorismo da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP). 

 

 

Imagem: Freepik



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