Com a retomada das atividades econômicas no pós-pandemia, o mundo todo está exigindo além da sua capacidade de produzir insumos. E isso se tornou crítico no setor de aços, comprometendo o desempenho das empresas que dependem dele como matéria-prima.
Buscando alternativas, a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) tem promovido reuniões virtuais entre seus associados e fornecedores de metais ferrosos e não-ferrosos para tratar da concorrência na importação dos insumos. Já participaram das reuniões empresas ligadas à importação de metais como a Baosteel, as tradings Comexport e Duferco, além do Grupo Maurano,
A ideia dos encontros é permitir que as empresas fabricantes de máquinas, equipamentos e outros bens de capital do País, se organizem para discutir um programa de importação de aço de forma a garantir a regularização do abastecimento da matéria-prima. “O objetivo é importar uma parcela do que se consome e, assim, completar o volume que é adquirido no Brasil. Estamos na busca da livre concorrência, com mais opções devido ao grande aumento de custos no mercado.”, informou José Velloso, presidente executivo da instituição.
Produção brasileira aumenta
Dados do Instituto Aço Brasil dão conta de que a produção brasileira de aço bruto aumentou 24,0% no primeiro semestre de 2021 na comparação com os seis primeiros meses de 2020, enquanto as vendas internas cresceram 43,9% e o consumo aparente subiu 48,9% no mesmo período.
Para priorizar o mercado interno, as exportações diminuíram 13,7% e as importações aumentaram 140,6%. Os números positivos do primeiro semestre do ano e a perspectiva de que a demanda permanecerá aquecida ao longo do segundo semestre levaram o Instituto Aço Brasil a rever suas projeções para 2021: há expectativa de que em 2021 a produção de aço bruto cresça 14,0% (a estimativa anterior era de +11,3%), as vendas internas avancem 18,5% (diante da projeção de +12,9%) e o consumo aparente aumente 24,1% (frente à estimativa de +15,0%).
O cenário atual é bem diferente daquele de abril do ano passado, quando havia muitas incertezas de quais seriam os impactos sobre a economia devido à pandemia de Covid-19. Naquele momento, o setor do aço chegou a operar com 45,4% de sua capacidade instalada, com queda acentuada da demanda de todos os segmentos consumidores. Hoje, com a forte retomada dos pedidos de compra, o nível de utilização da capacidade instalada do setor é de 73,5%.
Recomposição de estoques e proteção contra volatilidade
De acordo com informações da instituição, a demanda atual pode ser explicada não só pela retomada dos setores consumidores, mas também pela recomposição de estoques e até mesmo pela formação de estoques defensivos de alguns segmentos que procuraram se proteger do cenário de volatilidade do mercado.
Est volatilidade foi provocada pelo movimento mundial de boom nos preços das commodities. Insumos e matérias primas, em especial minério de ferro e sucata, tiveram significativa elevação de preços, causando forte impacto nos custos de produção da indústria do aço em âmbito mundial. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) constatou que os preços do aço praticados nos mercados internos dos países são os mais elevados desde o ano 2000.
Um panorama da alta mundial dos aços laminados a frio da década de 70 até hoje pode ser visto no gráfico disponível no site de pesquisas econômicas norte-americano Federal Reserve Economic Data (Fred), reproduzido acima.
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Gráfico: Federal Reserve Economic Data (Fred)
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