Um relatório de 215 páginas, elaborado pela empresa norte-americana de pesquisas segmentadas para a indústria Markets and Markets, apontou que o mercado global de peças metálicas fabricadas a partir de chapas e pelos processos de conformação deverá crescer a uma taxa de 3,2% nos próximos anos, até alcançar, em 2025 a cifra de US $ 202,2 bilhões, com destaque para as peças fabricadas por estampagem, considerada a técnica de conformação mais econômica.
O mercado global de conformação de metal para o setor automotivo que foi considerado no estudo inclui os principais fornecedores do tipo Tier 1 e 2, como Magna, Benteler, Tower International, Aisin Seiki e Toyota Boshoku. Esses fornecedores têm unidades de fabricação espalhadas por vários países da Ásia-Pacífico, Europa, América do Norte, América do Sul, Oriente Médio e África.
Impacto da pandemia
Os players do segmento chegaram a reduzir seus índices de produção devido à demanda reduzida, gargalos da cadeia de abastecimento e para proteger a segurança de seus funcionários nos Estados Unidos, França, Alemanha, Itália e Espanha durante a pandemia Covid-19. Como resultado, a demanda por serviços de conformação de metais para automóveis diminuiu em 2020. Porém, os fabricantes já ajustam a produção para evitar gargalos e planejar de acordo com a demanda das OEMs. Estas, por sua vez, enfrentam a escassez global de semicondutores, que prejudica a continuidade de suas linhas de montagem.
No Brasil, o levantamento mensal da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), divulgado no mês de agosto, apontou pelo segundo mês consecutivo o recuo da produção de veículos.
A queda é atribuída às paralisações de algumas fábricas devido à falta de semicondutores, item que integra centenas de equipamentos eletrônicos dos veículos. Em julho, a produção total foi de 163,6 mil unidades, 2% a menos do que no mês de junho e 4,2% abaixo de julho de 2020. Foi o pior índice para um mês de julho desde 2003.
As dificuldades no ritmo de produção têm reflexos tanto nas vendas internas quanto nas exportações. O mês de julho teve 8 mil licenciamentos diários, pior média em 12 meses. O total de 175,5 mil unidades licenciadas representou queda de 3,8% em relação a junho. O recuo foi ainda mais dramático nas exportações, com 23,8 mil veículos enviados a outros países, volume 29,1% inferior ao do mês anterior.
"Há demanda interna e externa por um volume maior de veículos, mas infelizmente a falta de semicondutores e outros insumos tem impedido a indústria de produzir, apesar dos esforços logísticos empenhados pelas empresas", afirmou o Presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes. "Os estoques de 85 mil unidades nas fábricas e nas concessionárias são os menores das últimas duas décadas, o que comprova a gravidade da situação", acrescentou o dirigente, lembrando que não há previsão de normalização no fornecimento de semicondutores até meados de 2022.
Planos de fabricação incluem o alumínio
Enquanto aguarda o arrefecimento da crise dos semicondutores, no entanto, as OEMs planejam suas atividades considerando a nova realidade em termos de redução de peso e emissão de CO2 para os seus modelos. Aumentam, assim, o uso de materiais leves como alumínio e compostos, que reduzem o consumo de combustível, pois exigem menor consumo de energia durante a aceleração.
Projetos multimateriais, junto com uma combinação de aços de alta resistência, magnésio, compostos, alumínio e outros materiais, usam uma abordagem sistemática para combinar as melhores propriedades de cada um deles em um projeto de veículo leve e eficaz.
O método de conformação de metais mais amplamente adotado para os materiais leves competirá em custo, portanto, com as medidas e regulamentações de eficiência do trem de força (powertrain). Como o alumínio é um dos materiais leves preferidos na indústria automotiva, espera-se aumento da especificação de peças neste material, de acordo com o relatório da Markets and Markets.
O alumínio está substituindo rapidamente o aço em muitas aplicações automotivas, tais como carroceria e chassis. A taxa de utilização do material para aplicações de conformação é maior na Europa e na América do Norte, quando comparada com a da Ásia e Oceania.
O poder de compra do consumidor e os custos dos veículos são maiores em países como os Estados Unidos e a Alemanha, em comparação com as economias em desenvolvimento. Assim, nesses mercados, as montadoras estão aumentando o uso de materiais leves e caros, como o alumínio, o que ajuda a reduzir o peso geral do veículo, melhorando o seu desempenho e a eficiência do combustível.
Já a indústria automotiva nos Estados Unidos está se concentrando na redução de peso, substituindo alguns componentes metálicos por materiais compostos e plásticos. De acordo com o estudo, o uso de plásticos em veículos deve crescer entre 70% e 75% nos próximos cinco anos.
O aumento das vendas de veículos elétricos também deve impulsionar a demanda por materiais leves na construção de automóveis, mas como as peças estampadas permanecem as mesmas, acredita-se que o mercado de conformação de metal poderá aproveitar essa oportunidade.
Com a ajuda da automação, a eficiência do processo de conformação pode ser melhorada, embora possa inicialmente representar um custo adicional para os fabricantes, que pode inclusive ter de alterar sua configuração de produção de acordo com os requisitos das montadoras.
O estudo “Mercado de conformação de metais para automotivo por técnica” está disponível para download aqui.
Foto:Jenson (Shutterstock)
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