A Campo Limpo Plásticos acaba de lançar um novo produto fabricado com resinas recicladas provenientes da coleta de embalagens de defensivos agrícolas. São as chapas Ecologic Tex, destinadas a substituir as versões em fibra de madeira que são utilizadas no acondicionamento das embalagens de defensivos nos paletes, para distribuição.


As embalagens costumam sofrer danos no transporte, associados principalmente à perfuração, e a nova versão das chapas, com espessura de até 2,5 mm, é mais eficaz na sua proteção. Elas estão disponíveis no formato padrão para paletes do tipo PBR (1.000 x 1.200 mm).

 

O material usado na sua fabricação é 100% proveniente das embalagens de defensivos, coextrudadas e oriundas de processos de reciclagem, podendo inclusive ser termoformadas. Um modelo com as bordas dobradas está para ser lançado e vai contribuir para que, em caso de vazamento, o produto embalado não escorra e contamine outros níveis do conjunto armazenado.

 

Fechando o ciclo da gestão de resíduos no campo

 

A Campo Limpo é composta por três empresas: Campo Limpo Reciclagem e Transformação de Plásticos S.A., Campo Limpo Tampas e Campo Limpo Resinas. Com elas, fecha-se o ciclo de gestão das embalagens plásticas rígidas de defensivos agrícolas dentro da própria cadeia produtiva.

 

A Campo Limpo Reciclagem é a empresa do grupo que recicla as embalagens de defensivos agrícolas captadas por meio do Sistema Campo Limpo, gerido pelo Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (Inpev). Este, por sua vez, une os elos da cadeia de recuperação dessas embalagens, ou seja, agricultores, sistema de coleta, centrais de compactação, poder público e recicladores.

 

O sistema é um exemplo de sucesso na operação de logística reversa, como comenta o presidente da Campo Limpo, Marcelo Okamura: “Fomos os primeiros, não somente no Brasil, mas no mundo, a fabricar uma embalagem para agroquímicos produzida com resina pós-consumo de embalagens de defensivos agrícolas. Em 16 anos já reciclamos mais de 62 mil toneladas de embalagens vazias e triplamente lavadas”.

 

O percentual de devolução das embalagens usadas de defensivos está hoje em torno de 95%, garantindo a destinação correta dos resíduos. Apenas as embalagens flexíveis multicamadas, que não são passíveis de tríplice lavagem, seguem para incineração, mas o plano é que em um futuro próximo sejam incinerados apenas 2% do total de embalagens produzidas.

 

Ainda segundo Okamura, a partir da reciclagem das embalagens vazias devolvidas pelos agricultores ao Sistema Campo Limpo, é encerrado o ciclo da economia circular dentro do próprio setor. “Mais de 754 mil toneladas de embalagens vazias de defensivos agrícolas já foram retiradas do meio ambiente pelo Sistema Campo Limpo. Nossa missão é seguir sendo referência não somente em sustentabilidade, mas também na excelência dos nossos produtos”.

 

Ele explicou ainda que o uso dos materiais reciclados na fabricação de novas embalagens para defensivos representou uma quebra de paradigma nessa indústria, que é conservadora devido aos rigorosos requisitos de segurança visando mitigar a ameaça de migração dos produtos envasados e a contaminação cruzada. Um dos perigos é, por exemplo, uma embalagem para envasar herbicida conter resíduos de inseticida, que pode danificar as culturas.

A tecnologia desenvolvida pela Campo Limpo Reciclagem ao longo de seus 16 anos de atuação resultou em um banco de dados com resultados de milhares de análises comprovando que as embalagens fabricadas com reciclados são inócuas, o que confere credibilidade ao uso de resinas pós-consumo (PCR) nessa aplicação. “Nunca houve um problema de contaminação cruzada”, comentou Okamura.

 

As embalagens plásticas produzidas pela Campo Limpo para o envase de defensivos agrícolas contam com certificação internacional das Nações Unidas (grupo II, densidade 1,4 g/cm3) para o transporte terrestre e marítimo de produtos perigosos. O processo é proprietário e recebeu uma patente verde pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI).

 

A Campo Limpo possui hoje um complexo industrial com uma unidade produtiva em Taubaté (SP) – de onde saem resinas recicladas pós-consumo (PCR), tampas e embalagens sopradas – , e outra em Ribeirão Preto (SP), onde são produzidas embalagens sopradas. Ao todo são fabricadas em torno de 12 milhões de embalagens/ano. ”A iniciativa transformou a Campo Limpo em um exemplo emblemático de economia circular, colocando o Brasil como líder mundial nesse processo”, explicou o diretor de Operações da empresa, Rogério Fernandes.

 

Marcelo Okamura será um dos palestrantes do evento Recy-Plastech, com a apresentação do tema "Sistema Campo Limpo: unindo elos no agro para um futuro sustentável". Informações e inscrições no site do evento.

 

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Imagens: Campo Limpo


 


 

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