Em maio deste ano, o mundo atingiu 1 TW de potência acumulada de energia solar fotovoltaica (desde 2002), e a projeção de mercado é que em três anos, o planeta alcance a marca do segundo TW. A América Latina, dentro deste cenário de forte ascensão da energia solar, tem crescido a taxas acima da média, em especial porque a região apresenta um dos melhores aproveitamentos solares do planeta, com um clima tropical favorável à incidência dos raios do sol. A evolução e estratégias para o desenvolvimento da energia solar na região foram debatidas nesta quinta-feira no painel “Mercados solares na América Latina”  do congresso Intersolar South America, em São Paulo.

A região da América Latina como um todo tem um custo de energia elétrica muito elevado, o que torna a fonte solar fotovoltaica mais competitiva e facilita sua expansão geograficamente. De acordo com levantamento do Global Solar Council, desde 2015, houve um crescimento de praticamente 40 vezes do mercado fotovoltaico na região. Apenas em 2021, cerca de 10 GW foram instalados, registrando um aumento de 44% em relação ao ano anterior. Para este ano, as projeções também são muito positivas, com o acréscimo de 17,2 GW e de 30,8 GW por ano até 2026.

É preciso lembrar ainda que a América Latina possui características peculiares, com destaque para alguns desafios, como: o acesso ao crédito, as flutuações das taxas de câmbio, a inflação e os impostos que incidem sobre o setor nos diversos países. Percebe-se também que a distribuição do mercado ainda é bastante heterogênea, isto é, alguns países avançam com bastante agilidade, enquanto outros ainda são muito prematuros na exploração da energia vinda do sol. “O que se observa é uma tendência geral de diversificação das matrizes elétricas na América Latina. Alguns países são muito renováveis, outros dependem muito de combustíveis fósseis e hídricos, mas pode-se dizer que todos estão se movimentando rumo à transição energética e à retomada econômica pós-pandemia”, afirmou Rodrigo Sauaia, presidente executivo da Absolar - Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica.

Para isso, no entanto, é preciso melhorar a estrutura legal e regulatória que dão segurança aos consumidores, empreendedores e investidores. Diferentes estratégias têm sido escolhidas pelos países latino-americanos. Alguns deles trabalham com leilões de energia solar, outros têm adotado a medição líquida de energia (net metering) e alguns optado pela tecnologia de net billing. Há países com incentivos fiscais específicos para energia fotovoltaica ou linhas públicas de financiamento de banco multilaterais que apoiam o mercado na região.

Segundo dados da Agência Internacional de Energia Renovável (Irena) de 2021, Brasil, México e Chile são responsáveis por 84% do mercado solar fotovoltaico da América Latina. “Logo, há muito espaço para ampliar a participação dos demais países do ranking, que precisam de energia limpa, renovável e competitiva, e que tenham o recurso solar de qualidade, mas ainda não fizeram uso desse potencial. Essa lacuna também representa uma oportunidade de negócio importante”, aponta o executivo, acrescentando que alguns países já têm, inclusive, metas de renovabilidade estabelecidas, a exemplo de Cuba, que tem um planejamento para atingir uma matriz 100% renovável, respaldada pela energia solar.



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