MSc. Elias Augusto Soares, da redação.

Pesquisadores da University of Edinburgh – sediada no Reino Unido – desenvolveram um método alternativo para a obtenção de vanilina, que se dá por meio da ação de bactérias E. coli que convertem resíduos pós-consumo de poli(tereftalato de etileno) (PET) na principal substância da essência de baunilha.

 

A metodologia usada foi explicada por meio de um artigo publicado no Green Chemistry, um periódico da Royal Society of Chemistry, em que Joanna C. Sadler e Stephen Wallace relatam o sucesso na recuperação de garrafas PET do ambiente e seu recondicionamento, por meio de bactérias modificadas, via obtenção da vanilina, uma substância geralmente encontrada em plantas da família das orquidáceas que é utilizada como principal componente da essência de baunilha.

 

De acordo com a equipe, eles estudaram métodos de degradação enzimática do PET como mais uma alternativa para a reciclagem de um dos materiais plásticos mais abundantes no ambiente devido à má gestão de resíduos. No entanto, os exemplos já existentes se concentram no reaproveitamento dos monômeros resultantes para produção de PET novamente, ou de outros materiais de segunda geração, e não haviam encontrado exemplos de interface de degradação catalisada por enzimas com viés de “upcycling”.

 

Para este fim, hipotetizaram que o ácido tereftálico (AT) – do inglês terephthalic acid (TA) – derivado de resíduos de PET poderia ser revalorizado em um produto de valor agregado como é o caso da vanilina, por exemplo, por meio de uma via enzimática utilizando bactérias Escherichia coli modificadas em laboratório já observada por eles em outros estudos.

 

 

A vanilina é o componente primário do extrato de favas de baunilha e é responsável pelo sabor e aroma característicos. Consequentemente, é amplamente utilizada em diversas indústrias, sendo aplicada em produtos alimentícios, cosméticos, farmacêuticos, de limpeza, entre muitos outros. Além disso, segundo descrito no estudo de Sadler e Wallace, a demanda global por vanilina vem crescendo e está projetada para exceder 59.000 toneladas, com uma previsão de receita de US$ 734 milhões, até 2025.

 

Após a otimização do processo, os especialistas alcançaram uma conversão de 79% em vanilina a partir de AT, uma melhoria de 157 vezes em relação às condições iniciais. Parâmetros como temperatura, permeabilização celular e remoção do produto in situ foram fundamentais para maximizar os resultados e, finalmente, demonstrar a viabilidade da conversão de PET pós-consumo em vanilina via degradação de PET catalisada por enzimas.

 

Os pesquisadores dizem que a substância produzida é própria para consumo humano, mas ainda serão necessários mais testes experimentais para comprovação, conforme divulgado pela universidade. A publicação original pode ser acessada aqui.

(Foto: Royal Society of Chemistry; valeria_aksakova e Racool_studio, via Freepik)


 

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