A quebra das cadeias de suprimento que se verificou em decorrência da pandemia de Covid-19, seguida pela eclosão do conflito entre Rússia e Ucrânia potencializou o desenvolvimento do mercado de resinas recicladas em nível global, e no Brasil não foi diferente. É o que mostram algumas das conclusões da sondagem realizada junto aos recicladores para a atualização do guia da oferta de resinas plásticas recicladas da revista Plástico Industrial: 77% das empresas participantes do guia notaram aumento da procura por reciclados como resultado do gargalo logístico pós-pandemia e da guerra na Ucrânia.
Diante da ameaça de escassez de matéria-prima, era natural que a cadeia de transformação de plásticos se voltasse para as inúmeras possibilidades de economia e de reuso das resinas de origem pós-industrial e também pós-consumo, cujo reaproveitamento envolve intenso trabalho de coleta, descontaminação e triagem com a participação de terceiros. O fortalecimento desse mercado se nota pela intenção de compra de máquinas: 58% das participantes informaram ter planos de adquirir novos equipamentos no próximo ano.
No que se refere à origem do material utilizado pelas empresas recicladoras, foi apurado que a maior parte dele (56,4%) é oriunda de borras e aparas pós-industriais, enquanto 43,6% provêm de material pós-consumo. Este, por sua vez, é obtido de diferentes formas, sendo 37% provenientes de empresas de triagem e pré-processamento, 20,4% de cooperativa de catadores, 17,4% da coleta em parceria com estabelecimentos comerciais, 4,7% de sistemas de coleta ligados a iniciativas do poder público, 7,9% de sistemas de coleta ligados a organizações não-governamentais (ONGs) e 12,6% vêm de sistemas próprios de coleta de material.
O fato de uma pequena parte do material ter origem em programas associados a qualquer estímulo do poder público mostra o quanto o mercado se organizou de forma livre, em resposta às oportunidades geradas pelo reaproveitamento de materiais.
A pandemia de Covid-19 foi uma variável importante nos últimos tempos para o setor em termos de demanda, mas de acordo com os dados informados pelos recicladores, pouco mudou com relação à disponibilidade de materiais recicláveis pós-consumo: 53% das empresas pesquisadas informaram dispor de maior oferta de materiais devido ao aumento do consumo de itens recicláveis nas residências, enquanto os restantes 47% não notaram alterações significativas.
A preocupação com a qualidade do material oferecido ao mercado é um item importante, que passou a integrar o planejamento das empresas recicladoras. O levantamento apontou que 29% delas já possuem equipamentos que descontaminam a resina reciclada e a tornam adequada para uso em contato com alimentos e bebidas. Somado à disposição para a compra de novos equipamentos apontada anteriormente, este dado leva a crer que boas notícias virão dos recicladores em um futuro próximo.
Foto: Freepik
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