Por Adam Groseclose e Taylan Altan*


 

Publicado em Corte e Conformação de Metais, edição de maio de 2010.


 

Durante os últimos dois anos, prensas com 2.500 a 3.000 toneladas de capacidade foram desenvolvidas para conformar grandes painéis para aplicações automotivas. A Toyota e a Honda instalaram tais prensas de grande porte para a estampagem de componentes automotivos no Japão. Na Alemanha, a BMW instalou uma grande linha de prensas servoacionadas em sua planta situada na cidade de Dresden.


 

 

Capacidade

 

A figura 1 mostra a diferença entre a movimentação da prensa mecânica e a da servoacionada. Além da flexibilidade decorrente do controle da movimentação no deslizamento, as prensas servoacionadas oferecem consideráveis reduções do consumo de energia, especialmente nos modelos de alta capacidade.

 


 

Prensas servoacionadas são tema de estudo da área de corte e conformação de metais

Fig. 1 – As prensas servoacionadas oferecem a flexibilidade do movimento de deslizamento.



 

Nestes equipamentos, a potência do motor é maior do que nas prensas mecânicas com capacidade semelhante. Contudo, durante uma operação de estampagem (estampagem profunda, corte de blanques, cunhagem) a potência do servomotor é usada apenas quando a prensa está se movendo, uma vez que não há um volante em movimento contínuo, nem um mecanismo de embreagem/freio, como ocorre nas prensas mecânicas convencionais. Além disso, a energia da frenagem é transferida de volta para o sistema de potência durante a operação de frenagem dinâmica dos servomotores.



 

Também é possível instalar um sistema de armazenamento externo para compensar os picos de energia e reduzir a potência nominal demandada da rede local de energia elétrica, caso isso se justifique economicamente. Um exemplo desse armazenamento de energia é mostrado na figura 2.

 


 

Corte e conformação de metais para a fabricação de autopeças

Fig. 2 – A potência do motor principal pode ser atendida quase inteiramente pelo sistema de armazenamento de energia (4).


 

 

A energia da desaceleração é armazenada em um dispositivo externo e é usada quando a movimentação da prensa requer mais do que 235 hp para cada motor (dois motores, totalizando 470 hp). A energia armazenada – valor máximo de 470 hp – é usada quando são requeridos valores de pico de potência, de forma que a carga do sistema de fornecimento de energia elétrica mantém-se praticamente constante a aproximadamente 70 hp.



 

 

Comparações de produção

 

A melhor maneira de ilustrar a aplicação econômica das prensas servoacionadas modernas é fazer comparações sob condições reais de produção. Em um caso, uma prensa convencional de biela-manivela, de 1.100 toneladas, foi comparada com uma servoprensa com igual capacidade (2). A redução do tempo de ciclo e o aumento da produtividade, ao mesmo tempo em que foi mantida a velocidade de deslizamento durante o processo de deformação, podem ser vistos na figura 3.

 


 

Infográfico sobre estudo de corte e conformação de metais

Fig. 3 – Comparação das movimentações de deslizamento de uma prensa mecânica e de uma prensa servoacionada, ambas com capacidade de 1.100 toneladas, sob idênticas velocidades de deslizamento durante a conformação (Schuler-Weingarten).



 

A figura 4 ilustra a redução do tempo de ciclo resultante da redução do comprimento de curso da prensa servoacionada, ao mesmo tempo em que se manteve o mesmo perfil de velocidade de deslizamento durante a deformação. Neste caso, o acionamento da prensa encontra-se no módulo “pêndulo” – ou seja, em vez de fazer uma revolução total em uma direção, o eixo de acionamento roda para trás e para frente.


 

 

Fig. 4 – O tempo de ciclo é diminuído com a redução do comprimento do curso e a operação da servoprensa no modo de “pêndulo” (Schuler-Weingarten).


 

 

A vida do ferramental também pode ser prolongada com a diminuição da velocidade de impacto da ferramenta, ao mesmo tempo em que se reduz o tempo de ciclo (figura 5).


 

Fig. 5 – O tempo de ciclo e a velocidade de impacto são reduzidos quando se usa uma prensa servoacionada (Schuler-Weingarten).


 

 

As prensas servoacionadas podem economizar tempo e dinheiro por meio da redução do tempo de processo e do prolongamento da vida do ferramental. Apresentam um consumo de energia mais eficiente (em relação às prensas mecânicas) e têm ainda a capacidade de armazenar a energia regenerativa produzida durante as desacelerações do motor.

 

Esta é a primeira parte de uma série de dois artigos que trazem uma revisão das aplicações de grandes prensas servoacionadas usadas para a conformação de peças metálicas para automóveis. A segunda parte abordará novas tecnologias para servoprensas e almofadas de matrizes.



 

Referências

 

1) Osborn, J.; Stephan, P.: Servo Press Technology – Drive Design and Performance. Metalforming, ago. 2008, p. 18.

 

2) Bloom, T.: Servo-Drive Presses for the Next Generation Press Shop. Apresentação – Schuler-Weingarten A.G., p. 13.

 

3) Miyoshi, K.: Current Trends in Free Motion Presses. In: Proceedings from the 3rd Int. Seminar on Precision Forming; Japan Society for Technology of Plasticity (JSTP). Nagoya, Japão, mar. 2004.

 

4) Bloom, T.: Servo-Drive Presses.


 

 

*Este estudo foi preparado por Adam Groseclose, pesquisador graduado associado ao Centro para Conformação de Precisão (CPF) (www.cpforming.org), da Ohio State University (EUA), e por Taylan Altan (www.ercnsm.org), professor e diretor da instituição. Este artigo foi publicado originalmente na seção “R&D Updates” do periódico norte-americano Stamping Journal, edição de junho de 2009, e na edição de maio de 2010 da revista Corte e Conformação de Metais. Tradução e adaptação de Antonio Augusto Gorni. Reprodução autorizada.


 



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