Jonathan Wedler, Mathias Schwankl e Carolin Körner
Data: 24/11/2016
Edição: FS Novembro 2016 - Ano - 27 No 287
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O alumínio se torno um importante material, contribuindo para isso a sua baixa densidade, alta resistência específica, rigidez, boa resistência à corrosão e excelente comportamento de conformação.
Mesmo assim, os requisitos aumentam constantemente, a exemplo dos componentes estruturais fundidos sob pressão para o setor automotivo, que devem ter grande superfície e satisfazer a requisitos rigorosos (alta resistência, elevada estabilidade dinâmica, boa soldabilidade e reservas de segurança no caso de colisões).
Nesse sentido, os compósitos oferecem um potencial muito grande.
A combinação de diferentes materiais em um único componente possibilita a obtenção de propriedades locais adaptadas à carga.
As propriedades mecânicas das ligas de alumínio de alta resistência, trabalhadas plasticamente, podem enriquecer significativamente a gama de propriedades dos componentes fundidos sob pressão, gerando liberdades de projeto maiores.
Um pré-requisito para a combinação ideal de diferentes materiais em um é a execução de ligações seguras e permanentes entre eles.
Além das uniões positiva e por fricção, na fundição sob pressão ainda é possível obter uma ligação intermetálica, que pode ser realizada por meio do vazamento (injeção) de um componente fundido ao redor de um inserto metálico.
Os testes de injeção foram realizados em uma instalação de fundição sob pressão com 458 t de força de fechamento, utilizando a liga de alumínio AlSi9Cu3(Fe).
Para os insertos, foram usadas as ligas de alumínio dos grupos 2XXX (EN AW-2017 A – AlCu4MgSi) e 5XXX (EN AW-5083 – AlMg4,5Mn0,7 e EN AW5754 – AlMg3).
O revestimento dos insertos das ligas de alumínio AlMg4,5Mn0,7 e AlMg3 foi efetuado com uma solução de 25% de Nical EA, enquanto o revestimento dos insertos da liga AlCu4MgSi foi feito com o concentrado puro de Nical EA.
Para os insertos das ligas AlCu4MgSi e AlMg3, foi utilizado o processo de aplicação de zincato duplo.
Na liga de alumínio AlMg4,5Mn0,7, foram alcançados resultados de revestimento satisfatórios com uma aplicação simples de zincato. Neste ponto, deve-se notar que os teores de zinco aplicados eram pequenos, pois a camada era muito fina (±500 nm).
Os insertos das ligas de alumínio trabalhadas plasticamente (AlCu4MgSi, AlMg4,5Mn0,7 e AlMg3) foram fabricados em chapas com dimensões de 100 × 30 × 1 mm.
Elas tinham dois furos, para o posicionamento exato dos insertos na ferramenta de fundição sob pressão. Com isso, foi possível colocar os insertos nos pinos de retenção, na meia-matriz fixa.
O posicionamento na ferramenta fechada foi realizado por metais expandidos, que foram soldados em cima das chapas.
Uma pequena sobremedida, em comparação com a espessura de parede da peça fundida, garante que as amostras sejam fixadas entre as metades da ferramenta.
O vazamento ao redor de todos os insertos foi efetuado com a ferramenta a 190°C. A espessura de parede das peças fundidas alcançou 4 mm.
Foram variadas as temperaturas de vazamento (680°C, 710°C e 740°C), assim como as velocidades do pistão de injeção (2, 3, 4 e 5 m/s).
A influência da quantidade de calor introduzida sobre a formação da ligação intermetálica foi analisada em função da variação dos parâmetros.
Para examinar a influência dos parâmetros de injeção sobre as propriedades mecânicas das amostras compósitas, foram realizados testes de cisalhamento sob pressão e de flexão de três pontos.
O teste de cisalhamento sob pressão serve para a determinação da força de adesão.
Para isso, foram extraídas amostras com dimensões de 20 × 8 mm, a partir de placas.
As medições foram realizadas em uma máquina de teste universal. O avanço do cabeçote transversal da máquina foi ajustado para 0,2 mm/min.
A tensão de cisalhamento foi determinada da seguinte maneira, considerando-se a força introduzida e a seção de cisalhamento:
A tensão máxima de cisalhamento (ts,máx) para os insertos das s,máx ligas AlMg4,5Mn0,7 e AlMg3 foi determinada a partir da força máxima Fmax. , através da área da seção transversal (A), depois de um curso de deslocamento de 1 mm do cabeçote transversal.
Para a determinação da força de adesão, foram medidas as forças máximas e o curso de deslocamento máximo do cabeçote transversal, que foram suportados pelos respectivos compósitos, fundidos com diferentes parâmetros.
O objetivo do revestimento dos insertos é proteger as superfícies contra a reoxidação.
A figura 1 mostra imagens dos insertos sem tratamento e revestidos (estado de fundição), feitas em um microscópio eletrônico de varredura.
É evidente que ocorre a formação de diferentes morfologias nas suas camadas. Esse comportamento pode ser atribuído aos potenciais de tensão da liga.
As ligas com elementos mais nobres, tais como o cobre, inibe a deposição de zinco. Por esse motivo, os cristais de zinco são produzidos a uma velocidade de crescimento menor e uma taxa de crescimento reduzida.
O manganês e o magnésio, por outro lado, favorecem a deposição de zinco sem corrente elétrica externa.
Assim, um tratamento simples com zincato, no caso de altos teores de magnésio, já é suficiente para produzir a camada de zinco necessária para a fundição sob pressão de compósitos.
Os testes de revestimento têm mostrado que uma adaptação específica das etapas de revestimento individuais para cada liga é essencial para produzir uma camada de zinco extensa e aderente nos insertos, principalmente em relação aos tempos de imersão.
A figura 2 mostra as tensões de cisalhamento determinadas para as amostras fundidas compósitas, com os insertos das ligas de alumínio AlCu4MgSi, AlMg4,5Mn0,7 e AlMg3. Foram utilizadas temperaturas de vazamento variadas (680°C, 710°C e 740°C).
Em todas as combinações, fica evidente que a temperatura de vazamento exerce pouca ou nenhuma influência sobre as tensões de cisalhamento determinadas.
Em relação aos resultados obtidos nas amostras das ligas de alumínio AlMg4,5 Mn0,7 e AlMg3, é necessário observar que a força introduzida através do pistão resulta em uma deformação plástica, com um curso de deslocamento do cabeçote transversal de 1 mm.
Portanto, não é possível chegar a uma afirmação absoluta sobre a resistência interfacial das amostras das ligas de alumínio AlMg4,5Mn0,7 e AlMg3.
Mesmo assim, a interface é capaz de suportar solicitações maiores do que o limite de escoamento do respectivo componente da chapa.
A figura 3 apresenta as amostras das ligas AlMg4,5Mn0,7 e AlCu4MgS, pouco antes do final do teste.
A amostra da liga AlMg4,5Mn0,7 apresentou uma deformação plástica claramente visível, em comparação com a outra.
Já a amostra da liga AlCu4MgSi revelou um grau de deformação plástica significativamente menor. Isso permite uma avaliação da resistência interfacial, pois as forças introduzidas agem sobre toda a interface. Neste caso, o material compósito alcançou tensões de cisalhamento de 67 MPa.
O pequeno aumento da resistência ao cisalhamento, com a temperatura de vazamento de 740°C, pode ser explicado com uma difusão levemente melhor na interface e pela ligação aprimorada resultante.
A figura 4 mostra os resultados dos testes da tensão de cisalhamento para as amostras da liga de alumínio AlCu4MgSi, com diferentes velocidades do pistão de injeção. A 2 m/s e 5 m/s, são alcançadas tensões de cisalhamento mais elevadas.
É possível calcular um tempo de enchimento da matriz em torno de 30 ms. Esse é o tempo de injeção ideal para a liga de alumínio AlCu9Si3, com espessura de parede mínima de 2 mm.
A geometria do componente fundido apresenta uma espessura de parede semelhante na região periférica, o que pode resultar na formação de uma área de reação mais uniforme. A causa disso é provavelmente um enchimento da cavidade mais calmo. Portanto, pode ser esperada uma ligação intermetálica homogênea em todo o inserto.
Com uma velocidade do pistão de injeção de 5 m/s, no entanto, o tempo de enchimento da matriz é mais curto e a perda de calor é menor, o que resulta em uma zona de reação maior. Isso explica as tensões de cisalhamento mais altas.
Diferentes combinações de compósitos também foram examinadas no teste de flexão de três pontos, em função da variação das temperaturas de vazamento e das velocidades do pistão de injeção.
Nota-se que as propriedades mecânicas das amostras fundidas podem ser melhoradas por meio da utilização de diferentes combinações de materiais.
A figura 5 apresenta a força máxima aplicada nas combinações de materiais no teste de flexão de três pontos. Trata-se dos resultados das séries de fundição, que foram realizadas na temperatura de vazamento de 740°C, com a velocidade do pistão de injeção de 2 m/s.
O emprego de ligas trabalhadas plasticamente resulta na obtenção de forças máximas parecidas com aquelas da amostra fundida pura. Esse efeito pode ser explicado pelo fato das altas resistências das ligas trabalhadas plasticamente impedirem o início e a propagação de trincas nas áreas sujeitas a esforços de tração.
A resistência extremamente alta, o comportamento frágil e o pequeno alongamento da liga de alumínio AlCu4MgSi impedem o início e a propagação das trincas na liga de fundição, dentro de uma ampla faixa e forças.
O fator decisivo para a resistência dos materiais compósitos é uma interface homogênea, com uma ligação intermetálica entre o material do inserto e a matriz fundida.
Uma interface não homogênea provoca a falha prematura do material compósito, pois a área reduzida resultante, submetida à carga, deve suportar uma tensão mais alta.
A figura 6 mostra imagens de microssondas de diferentes combinações de compósitos, variando-se a temperatura de vazamento (680°C e 740°C) e a velocidade do pistão de injeção (2 e 5 m/s).
Um fato importante nas amostras sem tratamento térmico é que uma difusão do zinco pode ser observada principalmente em direção à matriz fundida.
A influência da temperatura de vazamento e da velocidade do pistão de injeção não é reconhecível nas amostras. Isso está relacionado com os resultados do teste mecânico, no qual foi constatada uma pequena influência dos parâmetros.
No entanto, a influência do tratamento térmico T4 é claramente reconhecível. Com ele, é possível ajustar a difusão de zinco além da interface original e, portanto, a composição da interface.
A alta solubilidade do zinco na matriz de alumínio possibilita o ajuste de uma área de ligação completamente homogênea.
Durante a homogeneização, é necessário observar que tanto o tempo necessário, como a temperatura, dependem fortemente da espessura da camada de zinco.
Além disso, a liga fundida e também a trabalhada plasticamente podem ser submetidas a um tratamento térmico.
Este trabalho demonstrou que as ligas de alumínio dos grupos 2XXX e 5XXX (trabalhadas plasticamente) podem ser unidas com sucesso com a liga para fundição sob pressão AlSi9Cu3(Fe), visando-se a um material compósito com ligação intermetálica.
O fator essencial para a formação da ligação intermetálica é a substituição da camada de óxido natural nos insertos, o que pode ser executado por meio de uma camada de zinco.
Isso permite a formação de uma zona de difusão/reação entre o banho de metal e o componente sólido, possibilitando a formação de um material compósito com ligação intermetálica.
Os testes de injeção mostraram que as influências dos parâmetros de injeção nas áreas examinadas exercem uma influência secundária sobre as propriedades mecânicas e a formação da interface.
O emprego de ligas de alta resistência pode resultar em uma melhora significativa das propriedades do componente, enquanto o tratamento térmico permite o ajuste de áreas de ligação completamente homogêneas.
A camada de zinco muito fina, aplicada via zincato, resulta em teores de zinco dentro dos limites da norma, permitindo uma reciclagem seletiva, mesmo após o tratamento térmico.