No contexto da transição energética, o sistema elétrico brasileiro enfrenta novos desafios, como maior variabilidade e menor previsibilidade na geração e carga. A expansão da geração renovável variável requer novas soluções para atender a requisitos que antes eram supridos por usinas hidrelétricas e térmicas. Dentre as soluções em análise, os sistemas de armazenamento por baterias têm sido alvo de estudos por parte da EPE – Empresa de Pesquisa Energética como uma alternativa promissora.

Diversas aplicações desses sistemas têm sido avaliadas, como atendimento a picos de consumo, redução da injeção de excedentes de geração das unidades consumidoras, assim como diminuição da demanda dessas unidades. Além disso, as baterias podem ser associadas às unidades geradoras para evitar interrupções forçadas, conhecidas como constrained off. Os sistemas de armazenamento também podem ser uma alternativa para postergar investimentos na rede e para atender a sistemas isolados, além de oferecer suporte em serviços ancilares.

Thaís Pacheco, consultora técnica da EPE, destacou no congresso ees, de armazenamento de energia,  que um dos principais obstáculos para a adoção de sistemas de armazenamento por baterias como alternativa às soluções convencionais de transmissão é sua capacidade limitada de descarga, que atualmente tem duração média de cerca de 4 horas. “Os custos dessas soluções ainda não são competitivos em comparação com alternativas tradicionais, como linhas de transmissão, especialmente quando se exige uma capacidade de descarga de longa duração e alta potência”. No entanto, ela observa que o uso de baterias é economicamente viável em situações específicas, como no atendimento a picos de carga de curta duração e em locais onde a construção de linhas de transmissão enfrenta complexidades ambientais, assim como em redes com altas incidências de falhas, que precisam de intervenções recorrentes.

Outro desafio para a adoção das baterias é a remuneração insuficiente pelos serviços ancilares que elas podem prestar, o que exige um "empilhamento de recursos" para garantir a viabilidade econômica, segundo a consultora. “Para que essas baterias se tornem viáveis, elas precisariam fornecer múltiplos serviços e gerar diversas fontes de receita”. Ela também menciona que entraves regulatórios precisam ser superados para ampliar o uso das baterias.

A consultora aponta que a falta de dados confiáveis sobre os custos atuais e futuros das baterias, bem como a fragilidade das metodologias de avaliação de seus benefícios, são obstáculos para sua inclusão nos planos de transmissão de energia. "Precisamos de referências concretas de custo para tomar decisões mais assertivas sobre o uso desses equipamentos como soluções de transmissão".

Para enfrentar esses desafios, a EPE está trabalhando em parceria com o mercado e instituições de pesquisa para obter dados mais precisos e desenvolver metodologias que valorizem corretamente os benefícios das baterias. Projeções indicam que os custos das baterias podem cair até 30% até 2034, o que facilitaria sua inclusão no sistema de transmissão.

Pacheco salienta ainda a importância da correta alocação dos custos de instalação dos sistemas de baterias. “Não podemos repassar às tarifas de transmissão custos decorrentes de outros problemas ou soluções. Então é muito importante uma regulação específica, que traga essa coerência, e também maior competitividade para a inclusão desses sistemas”, conclui.

 



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