A fabricante de módulos fotovoltaicos LONGi Solar, um dos principais players mundiais do setor, está oficialmente entrando no seleto clube dos módulos de mais de 500 W. A empresa realizou nesta segunda-feira, 29, um evento para apresentar o technical brief da nova série Hi-MO 5, de módulos PERC tipo P com 540 W de potência nominal.
A principal característica do produto é utilizar wafers maiores, no formato M10. [Na semana passada, sete fabricantes de módulos assinaram acordo para adotar o formato M10 (182 mm x 182 mm) como padrão para pastilhas de silício. Além da LONGi, o grupo é formado pelas empresas Canadian Solar, Jiangsu Runyang Yueda, Jiangsu Zhongyu, JA Solar, Jinko Solar e Lu’an Solar.] A série Hi-MO 5 apresenta ainda dopagem com gálio em vez de boro, e um método de interconexão que a empresa batizou de "solda inteligente".
A nova linha se apresenta em módulos de 66 e 72 células, com variantes monofaciais e bifaciais. A configuração de 72 células apresenta potência frontal de até 540 W, eficiência de 21% e dimensões de 2256 mm × 1133 mm. Esse módulo, de acordo com a LONGi, é indicado para as grandes usinas solares que estão sendo construídas em todo o mundo. A configuração de 66 células possui potência nominal de 495 W e área menor, o que amplia suas aplicações.
De acordo com uma nota da LONGi sobre o lançamento, o Hi-MO 5 adota um design bifacial “vidro-vidro com moldura" que oferece alta resistência mecânica, reduzindo quantidade de travessas necessárias para a sustentação e melhorando o aproveitamento da parte traseira do módulo. A corrente de operação é de cerca de 13 A, incluindo o ganho do design bifacial, valor dentro da faixa máxima de corrente de entrada dos inversores mais recentes, o que evita perdas de geração. O comprimento do módulo é compatível com sistemas horizontais de rastreamento de eixo único.
Em simulações em parceria com mais de 20 clientes globais, o módulo mostrou redução de mais de US$ 0,012 por watt nos custos de equilíbrio do sistema (BOS, na sigla em inglês), utilizando estruturas fixas e inversores centralizados, em comparação com outros produtos. Com inversores de strings em grandes usinas, observaram-se melhores taxas de capacidade, reduções de custo do equipamento CA e menor LCOE (cisto nivelado de energia), garante a empresa.
Dopagem de gálio para combater a DIL
No final de março de 2020, a LONGi adquiriu licença para usar a tecnologia de dopagem do silício com gálio da japonesa Shin-Etsu Chemical. Os wafers de silício dopados com gálio apresentam melhor desempenho em relação à degradação induzida pela luz (DIL), em comparação com os dopados com boro. [A DIL, que degrada o desempenho dos módulos desde as primeiras horas de exposição ao sol, é causada por traços de oxigênio incluídos no silício durante o processo de obtenção de cristais. Devido ao efeito da exposição à luz, esses dímeros de O2 com carga positiva podem criar complexos boro-oxigênio que capturam elétrons e buracos, os quais ficam, assim, indisponíveis para o efeito FV.] Com base na tecnologia de dopagem com gálio, portanto, a LONGi oferece os novos módulos com geração mais estável de energia a longo prazo, garantindo potência de 98% no primeiro ano e taxa de degradação linear anual máxima de 0,45%. “Embora as pastilhas de silício dopadas com gálio sejam mais caras, a LONGi compensou isso com avanços na tecnologia e escala de produção”, afirmou a empresa na nota.
Solda inteligente - A LONGi adota uma tecnologia de solda proprietária para a interconexão das células da série Hi-MO 5, na qual utiliza fitas de solda segmentadas integradas que, segundo a empresa, maximizam a captura de luz e conectam as células com um gap (intervalo) menor, o que aumenta a eficiência de conversão do módulo em 0,3%. O método de soldagem também reduz o estresse tênsil da célula, aumentando a confiabilidade, de acordo com a LONGi.
A empresa planeja iniciar a produção em grande escala de nova série (com capacidade produtiva de 12 GW) em setembro próximo, quando também deve concluir os processos de certificação IEC/UL. O Marketing Manager da LONGi para a América Latina, Rafael Normanton, disse à FotoVolt que os módulos Hi-MO 5 já são ofertados no mercado brasileiro para projetos de utility scale e que pelo menos um fornecimento já foi assinado, para uma planta da Solatio Energia que deverá estar concluída até o final deste ano. Em março, as duas empresas haviam assinado um acordo de parceria para o fornecimento no Brasil de 908 MW de módulos da linha anterior, a Hi-MO 4. De acordo com Normaton, alguns desses projetos já deverão usar os novos módulos.
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