Antes mesmo do início da isenção de impostos de importação de mais de 100 equipamentos solares, cujas listas de ex-tarifários das resoluções Camex 69 e 70 passaram a valer dia 1º de agosto, um amplo estudo da consultoria Greener sobre o mercado de geração distribuída identificou um aumento de 93% na importação de módulos fotovoltaicos no primeiro semestre de 2020 em comparação com o mesmo período do ano passado. Isso apesar de ter havido duas quedas consecutivas de importação na comparação dos últimos dois trimestres seguidos.

De acordo com o “Estudo Estratégico Geração Distribuída – Mercado Fotovoltaico”, que além do levantamento de dados oficiais consultou 2104 empresas integradoras entre 21 de maio e 30 de junho, no primeiro semestre de 2020 a importação dos módulos (para GD e usinas centralizadas) foi de 2,49 GW, contra 1,2 GW dos primeiros seis meses do ano passado. Em 2019 inteiro a importação foi de 4,13 GW (o ápice foi no último trimestre, com 1,7 GW). Para se ter uma ideia da força do produto importado, no primeiro semestre os módulos nacionais representaram apenas 4,4% do mercado e em todo o ano de 2019, 3%.

O estudo também apontou que, nos primeiros seis meses deste ano, entre 64 marcas de fabricantes globais de módulos presentes no mercado, as dez maiores ficaram com representatividade de 86% do total importado. As cinco primeiras foram: Canadian Solar, com 468 MWp; Trina Solar, com 454 MWp; Jinko, com 451 MWp; BYD, 325 MWp; e Risen, com 147 MWp.

Em inversores, o aumento de importação na comparação dos dois primeiros semestres foi ainda maior: de 128%, passando de 1079 MWp em 2019 para 2464 MWp neste ano. Houve identificação de mudança de perfil dos inversores, com aumento na faixa de potência 10 a 50 kW e diminuição dos com potência superior a 50 kW. A Fronius liderou as importações dos modelos até 10 kW, com 149 MW, seguida pela WEG, com 64 MW, que importa inversores de sua unidade na China. Nos modelos com potência entre 10,1 kW e 50 kW, há inversão na liderança, com WEG em primeiro lugar (201 MW) e Fronius em segundo, com 183 MW. Acima de 50 kW, a liderança é da Sungrow, com 193 MW.

Esse aumento nas importações, e por consequência na construção de usinas, reflete-se no volume de sistemas fotovoltaicos conectados à rede, já que segundo dados da Aneel divulgados no estudo as instalações de 2020 já correspondem a 30,6% do total de 3 GW de GD solar no Brasil registrado em julho. Há 252,7 mil instalações fotovoltaicas no País e 316,1 mil unidades consumidoras recebedoras de créditos.

Por meio da consulta aos integradores, o estudo concluiu que a crise sanitária afetou os negócios principalmente em abril e maio, por conta da menor disponibilidade de crédito para projetos de geração distribuída nos segmentos residencial e comercial. Dos entrevistados, 25% não efetuaram vendas no primeiro semestre, sendo que, destes, 29% iniciaram operação em 2020.

Outro ponto levantado foi a elevação cambial acima de 30%, que pressionou os custos de estoque dos distribuidores. Apesar disso, a redução dos preços dos módulos fotovoltaicos no mercado internacional, segundo o estudo, deve ajudar a atenuar os efeitos do câmbio. Vale ressaltar que não são consideradas no estudo as resoluções Camex 69 e 70, que zeraram as alíquotas de importação dos equipamentos solares a partir deste mês.

Mais informações em https://greener.greener.com.br/estudo-gd-1-sem-2020



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