GotthardWolf, Claudia Dommaschk e Benjamin Aurich
Data: 24/12/2016
Edição: FS Dezembro 2016 - Ano - 27 No 288
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O ferro fundido cinzento (EN-GJL) tem grande importância em termos econômicos.
As suas propriedades mecânicas e físicas são influenciadas fortemente pela estrutura lamelar da grafita.
O projeto apresentado neste artigo teve por finalidade elaborar um modelo para a descrição quantitativa e contínua da estrutura desta grafita. Para isso, foram variados os fatores de influência principais, como a composição química e a velocidade de resfriamento.
A variação da formação da grafita deve ser descrita por meio da definição de um parâmetro da estrutura apropriado.
É necessário desenvolver diagramas de morfologia, para visualizar a correlação entre a estrutura da grafita e os parâmetros de processo influenciadores.
As diferentes distribuições da grafita do ferro fundido cinzento são um excelente exemplo das microestruturas complexas dos materiais fundidos metálicos e resultado de diferentes fatores de influência.
Até o momento, a análise da imagem é limitada a uma exibição 2D, que não reflete a complexidade da rede tridimensional da grafita. No entanto, não há alternativa para a aplicação prática do controle da qualidade microestrutural.
A distinção das morfologias da grafita é baseada na comparação entre as microestruturas reais e aquelas das imagens de referência da norma DIN EN ISO 945.
Esta avaliação pode ser puramente subjetiva, dependendo da capacidade do metalógrafo, ou feita via computador.
As imagens da série de referência não refletem a variedade das diferentes morfologias da grafita e também não apresentam uma relação quantitativa. Este tipo de classificação da grafita também não contém nenhuma continuidade. Apenas existe a representação de estruturas idealizadas e fragmentadas, que não são encontradas em microestruturas reais.
Dentro deste projeto de pesquisa, foram examinadas amostras idênticas em relação à distribuição da grafita. É possível reconhecer que a definição das grafitas dos tipos A, D e E está sujeita a flutuações consideráveis.
Estudos anteriores avaliaram a estrutura da grafita do ferro fundido cinzento, considerando-se os parâmetros básicos estereológicos. Estes valores característicos, determináveis na micrografia 2D sob determinadas hipóteses, estão relacionados com a geometria espacial das partículas.
Os parâmetros incluem a porcentagem volumétrica (Vv), a interface de fase específica (Sv) e a integral da curvatura média/total (Mv).
Dentro do contexto deste trabalho, ficou evidente que existe uma relação matemática entre a morfologia da grafita descrita desta forma e a resistência à tração. As diferenças morfológicas, de acordo com as distribuições da grafita A-E, não foram examinadas.
Outro estudo ainda examinou a estrutura espacial da grafita por meio de métodos nanotomográficos.
Uma comparação exemplar das distribuições das grafitas B e D, através do cálculo dos parâmetros básicos estereológicos (figura 1), comprova que não é possível diferenciar as formas da grafita ou mesmo as suas distribuições.
A interface de fase específica pertence aos parâmetros básicos estereológicos para uma metalografia quantitativa, além da porcentagem volumétrica, do número de partículas (Nv) e da integral da curvatura Vmédia.
Pela imagem, fica evidente que as grafitas D e B apresentam grandes diferenças em relação à interface de fase específica.
A estrutura da grafita foi influenciada pela composição química e pela variação das condições de solidificação.
Nos ensaios de laboratório para a determinação básica da relação entre os parâmetros de processo e a estrutura da grafita, foram utilizados banhos fundidos sintéticos, para minimizar a influência de elementos secundários.
Após a fusão dos materiais de carga em um forno de cadinho a indução de média frequência, com carga de 25 kg, ocorreu um superaquecimento e a manutenção do banho fundido na temperatura de 1550°C, por um tempo de espera de 15 min.
Uma inoculação com 0,3% FeSi75 foi realizada durante o vazamento, a uma temperatura de 1500°C.
Dentro do contexto destes estudos, o grau de saturação oscilou entre 0,8 e 1,05, com proporções de carbono/silício de 1,6 e 1,9.
A análise térmica foi realizada por meio da avaliação dos termoelementos instalados no corpo de prova.
Pela derivação da evolução T-t registrada, foi possível determinar os pontos característicos das temperaturas liquidus e solidus (Tl, Ts).
A velocidade de resfriamento dentro do intervalo de solidificação é de interesse primário para a correlação com a microestrutura resultante.
A velocidade de resfriamento foi calculada pela equação:
Partículas unidas, que apresentam uma ligação com a borda, são excluídas da avaliação (UBORDA CORTADA).
O tamanho da imagem é reduzido pelo valor da área da grafita eliminada.
O cálculo de LA é realizado de acordo Acom a equação:
Com os dados disponíveis, é possível estabelecer uma distinção quantitativa das morfologias da grafita.
A figura 3 descreve o desenvolvimento do LA em função da velocidade de Aresfriamento local, para diferentes graus de saturação.
As estruturas da grafita para Sc = 1,05 e 0,8 são apresentadas de modo exemplar.
O projeto de pesquisa apresentado teve por objetivo compreender a ocorrência das diferentes morfologias da grafita, com base na cinética e química.
Com o auxílio do valor do comprimento específico da linha, foi estabelecida uma base de decisão para a diferenciação das precipitações de grafita.
Um refino acentuado da grafita foi alcançado pelo aumento do LA. PreAcipitações grosseiras da grafita são caracterizadas pela diminuição do LA.
Uma precipitação regular da grafita foi observada para LA< 80 mm-1, em combinação com um coeficiente de variação VK < 10%.
As pesquisas foram realizadas variando-se as condições de resfriamento e a composição química. Todos os fatores influenciaram a microestrutura e puderam ser quantificados por meio do LA.
Para uma modificação da estrutura da grafita, foi determinada a velocidade de resfriamento crítica dT/dtcrítica= 6 K/min. Isso correspondeu a um tempo de solidificação entre 17,5 e 23 min, dependendo da composição química.
Abaixo de dT/dtcrítica, não foi observada nenhuma variação fundamentada na formação da grafita.
As pesquisas mostraram que a formação da microestrutura acima de dT/dtcrítica depende da composição química, assim como das condições de resfriamento.
No caso dos graus de saturação examinados, ocorreu uma multiplicação da dependência da velocidade de resfriamento com um SC crescente.
As composições fortemente hipoeutéticas apresentaram uma dependência menor da velocidade de resfriamento.
A proporção carbono/silício também exerce forte influência sobre a microestrutura. Uma alta proporção de C/S aumenta a dependência da velocidade de resfriamento.
Com base nos dados disponíveis, foi validado um critério quantitativo e contínuo, que passou a ser utilizado como característica de classificação para uma nova série de referência da grafita (figura 4).