Pela primeira vez no mundo células solares de perovskita e de componentes orgânicos híbridos foram testadas, e com sucesso, em um voo de foguete no espaço. A experiência foi de uma equipe de pesquisadores da Universidade Técnica de Munique (TUM), da Alemanha, e do Centro Espacial Alemão (DLR).
A intenção dos pesquisadores é aproveitar na construção futura de satélites a alta eficiência dessas células, que fornecem até dez vezes mais eletricidade em comparação com as células convencionais de alto desempenho de silício, que alcançam no máximo 3 watts de eletricidade por grama. A viabilidade do novo material será fundamental para reduzir drasticamente o peso dos satélites, já que os atuais sistemas solares empregados no espaço são considerados pesados.
Dois tipos diferentes de células solares orgânicas e de perovskita foram testadas em voo de pesquisa do programa Mapheus 8, a partir de lançamento em Kiruna, Suécia, de um foguete que atingiu uma altura de quase 240 quilômetros (veja ilustração). O teste permitiu implementar experimentos rapidamente em ambiente de gravidade zero. A pesquisa foi implementada em menos de um ano.
As medições elétricas durante o voo e a avaliação após a recuperação do foguete mostraram que as células podem atingir seu potencial de desempenho na altura da órbita. Os pesquisadores consideraram as medições obtidas de grande valor científico. Além disso, as células também provaram gerar energia sob incidência difusa de luz. Mesmo afastadas da luz do sol, e tendo recebido apenas iluminação esparsa durante seu trajeto na Terra, as células mesmo assim ainda forneciam eletricidade.
Com espessura muito mais fina do que as convencionais, as novas células podem também ser usadas em luz muito mais fraca, por exemplo em missões ao sistema solar externo, em que o sol é muito fraco para as células espaciais.
Para os pesquisadores, as descobertas do experimento terão efeito sobre a difusão da tecnologia para várias outras aplicações, em todos os setores, não só para uso espacial. Além de demonstrarem alta eficiência de geração, as células são produzidas sob temperatura ambiente, ao contrário das de silício, cujo processo demanda temperatura elevada e rotas de produção muito elaboradas.
A perovskita é uma estrutura cristalina que representa uma classe de materiais. As que têm propriedades fotovoltaicas são compostas por cátion orgânico, um inorgânico (chumbo ou estanho) e um halogênio, que pode ser cloro, iodo ou bromo.
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