A proposta de revisão da norma ABNT NBR 5410 – Instalações elétricas de baixa tensão aumenta de 10 para 21 as figuras (desenhos) ilustrativos de esquemas de aterramento, com a inclusão de esquemas para instalações de corrente contínua. A atual versão da norma, publicada em 2004, traz 10 figuras de esquemas de aterramento (TN, TN-C, TN-S, TT, IT, TN-S e outros), todos em corrente alternada. “Hoje a corrente contínua virou tão comum quanto a corrente alternada nas instalações, por causa dos sistemas fotovoltaicos e também dos veículos elétricos, para cujas instalações de carregamento já há também uma norma brasileira. Então está mais do que na hora de incluirmos na NBR 5410 os esquemas de aterramento para corrente contínua”, disse nesta terça (29/9), na abertura do congresso Eletrotec+EM Power South America, o engenheiro Hilton Moreno, membro da comissão de revisão e do grupo de trabalho editorial da norma. O congresso acontece em São Paulo, SP, em conjunto com a Intersolar South America e outros eventos paralelos de energia renovável.
Os novos desenhos ilustrativos de esquemas de aterramento em c.c. serão espelhos dos esquemas do aterramento em c.a.: TN em corrente contínua, TT em corrente contínua, IT em corrente contínua e assim por diante. Além disso, a revisão incluiu uma ilustração adicional, mostrando como realizar o aterramento de instalações que contam com duas fontes de alimentação. “Hoje é muito comum haver numa instalação a fonte normal, da concessionária, e um sistema fotovoltaico. Evidentemente as duas fontes compartilham o mesmo eletrodo de aterramento, mas como se interliga tudo isso? A nova norma trará então uma figura que mostra exatamente como fazer o aterramento nesse caso.”
Segundo Hilton, o texto proposto pela comissão deve entrar em consulta pública em cerca de duas semanas. Ele anunciou ainda, como a grande novidade dessa proposta, a inclusão da recomendação do uso do dispositivo AFDD - Arc Fault Detection Device (dispositivo de detecção da faltas a arco). Muito utilizado há anos nos EUA e na Europa, o AFDD interrompe circuitos de iluminação ou de força ao detectar um arco em série ou em paralelo, em situações que não são interrompidas nem por disjuntor, por não ser uma sobrecarga, nem por dispositivo DR, por não se tratar de uma fuga para a terra. Um exemplo típico é de mau contato nos terminais de uma tomada, uma conexão frouxa provocando um pequeno arco permanente que, ao cabo de algum tempo, deteriora o material e pode iniciar um incêndio. Outro exemplo, agora de um pequeno arco em paralelo, pode ocorrer entre dois condutores com isolação danificada, configurando um curto de muito baixa intensidade, não detectável pelo disjuntor. “O AFDD nasceu nos Estados Unidos, onde estatísticas mostraram que grande parte dos incêndios se originam em tomadas com mau contato em dormitórios, daí a primeira exigência da norma norte-americana ser de instalação em circuitos de tomadas de dormitórios”, informou o engenheiro. A recomendação da nova NBR 5410 será de usar o dispositivo em circuitos de dormitórios, como nos EUA, mas também em instalações como locais de manuseio e/ou armazenamento de materiais combustíveis, por exemplo.
Moreno disse também que a proposta prevê um prazo de seis meses para a entrada em vigor da recomendação, tempo suficiente para que os fornecedores tragam o produto para o mercado nacional. Ele também prevê que o AFDD, a princípio introduzido como recomendação, deve ser tornado de uso obrigatório pela revisão da norma posterior à que está em andamento. “O caminho deve ser o mesmo adotado para o dispositivo DR na norma de 1990 e os DPS (dispositivos de proteção contra surtos) na edição de 1997. Apareceram como recomendações mas foram tornados obrigatórios das revisões imediatamente seguintes”.
A palestra sobre as prováveis alterações na NBR 5410 fez parte de uma programação sobre a evolução da normalização técnica brasileira realizada no primeiro dia odo Eletrotec+EM Power, que incluíram ainda apresentações sobre aspectos normativos da queda de tensão na partida de motores (com Edson Bittar Henriques), a futura norma ABNT de arco elétrico (Claudio Sérgio Mardegan), ensaios de EPIs contra arcos elétricos (Márcio Bottaro), avanços tecnológicos nos inversores fotovoltaicos (Leandro Michels), normas de proteção contra descargas atmosféricas (Jobson Modena) e sistemas de captação ESE (José Claudio de Oliveira e Silva). O congresso prossegue nesta terça e quarta feiras com apresentação de 14 trabalhos técnicos sobre proteção contra raios, instalações fotovoltaicas e instalações elétricas de média e baixa tensão. O evento acontece no Expo Center Norte, em São Paulo. (https://www.empower-southamerica.com.br/home)
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