A inclusão de sistemas de armazenamento de energia no leilão de reserva de capacidade na forma de potência (LRCAP), previsto para junho de 2025 e que ficou em consulta pública pelo MME - Ministério de Minas e Energia até o fim de outubro, vai garantir segurança energética ao País, segundo análise sobre o LRCAP 2025 da consultoria CELA – Clean Energy Latin America.
Na avaliação da consultoria, ao contemplar as tecnologias de baterias no leilão, o SIN - Sistema Interligado Nacional vai ter mais estabilidade e robustez. “Ao permitir o armazenamento da energia renovável gerada em horários de menor demanda, teremos uma redução importante dos efeitos dos cortes recorrentes da geração solar e eólica, o chamado constrained-off (ou curtailment), além de aumentar a flexibilidade operativa do sistema”, disse a CEO da CELA, Camila Ramos.
Para ela, a inclusão dos sistemas vai viabilizar o uso de mais fontes intermitentes no longo prazo. “Ao mesmo tempo, acelera discussões técnico-regulatórias, impulsiona a inovação no setor e fomenta a digitalização do grid elétrico brasileiro”, disse. O leilão prevê a contratação de projetos de armazenamento com disponibilidade de potência mínima de 30 MW pelo equivalente a quatro horas de despacho contínuo por dia no sistema elétrico, com máximo de um ciclo de carga e descarga diárias, em horário definido pelo ONS.
Embora o edital ainda esteja em elaboração, depois de ter ficado em consulta, segundo a avaliação da CELA é esperado que a metodologia de escolha dos vencedores seja uma combinação entre o menor preço fixo ofertado e a capacidade remanescente do SIN para escoamento de geração no barramento do projeto.
Já no modelo de remuneração a tendência é que deverá ser determinada uma receita fixa mensal, corrigida pelo IPCA a cada 12 meses, com a possibilidade de receita adicional com serviços ancilares, desde que mantidos requisitos do leilão. O balanço de energia será liquidado no mercado de curto prazo (MCP) e revertido para a Conta de Potência para Reserva de Capacidade (CONCAP). No volume do contrato, o vendedor não estará exposto ao risco de preços.
“Na prática, o leilão oferece um modelo com risco-retorno atrativo”, explica Camila. Segundo ela, além de um modelo de receita fixa indexada à inflação e sem exposição ao risco de preços, o certame estabelece prazo de quatro anos para execução dos projetos. Dessa forma, os vencedores poderão optar por arbitrar o melhor momento para compra dos sistemas, especulando uma queda adicional nos preços das baterias ou acelerando a implantação e antecipando a receita fixa, caso demonstrem benefícios técnicos e econômicos ao SIN com a antecipação. “Se mantida desta forma, essa combinação de fatores pode gerar retornos acima da média”, complementa.
Segundo estudo da CELA, o mercado brasileiro de sistemas de armazenamento energético deve atingir um crescimento de 12,8% ao ano até 2040, com um incremento de até 7,2 GW de capacidade instalada no período. Pelas projeções da consultoria, o uso de baterias na infraestrutura de geração, transmissão e distribuição de energia pode movimentar mais de US$ 12,5 bilhões anuais, considerando as regulamentações atuais do país. Com incentivos, porém, a expectativa da CELA é que a capacidade suba 18,2 GW até 2040.
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