A Vértice Embalagens, com fábrica na cidade de Colombo, Região Metropolitana de Curitiba (PR), concluiu no mês de julho a entrega da sua primeira linha de embalagens para comércio eletrônico fabricadas a partir de resinas plásticas recicladas de origem pós-consumo (PCR).
Os envelopes de segurança, fabricados com polietileno de baixa densidade (PEBD) reciclado, serão utilizados para as entregas de mercadorias no e-commerce para alguns dos grandes marketplaces brasileiros e para marcas que buscam apresentar ações de sustentabilidade para os clientes. É a primeira aplicação de resinas plásticas recicladas que retornam à cadeia produtiva para fabricação de embalagens de segurança.
Qualidade assegurada
A primeira marca a usar os envelopes de segurança com plástico PCR foi a Amazon, que recebeu os primeiros lotes, em junho Na sequência, a novidade chegou para outras marcas como a Troc, de moda sustentável, e para a Marisa, de moda feminina. “Recebemos a demanda de clientes por embalagens em PCR, com apelo de economia circular, no fim de 2021. Fomos em busca de fornecedores, entendemos a cadeia de reciclagem do plástico e, depois de vários testes, conseguimos chegar em um envelope com 60% de PCR com as mesmas características daquele fabricado exclusivamente com a resina virgem. Obtivemos um produto com a mesma inviolabilidade, resistência, adaptação à cola, impermeabilidade, proteção contra luz e, principalmente, que oferece qualidade de impressão para personalização”, contou Adriano Greca, Diretor de Operações da Vértice (foto).
Metas de sutentabilidade
A entrada do PCR nas embalagens flexíveis de e-commerce é uma notícia aguardada há tempos no mercado, tendo em vista que as aplicações tradicionais para o material são as embalagens secundárias, tais como sacolas e sacos de lixo. As grandes marcas de comércio eletrônico buscam reduzir o impacto ambiental alinhadas com os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU). A Meta 12 - Consumo e Produção Sustentáveis – prevê a redução substancial, até 2030, da geração de resíduos por meio de ações que fomentem a economia circular, incluindo a prevenção, redução, reciclagem e reuso de resíduos. Usar os envelopes feitos com material reciclado é uma forma de fortalecer o cumprimento desta meta e atender políticas de sustentabilidade dessas marcas.
Estima-se que para cada tonelada de plástico reciclado 130 quilos de petróleo deixem ser extraídos. “Já colocamos no mercado em julho e agosto 37 toneladas de plástico PCR nos nossos envelopes. Fechamos contratos com grandes empresas que vendem on-line por ofertar uma opção de embalagem com foco na economia circular, mas com os mesmos atributos funcionais do plástico virgem”, resaltou Adriano Greca, que apresentou o caso da Vértice no seminário ‘Recy Plastech 2022’, que aconteceu em São Paulo no fim de agosto.
Crescimento de mercado
A expectativa da Vértice é produzir em escala ainda maior. Em comunicado de imprensa, ela informou que a empresa de tecnologia financeira FIS projeta que, até 2025, o mercado global de comércio eletrônico cresça 55,3%, atingindo mais de US$ 8 trilhões em transações. No Brasil, espera-se que o volume de vendas praticamente dobre (95%) e chegue a US$ 79 bilhões no período.
Já as estimativas do setor de embalagens plásticas, divulgadas no evento Recy Plastech, apontam que até 2025 sejam usadas mais de 10 milhões de toneladas de plásticos reciclados PCR para fabricação de embalagens, enquanto dados da Associação Brasileira da Indústria de Embalagens Plásticas Flexíveis (Abief), compilados pela consultoria Maxiquim, mostram que a expansão do PCR será grande nos próximos anos. Em 2021, somente 5% das 2,1 milhões de toneladas produzidas no país utilizavam plástico reciclado, ou seja, cerca de 105 mil toneladas apenas.
Ecossistema de reciclagem
A possibilidade de uso de resinas PCR em novas embalagens com a qualidade igual à da resina virgem pela Vértice Embalagens só foi possível devido ao amadurecimento do ecossistema de reciclagem em Curitiba e Região Metropolitana. A capital do Paraná incentiva a população a separar o lixo e faz a coleta seletiva desde o final da década de 80 do século passado. Desde então, o mercado amadurece continuamente para receber resíduos cada vez mais limpos, que resultem em polímeros reciclados mais úteis para a indústria.
A cidade mantém até hoje programas como o ‘Lixo que não é Lixo’ para recolher nas residências resíduos recicláveis separados pela população. O material é encaminhado, pelo programa ‘Eco Cidadão’, para 40 associações de catadores de material reciclável, que separam e comercializam os resíduos da coleta seletiva da cidade. Uma terceira ação, chamada de ‘Câmbio Verde’, realiza a troca de material reciclável por produtos hortifruti da época, adquiridos de pequenos produtores rurais.
“Visitamos fornecedores de PCR pelo Brasil, mas fomos encontrar as melhores resinas recicladas para a fabricação dos envelopes aqui mesmo na região de Curitiba. O amadurecimento de décadas deste mercado no Paraná, com a colaboração ativa das famílias, possibilita termos na indústria um polímero PCR de ótima qualidade. Nossa intenção é desenvolver ainda mais nossos fornecedores para conseguirmos aumentar o índice de PCR nos envelopes, sem perder propriedades funcionais”, afirmou Adriano Greca.
Dados do Cadastro Central de Empresas (CEMPRE) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que existem 276 empresas, que geram 5.297 empregos diretos, na indústria da reciclagem em Curitiba e mais oito municípios do entorno.
Fotos: Vértice
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