Adalberto Rezende, da redação.
Um programa de reciclagem de embalagens flexíveis para pet food, do qual participam a Dow, Nestlé Purina e Fundación Avina, já proporcionou a reciclagem de 35 toneladas de embalagens de ração seca.
Trata-se do “Projeto Pegada Limpa”, que promove a reinserção de plásticos pós-consumo reciclados (PCR) na cadeia produtiva e que atualmente conta com a colaboração de 10 cooperativas de reciclagem, envolvendo mais de 450 pessoas.
As ações envolvidas no programa, lançado em 2023, vão desde a capacitação de colaboradores que atuam em cooperativas de reciclagem, incluindo treinamento para a triagem de materiais, até a realização de eventos em espaços para pets, que visam à conscientização a respeito do descarte correto de embalagens de ração seca, entre outros tipos de embalagens.
Embalagens de pet food destinadas à reciclagem pelo Projeto Pegada Limpa, criado pela Dow. Imagem: Dow.
A reciclagem de embalagens flexíveis e os desafios do setor de plásticos reciclados foram assuntos comentados por Marcus Carvalho, líder de inovação e cadeia de valor para embalagens da Dow América Latina.
Em entrevista concedida à Plástico Industrial, o executivo, que também está à frente do Projeto Pegada Limpa – que teve início a partir de trabalhos conduzidos na Pack Estúdios, unidade de desenvolvimento, design e testes de embalagens da Dow –, disse que um dos principais desafios do programa é incentivar o consumidor de alimentos para cães e gatos a destinar corretamente as embalagens desses produtos ao final de sua vida útil.
Marcus Carvalho, que está à frente do programa de reciclagem. Imagem: Dow.
“Percebemos que muitas vezes, as embalagens de pet food não chegam às cooperativas de reciclagem. E devido a esse fator, as cooperativas não conseguem reciclar grandes volumes de embalagens, o que acaba dificultando as ações do programa. É muito importante fazer com que o consumidor compreenda a importância do descarte correto de embalagens. Além disso, é fundamental que as grandes marcas de produtos para pets engajem no desenvolvimento de embalagens com design que facilite a reciclagem”, comentou.
Conforme explicou Marcus, no Brasil, 90% dos resíduos de embalagens para pet food são destinados aos aterros. Visando mudar essa realidade, as partes atuantes no programa trabalham para que os materiais reciclados provenientes da reciclagem das embalagens sejam usados na fabricação de sacos para acondicionamento de ração seca. A matéria-prima está sendo usada na produção de embalagens secundárias.
O executivo também salientou a importância da realização de pesquisas sobre a reciclagem de embalagens flexíveis, e que fazem parte do trabalho que está sendo realizado, tendo em vista que, conforme ele disse, “uma embalagem de alimento para animais de estimação pode possuir, pelo menos, três materiais diferentes, dispostos em até sete camadas. Isso torna o trabalho de reciclá-la muito mais difícil, o que também reforça a necessidade de buscar alternativas que envolvam apenas um material para poder ser reciclado”.
Instituições de pesquisa e ensino são bem-vindas
O Projeto Pegada Limpa está aberto à participação de instituições de pesquisa e ensino que podem contribuir para o desenvolvimento de embalagens de pet food mais sustentáveis.
De acordo com Marcus, dentro do programa já foram realizados experimentos envolvendo o uso de plásticos reciclados provenientes de embalagens de ração seca na fabricação de outros produtos para pets, tais como potes para comida e água, além de casinhas.
Entretanto, esses trabalhos não avançaram devido a alguns desafios: “é difícil eliminar o odor de plásticos reciclados, que incomoda os bichinhos. Assim, fica difícil também usar plásticos reciclados na fabricação de potes porque os materiais terão contato com a comida, o que pode esbarrar em regulamentações estipuladas no Brasil”, comentou.
Plástico PCR proveniente de embalagens de ração seca. Imagem: Dow.
O contato com a Dow pode ser feito pelo seu site e com a Pack Estúdios nesta página. As oportunidades para o setor de transformação de plásticos virgens e reciclados na indústria de produtos para pets é tema de uma reportagem publicada na edição digital de abril de 2018 da Plástico Industrial, na página 30.
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