Apesar de pressionada pelo domínio global chinês, a  cadeia produtiva nacional de equipamentos solares fotovoltaicos passou a receber um pouco mais de atenção para se desenvolver nos últimos anos, a começar pelas ações da nova política nacional de neoindustrialização verde.

Além da extinção de ex-tarifários para vários módulos chineses, a inclusão de regras de conteúdo nacional nos projetos solares do Minha Casa Minha Vida e para compras governamentais dentro do CIIA-PAC (Comissão Interministerial de Inovações e Aquisições do Novo PAC] deve ser outros motivadores.

Para o vice-presidente de cadeia produtiva da Absolar, Nelson Falcão, que participou nesta quinta (29) do congresso Intersolar 2024 para debater o tema, porém, o caminho mais correto para o desenvolvimento da cadeia local é o segundo citado, ou seja, o estabelecimento de mecanismos que incentivem novos negócios para a indústria local, caso das compras pelos programas governamentais. 

“São opções interessantes para ajudar a desenvolver a indústria local. Se a indústria local atender esse segmento com boa qualidade, com preços interessantes, ótimo, isso vai ajudar realmente”, disse à FotoVolt.

Já o incentivo pelo que o dirigente chama de protecionismo artificial, por outro lado, a extinção de ex-tarifários para módulos chineses, ele considera contraproducente. “Somos agnósticos nessa questão, se é melhor o produto importado ou o nacional, mas o protecionismo artificial não vai fazer com que a indústria se desenvolva. A fabricação de módulos tem sua complexidade. Parece ser uma questão relativamente simples, mas não é. São 30 ensaios exigidos,  várias normas que precisam ser atendidas para se fazer um módulo de qualidade”, explicou.

Segundo Falcão, a suspensão dos ex-tarifários pelo governo, apesar de haver uma cota anual de compras externas isentas de impostos de importação até 2027, afetou alguns investimentos no início do ano. De acordo com ele,  também executivo da fornecedora de rastreadores Nextracker, são projetos de grande porte, que ele não pode revelar por questão de confidencialidade.

“Lógico que também não ficaram inviáveis (os projetos) apenas por causa do ex-tarifário, tem toda uma conjunção de fatores agregada, como preço de energia, questões de logística e outras em paralelo”, pondera. “Mas isso teve peso importante no planejamento de longo prazo”, diz.

Para ele, o caminho da taxação de importados (o imposto de importação é de 9,6%) pode afetar também o setor solar fotovoltaico nacional a se desenvolver.  Na sua avaliação, com exceção do segmento de estruturas, o Brasil teria dificuldade para atender o mercado local. “Não importa se é importado ou nacional, o ponto importante é que a indústria solar precisa ter fontes de fornecimento confiáveis e de qualidade”, disse.

Em sua apresentação no congresso, Falcão chamou a atenção para o fato de o Brasil ter vantagem competitiva na fabricação de componentes fotovoltaicos em razão das menores emissões de CO2. Isso significaria, com base em dados da Agência Internacional de Energia, que ao fabricar esses componentes no País a indústria emitirá de 40% a 80% menos CO2 do que na Ásia, que hoje domina o mercado.

“Se os compradores levarem isso em conta, podem até comprar um módulo mais caro (brasileiro) com uma pegada de carbono mais baixa. Mas isso é algo que cada um dos diferentes compradores vai ter que fazer a análise deles”, disse.



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