Um filme de polietileno de baixa densidade (PEBD) com espessura de 30 microns, carregado com 30% de dióxido de titânio (TiO2) apresentou características antivirais ao ser exposto aos raios ultravioleta.

 

O experimento foi realizado por pesquisadores da Queen’s University de Belfast (Irlanda do Norte), que utilizaram o dióxido de titânio como carga, tornando o polímero fotocataliticamente ativo. Depois de processado por extrusão, o filme foi exposto à radiação ultravioleta e testado quanto à atividade antiviral usando quatro vírus diferentes: duas cepas do vírus Influenza A (IAV) – WSN e um PR8 recombinante – , vírus da encefalomiocardite (EMCV) e o SARS-CoV-2 (SARS2), que provoca a Covid.

 

Os filmes receberam radiação UVA nas faixas de 352 nm, 1,5 mW/cm-2 e 0,25 mW/cm-2 para o vírus SARS2, ou sob a luz de uma lâmpada fluorescente branca fria (365 nm, 0,047 mW/cm-2).

 

Em todos os casos, os filmes exibiram atividade avaliada como inativação dos vírus, sendo que o SARS2 se mostrou particularmente propenso à inativação fotocatalítica, mesmo sob condições de baixa irradiação UV, como as encontradas em uma sala iluminada apenas com lâmpadas fluorescentes brancas.

 

Ao absorver a luz UV, o material produz espécies reativas ao oxigênio (ROS, de reactive oxygen species), as quais matam os vírus. De acordo com os cientistas envolvidos no projeto, a tecnologia usada para criar o filme também garante que ele seja degradável, ao contrário dos atuais filmes plásticos descartáveis que ele pode vir a substituir.

 

Representação esquemática da ação antiviral dos filmes desenvolvidos

 

“Até onde sabemos, este é o primeiro exemplo de um filme plástico fotocatalítico flexível, muito fino, produzido por um processo escalável (extrusão), para inativação de vírus”, escreveram os pesquisadores em artigo publicado no Journal of Photochemistry and Photobiology B: Biology.

 

Entre as aplicações mais indicadas para os filmes estão a confecção de itens para uso em ambiente hospitalar, tais como cortinas, aventais e revestimentos de macas e mesas. Neste caso, contribuiriam para uma redução significativa na transmissão de vírus em ambientes de saúde.

 

A pesquisa foi conduzida pelos professores Andrew Mills, Dr. Ri Han e Dr. Christopher O'Rourke na Escola de Química e Engenharia Química da Queen's University Belfast; e Dr. Connor Bamford e Dr. Jonathon D. Coey no Instituto Wellcome-Wolfson de Medicina Experimental na Escola de Medicina, Odontologia e Ciências Biomédicas da Queen's. O projeto teve financiamento do Conselho de Engenharia e Pesquisa Física, que faz parte da instituição UK Research and Innovation (Pesquisa e Inovação do Reino Unido).


 

Imagens: Queen's University





 

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