O aumento da participação das energias renováveis, especialmente solar e eólica, na matriz energética brasileira tem apresentado novos desafios ao setor elétrico. Segundo Sérgio Jacobsen, CEO da Micropower Energia, dados do ONS - Operador Nacional do Sistema Elétrico, no Plano Anual de Revisão do Planejamento Energético de Longo Prazo (PAR/PEL 2023 – Ciclo 2024-2028), indicam que o crescimento das fontes renováveis está modificando significativamente a curva da demanda líquida. Entre 2019 e 2023, foi registrada uma queda de 13 GW na geração solar durante o pico, e a projeção para 2028 é de uma redução de até 21 GW. "Essa rampa se torna cada vez mais crítica e complexa de resolver", destacou o CEO durante sua apresentação no congresso Intersolar South America, em 28 de agosto.

Outro grande desafio é o constraint off. De acordo com o PAR/PEL, a quantidade de energia vertida pode atingir 50 GW até 2028, considerando as usinas em operação e os Contratos de Uso do Sistema de Transmissão (CUST) assinados. Jacobsen ressalta que esses são problemas relevantes e de curto prazo, e que, para evitar tamanho desperdício de energia e o acionamento das usinas térmicas nos momentos de maior demanda, é necessário proporcionar maior flexibilidade ao sistema elétrico.

Com base na Nota Técnica 050/2023 da EPE - Empresa de Pesquisa Energética, que aponta que a duração máxima diária das necessidades de capacidade é de 4 horas no horizonte de 2026 a 2036, com previsão de redução para 3 horas a partir de 2029, Jacobsen defende que a flexibilidade de capacidade do SIN - Sistema Interligado Nacional pode ser atendida por baterias. “Não vale a pena construir uma nova linha ou acionar uma usina térmica por 20 horas ou uma semana para cobrir essas pequenas demandas. Precisamos de soluções que ofereçam flexibilidade”, argumenta.

Jacobsen destaca que esses desafios devem ser enfrentados com agilidade, utilizando tecnologias maduras que prestem serviços ancilares, como as baterias. “Precisamos equilibrar a geração fotovoltaica, responder às rampas de carga, reduzir a sobrecarga da transmissão e distribuição, controlar a frequência, oferecer suporte reativo, entre outros serviços”, explica. Segundo ele, as baterias oferecem flexibilidade com atuação instantânea e autonomia, além de não emitirem carbono durante a operação.

Ele também ressaltou a importância de incentivar o uso de baterias por meio de políticas como a redução de impostos, o que diminuiria o Capex e tornaria esses projetos mais viáveis. “A redução do custo das baterias viabilizará ainda mais o uso das energias renováveis”, acrescenta. Além disso, segundo ele, há uma expectativa de que as baterias sejam incluídas nos leilões de reserva de capacidade, representando uma nova oportunidade para a expansão do mercado de armazenamento de energia no Brasil.



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