Uma alternativa sustentável e acessível para descarbonizar o transporte fluvial na região amazônica foi apresentada nesta terça-feira, 17, em Belém, no Pará. Trata-se do Poraquê, um catamarã movido a energia solar fotovoltaica, resultado de um projeto da Norte Energia, concessionária da Usina Hidrelétrica Belo Monte, em parceria com a Universidade Federal do Pará (UFPA). O nome Poraquê é uma alusão ao peixe elétrico característico dos rios amazônicos.

Hoje, na Amazônia, o principal meio de transporte são os barcos movidos a combustíveis fósseis, como diesel, que além de emitirem toneladas de CO₂ para a atmosfera comprometem boa parte da renda das famílias pelo alto custo.

Em nota, o vice-reitor da UFPA, Gilmar Pereira da Silva, diz esperar que o projeto “estimule o desenvolvimento de novos veículos, e que em pouco tempo de 10% a 20% dos barcos da nossa região passem a ser movidos por energia limpa”.

A viagem inaugural do Poraquê ocorreu nas águas do Rio Guamá, que banha o campus da UFPA, e reuniu professores e estudantes. O barco integra o Sima (Sistema Inteligente Multimodal da Amazônia), composto por dois ônibus elétricos que já circulam no campus. Juntos, os dois modais transportarão 2 mil pessoas por dia e a previsão é que evitem a emissão de 161 toneladas de CO₂ por ano, o que equivale a 30 carros populares circulando nesse período. Somente o catamarã vai impedir a emissão anual de 100 toneladas de gases de efeito estufa.

O barco usa dois motores elétricos de 12 kW cada (correspondente a um motor de combustão de 20 hp), três conjuntos de baterias com capacidade para armazenar 47 kW e 22 módulos fotovoltaicos instalados na cobertura. A autonomia é de 8h, e um posto de recarga instalado no píer do campus utilizará energia elétrica produzida pelas duas miniusinas construídas na universidade. A embarcação possui 12 m de comprimento, 6 m de largura e 72 cm de calado. O projeto estrutural do casco, em alumínio naval, precisou considerar o peso do barco (7 toneladas) incluindo as baterias (uma tonelada) e motores elétricos, além de sua aplicabilidade aos rios amazônicos.

O estudo para desenvolver o Sima começou em 2019, envolveu cerca de 30 pesquisadores, professores e alunos da UFPA e faz parte de um projeto de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PDI) da Norte Energia, regulado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

O responsável por liderar o projeto pela universidade, professor Emannuel Loureiro, diretor da Faculdade de Engenharia Naval da UFPA, ressalta as dificuldades para construir o Poraquê. “O maior desafio foi encontrar tecnologias disponíveis no mercado que conversassem entre si e atendessem a algumas premissas, como peso da embarcação, autonomia, velocidade e capacidade de transporte. O barco conta também com centro de comando para o gerenciamento da energia fornecida pelas baterias e pelo sistema fotovoltaico aos motores elétricos, conforme a potência demandada para a locomoção da embarcação”, explica.

O Poraquê tem capacidade para transportar 25 pessoas, sendo 23 passageiros e dois tripulantes, e a expectativa é de que atenda mil passageiros por dia, entre estudantes, funcionários da universidade e pessoas que utilizam os serviços da instituição. A previsão é que navegue por 750 metros do Rio Guamá, em um percurso com três paradas: no edifício Mirante do Rio, nos restaurantes universitários e no setor de saúde da UFPA. A travessia irá durar 15 minutos e, ao final do dia, o barco terá percorrido 40 km a uma velocidade média de 13 km/h.



Mais Notícias FOTOVOLT



Petrobras vai usar energia solar em projeto piloto de hidrogênio verde

UFV Alto do Rodrigues, no Rio Grande do Norte, vai ser ampliada para suprir energia para eletrolisador de 2 MW.

18/10/2024


Absolar Meeting Nordeste reunirá governadores para debater solar

Chefes de governo dos nove estados devem marcar presença no encontro que discute principais temas do setor na região e no Brasil.

18/10/2024


Solar, baterias e célula de combustível: a microrrede do Aeroporto JFK

A maior microrrede em aeroportos dos EUA terá capacidade total de 12 MW, sendo 6,6 MW apenas de módulos solares instalados em telhados.

18/10/2024