O armazenamento gravitacional de energia elétrica é visto hoje como alternativa promissora às baterias eletroquímicas para equilibrar oferta e demanda de energias renováveis. O conceito é relativamente simples: na primeira fase, usa-se o excesso de eletricidade produzido em determinados períodos do dia para acionar guinchos e suspender pesos; na fase dois, a energia dos pesos é liberada e aciona os geradores de eletricidade. Entre os vários sistemas hoje sendo estudados pelo mundo figura o da escocesa Gravitricity, que inaugurou uma instalação de demonstração de 250 kW em abril passado, no Porto de Leith, em Edimburgo. Conectado à rede de energia, o sistema vem sendo testado com sucesso, erguendo e baixando dois pesos de 25 toneladas e comprovando capacidade de gerar potência total e velocidade de resposta adequada. Esse demonstrador foi construído acima do solo, com uma torre de 12 metros, mas os projetos comerciais futuros serão subterrâneos, usando poços de minas desativadas ou poços escavados especificamente para a finalidade.
Agora os técnicos da empresa apresentaram uma patente global para transformar esses poços de finalidade específica em depósitos de energia pressurizados, capazes de acumular com segurança quantidades significativas de gás. “A economia futura do hidrogênio precisará de novas maneiras econômicas e seguras de armazenar o gás onde for necessário”, disse o fundador da empresa, Martin Wright. Segundo o especialista, as redes de gás do futuro serão alimentadas por energias renováveis intermitentes, como a solar e a eólica, o que implica a necessidade de armazenamento do hidrogênio verde quando a energia é abundante e em locais próximos aos de uso. “Acreditamos que [a alternativa proposta] será muito mais econômica e segura do que vasos de armazenamento construídos acima do solo, e aumentará enormemente a capacidade de armazenamento do nosso sistema”, afirma.
Combinados a plantas de eletrólise de hidrogênio verde, os poços teriam, assim, uma função dupla: armazenar o excesso de eletricidade para uso pelos eletrolisadores e armazenar a produção da planta como um buffer para a rede de gás. Isso não só suavizaria a entrada e saída da planta de hidrogênio verde como também reduziria o custo do H2. Além disso, o complexo poderia constituir um ponto de abastecimento de hidrogênio de baixo carbono para veículos pesados, navios ou trens, ou mesmo o gás ser empregado para gerar quantidades adicionais significativas de eletricidade, se necessário.
A Gravitricity planeja lançar ainda este ano uma série de projetos de 4 a 8 MW em escala real. A maioria dos primeiros sistemas será construída em poços de minas existentes, mas a empresa já discute com uma grande companhia do Reino Unido a construção de um poço sob medida, exclusivamente para sua tecnologia. Em um estudo de 2019, analistas do Imperial College calcularam que um sistema da Gravitricidade poderia armazenar eletricidade pela metade do custo de ciclo de vida do sistema de íons de lítio. Isso é uma vantagem considerável no crescente mercado global de armazenamento, que a Bloomberg New Energy Finance estima em US$ 620 bilhões até 2040.
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