A meta do Acordo de Paris, assinada por 195 países em 2015, de limitar o aquecimento global a 1,5o C até 2050, por meio da redução gradual das emissões de gases de efeito estufa até se chegar a zero líquido, pode ser alcançada sem aumentar os custos por unidade de energia e com base principalmente na adoção de três tecnologias: a energia solar fotovoltaica, baterias e eletrólise. A conclusão é de extenso estudo de uma equipe de pesquisadores da Universidade de Tecnologia LUT, de Lapeenranta, na Finlândia.

Feito em cooperação com a organização não-governamental Energy Watch Group, e publicado na revista “Science Direct”, o estudo utilizou modelo matemático especialmente desenvolvido pelos pesquisadores para avaliar a demanda global de energia por todos os setores da economia global, divididos por 145 regiões do mundo. Com o modelo, foi possível simular a otimização do sistema de energia global em resolução horária completa para o período, para projetar a garantia do equilíbrio da demanda e oferta da energia para todas as horas do ano. A partir daí, foram simuladas as opções de matriz energética para atingir a meta do acordo de Paris.

No centro da transição energética, o estudo aponta a geração solar FV que, por conta da queda no seu custo e sua abrangência de uso por várias regiões, chegaria a responder por 32% da oferta de eletricidade glonal em 2030, quando a meta é reduzir pela metade a emissão de gases do efeito estufa, e por 76% em 2050, ano apontado como de emissão zero pelo Acordo de Paris. Para o estudo, as capacidades solares fotovoltaicas estão bem distribuídas nas diferentes regiões do mundo e podem alcançar uma base total instalada de capacidade de 63.380 GW em 2050.

Segundo o líder da pesquisa, Christian Breyer, professor de economia solar da Universidade LUT, com a simulação do modelo foi possível comprovar que o uso da eletrificação direta e indireta no sistema energético e o fornecimento de energias renováveis, o limite do aquecimento global de 1,5o C mostrou-se factível a um baixo custo por unidade de energia. A fonte solar FV, em seu papel de liderança na transição, se complementaria com as baterias, para compensar a intermitência. A tecnologia de eletrólise, empregada para produzir o hidrogênio verde, complementaria a eletrificação dos transportes, e as demais renováveis – eólica, hídrica e bioenergia – ajudariam a descarbonizar a matriz energética.

O artigo original pode ser lido pelo link:

https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0360544221007167



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