A francesa Voltalia divulgou ao mercado que os cortes na transmissão da energia gerada por seus parques eólicos e solares no Nordeste, os chamados curtailments, devem impactar em cerca de 40 milhões de euros o seu Ebitda (lucros antes de impostos, juros, depreciação e amortizações) de 2024.

Já no primeiro semestre de 2024, o corte forçado no Brasil, segundo a empresa, foi baixo e de acordo com suas previsões. A Voltalia estima que seu Ebitda consolidado para o grupo será de cerca de 75 milhões de euros no período, um aumento de 33% em comparação com o primeiro semestre de 2023.

Intervenções feitas pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico, o ONS,  que limitam por um período toda ou parte da geração de uma usina, para manter a estabilidade da rede de transmissão, os curtailments, segundo a Voltalia, se intensificaram após o apagão de 2023 e depois se tornaram marginais no fim do ano. Mas em 2024, em projeção do ONS, há perspectiva de os cortes voltarem com força no Nordeste ainda por vários meses, em razão do atraso na construção de novas linhas de transmissão.

Na análise do ONS, o impacto do atual limite de geração de energia seria ainda acentuado pela sazonalidade da produção, tradicionalmente maior no segundo semestre do que no primeiro, e em razão de os recursos eólicos e solares provavelmente estarem com previsão média de longo prazo maior no mesmo período, dados os níveis observados desde o início de julho e as previsões até o final de dezembro pelos institutos de previsão do tempo.

Como segunda motivação para as perdas, a geradora aponta a possibilidade de não compensação financeira pelas interrupções de produção de energia. Várias ações judiciais, iniciadas ainda em 2023, estão em andamento nos tribunais federais e locais para pedir as compensações, não só da Voltalia mas de várias outras empresas e associações do setor. Por fim, tem poder de influenciar a queda do Ebitda o caso de a taxa de câmbio se manter nos atuais patamares, com o real valendo 6 euros.