Como a fonte solar fotovoltaica pode se integrar às demais fontes de energia? Estudos mostram que ela é a fonte mais “comportada” ao longo do ano, e, por esta característica, apresenta boa complementaridade com outros tipos de geração (usinas eólicas, de biomassa, hidrelétricas e mesmo termelétricas). Dada a importância do tema, em 2021 a Aneel - Agência Nacional de Energia Elétrica publicou a Resolução Normativa 954, que trata das centrais geradoras híbridas, regulamentando a complementaridade entre as fontes. “A hibridização é uma oportunidade de vincular duas ou mais fontes de geração no mesmo ponto de conexão, otimizando os recursos do sistema de transmissão”, destacou Rafael Marques, especialista técnico regulatório da Absolar - Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica, nesta quarta-feira, 24, durante o Congresso Intersolar South America, realizado em São Paulo.

Para dar força ao desenvolvimento dos processos de hibridização das fontes de energia, o setor conta com novos recursos, como as tecnologias de armazenamento, a serem aplicadas em todos os elos da cadeia do setor elétrico brasileiro, desde o consumidor cativo/residencial até os sistemas de transmissão e distribuição. “Apesar do comportamento relativamente estável da fonte solar ao longo dos meses, o sol só está presente algumas horas do dia. Logo, a tecnologia de armazenamento permite que se desloque a geração do período diurno para o noturno, ou do período de pico do sol para o fim do dia, a depender da necessidade de cada região ou da volatilidade do preço”, afirma Marques, ressaltando que o setor ainda não tem uma regulamentação voltada especificamente para o sistema de armazenamento de energia no Brasil.

Como exemplo de projeto híbrido de geração autorizado pela Aneel, Priscila Lino, diretora de regulação da Auren Energia, apresentou a usina associada eólica-solar localizada no Piauí (fronteira com Pernambuco), de 59 MW, que será instalada no primeiro complexo do Parque Ventos do Piauí, em operação comercial desde 2018 e contratado no mercado regulado. Esse empreendimento é composto por sete parques eólicos com 14 aerogeradores cada um, conectado ao Sistema Interligado Nacional.

Por conta da complementaridade existente entre as duas fontes na região, foi necessário fazer uma otimização do projeto para que não fosse gerado um excedente de energia. “Esse foi um grande desafio o qual nos deparamos. Dado que a energia solar é uma fonte que produz um recurso sem muita variabilidade ao longo do ano, ao conjugá-la com uma fonte eólica, que produz muito mais no período seco de geração hidrelétrica no Brasil, se faz necessário implementar um sistema de corte automático de geração para evitar produzir um recurso que não poderá ser injetado no sistema de transmissão”, explicou a diretora.



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