O nível de investimentos em tecnologias de transição energética, com base na substituição de combustíveis fósseis, não está sendo suficiente para o mundo cumprir a meta do Acordo de Paris de limitar o aquecimento global idealmente abaixo de 1,5º C e no máximo a 2º C até 2050. A conclusão é do relatório “Global Stocktake” (GST), da Organização das Nações Unidas (ONU), que alerta governos e empresas a elevarem entre três e seis vezes os investimentos em energias renováveis em relação ao patamar atual para corrigir o caminho ao net zero.
Pelos resultados do estudo, considerado a análise mais abrangente sobre o atual estágio do combate às mudanças climáticas, o ritmo insuficiente de ações de governos e empresas levará o mundo ficar entre 2,4º C e 2,6º C mais quente até meados deste século, na comparação com o século 19, quando se iniciou o aumento da emissão de gases poluentes dos combustíveis fósseis. No momento, o planeta está 1,2 ˚C acima do mesmo parâmetro comparativo.
Para os autores do GST, a situação demanda que nenhum novo projeto de energia seja executado com base em combustíveis fósseis. No caso específico do carvão, ainda a principal fonte de geração de energia elétrica no mundo e que respondeu em 2022 por 35,4% do total gerado, o relatório aponta que seu uso precisa ser eliminado em sete anos e todos os demais fósseis (gás natural e petróleo) substituídos gradualmente nas próximas duas décadas.
O GST foi elaborado a partir de processo de revisão acordado formalmente por quase 200 países. As consultas duraram dois anos e tiveram um nível de contribuições considerado elevado, superior ao dos relatórios do IPCC - Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática. Ao contrário dos estudos do IPCC, o GST vai além do consenso científico, incorporando também a visão de líderes empresariais, agricultores, comunidades indígenas, sociedade civil organizada e funcionários de governo. O relatório servirá de base para as discussões da próxima Cúpula do Clima da ONU, a COP28, que será realizada em Dubai, em dezembro.
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