Com o objetivo de acelerar a ampliação do uso de fontes renováveis na geração de energia na Amazônia Legal, a ABGD - Associação Brasileira de Geração Distribuída apresentou recentemente, em um encontro realizado com a imprensa em São Paulo, um panorama atual e sugestões para o futuro da transição energética na região. Um dos impulsionadores das mudanças é a realização da COP 30, em 2025, na cidade de Belém do Pará. Atualmente, diversas comunidades na Amazônia Legal dependem de combustíveis fósseis, sendo o sistema isolado (Sisol) da região Norte um grande consumidor de diesel. Segundo Aurelio de Andrade Souza, conselheiro e diretor de projetos especiais da ABGD, a estimativa é de que em 2024 o Sisol consuma 1,6 bilhão de litros de diesel, com projeção de despesas de R$ 11,95 bilhões, provenientes da CCC - Conta de Consumo de Combustíveis. “A COP é uma oportunidade de apresentarmos nosso portfólio de soluções e parcerias e de articulação política para alavancar negócios de forma sustentável”, disse.
Durante o evento, foram citadas diversas ações realizadas pela entidade na região Norte, como a capacitação e treinamento de técnicos e consumidores de energia no âmbito do projeto “Road Show ABGD Huawei Solar”, a produção do “Guia de Mobilidade Elétrica Fluvial para Amazônia Legal” lançado em evento no ano passado, e participações em eventos técnicos e diversas ações de articulação com o poder público e privado, ONGs, etc. para promoção de políticas públicas favoráveis para energia limpa e renovável.
De acordo com a entidade, a cidade de Belém do Pará necessitará de grandes investimentos nos setores de infraestrutura para receber a COP30, incluindo logística terrestre e fluvial, mobilidade sustentável, construção, acesso à energia limpa e renovável, gestão de resíduos, inclusão social, treinamento e formação de mão de obra, dentre outras ações. Para Souza, a realização dos projetos depende de articulação política. “A ABGD quer montar uma agenda com o governo do Estado para acelerar projetos sustentáveis, como instalação de SIGFIs [Sistema Individual de Geração de Energia Elétrica com Fonte Intermitente], hibridização de sistemas e construção de um barco escola, movido a energia solar, para treinamento e capacitação, entre outras iniciativas”. Segundo o conselheiro da ABGD, os recursos devem ser concedidos pelo governo federal, que projeta investir R$ 5 bilhões no estado que vai sediar a COP. “Mas não basta orçamento, é preciso desenvolver, chegar com boas ideias e fazer essa articulação”, conclui.
A associação acredita que o aumento da participação de fontes renováveis na matriz energética dos sistemas isolados e isolados remotos (off-grid) é uma tendência, embora, de acordo com Carlos Evangelista, presidente da ABGD, a substituição de fontes fósseis pelas renováveis encontre muita resistência por parte dos produtores de diesel. “Pode-se colocar um banco de baterias junto ao gerador a diesel, acopla-lo com energia solar e reduzir até 40% o consumo do diesel. Então, é uma forma de ampliar a geração distribuída renovável na Amazônia e reduzir as emissões”, disse Souza. Ainda segundo ele, a transição energética deve ser justa e inclusiva, incluindo as populações tradicionais da floresta que ocupam áreas estratégicas e ajudam na conservação do bioma da Amazônia.
Atualmente, o estado do Pará conta com quase 73 mil sistemas de geração distribuída instalados, totalizando 826,25 MWP de capacidade instalada e investimentos da ordem de R$ 3,5 bilhões na última década. Dados apontam que há cerca de 1 milhão de pessoas sem acesso à energia moderna, vivendo em comunidades isoladas e remotas na região Norte, atendidas com pequenos grupos geradores movidos a diesel.
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