Por Vinicius Callegari*

 

Não é novidade que o Brasil possui um terreno sólido de riquezas no campo siderúrgico e com forte inserção no mercado internacional, o que fomenta o desenvolvimento econômico brasileiro. Atualmente, as principais atividades que contribuem para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) são a agropecuária, responsável por cerca de 10%; o setor industrial, que representa 25%; e o setor terciário, que engloba comércio e serviços.

 

Apesar do momento conturbado do País, a indústria siderúrgica tem sido responsável por manter a economia em andamento, contribuir com a geração de empregos, câmbio, investimentos, importação e exportação. De acordo com os dados divulgados pelo Instituto Aço Brasil, a estimativa da produção em 2020 reduziu dos 18,8% previstos em abril para 6,4% em relação ao mesmo período do ano anterior. Porém, com a retomada da economia, houve uma grande melhora e a demanda do aço já é a mesma de janeiro de 2020 (63%), ou seja, uma capacidade instalada total de 51,5 milhões de toneladas.

 

O fato é que o mercado siderúrgico é um importante fornecedor de insumos para diversos outros setores da indústria de transformação, bem como para a construção civil, representada por grandes empresas verticalizadas em diversas fases do processo produtivo. Mas, por se tratar de uma indústria intensiva em capital, necessita ainda de investimentos em ativos, que destinados a projetos de maturação implicam em elevado aporte de recursos.

 

Em contrapartida, essas companhias possuem uma forte inserção internacional, o que nos deixa sempre um passo à frente de outros países. Aqui no Brasil, as siderúrgicas possuem uma logística favorável, tendo em vista que a maior parte das nossas indústrias está concentrada próxima aos portos de embarque e às minas de minério de ferro, o que oferece acessibilidade na exportação. Além disso, o custo da nossa mão de obra é relativamente baixo e o nosso minério tem alto teor de ferro e possui um menor custo, o que beneficia a cadeia como um todo.

 

Em paralelo, percebemos que, aos poucos, as indústrias têm cedido às tecnologias e isso tem favorecido, e muito, o setor. É possível encontrar uma gama de soluções inovadoras que auxiliam a ter processos automatizados, ágeis e eficientes, e que ao mesmo tempo beneficiam o gerenciamento e a produtividade interna, aumentando assim a competitividade. Esse investimento, mesmo que de forma tímida, tem sido primordial, porém esse caminho deve ser o meio e não o fim. Isso porque qualquer tecnologia que provê o seu retorno sobre o investimento (ROI) é vista como potencial de aquisição pela indústria.

 

A área de logística interna, por exemplo, tem ganhado bastante com esse movimento por meio das soluções IOT+ SaaS (Internet of Things + Software as a Service), conseguindo grandes resultados na coleta e no processamento de informações importantes para a produtividade. E isso tem sido determinante na tomada de decisões, principalmente em tempos de distanciamento social em que a equipe no campo é menor, mas as máquinas não param e continuam trabalhando intensamente.

 

Mesmo com o câmbio favorável, a burocracia e a complexidade fiscal/tributária fazem com que os produtos brasileiros tenham dificuldades em competir internacionalmente. Mas o que tranquiliza a nossa economia é que um dos principais setores do País já está produzindo como antes. A projeção de crescimento para diminuir a capacidade ociosa continua e já é possível ver novos tempos para a indústria, sobretudo para a exportação e em investimentos em tecnologias 4.0 para que o aumento da produtividade acompanhe a provável retomada econômica.

 

*Vinicius Callegari é CCO e Head de desenvolvimento comercial da GaussFleet, plataforma de gestão de máquinas móveis para mineradoras e siderúrgicas.

 

Imagem: Pixabay



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