P. Hofer, W. Gössl K., P. Tucan, R. Gschwandner, G. Schindelbacher e P. Schumacher
Data: 26/12/2016
Edição: FS Dezembro 2016 - Ano - 27 No 288
Compartilhe:O aumento da pressão de custo e as exigências cada vez maiores e que estão submetidos os fundidos sob pressão resultam na necessidade de um controle do processo eficiente.
Os geradores de custos principais são a própria ferramenta de fundição sob pressão, assim como os tempos de ciclo de moldagem demasiadamente altos.
Na prática, as ferramentas são danificadas principalmente pelos ciclos térmicos relacionados ao processo, ou seja, pela sucessão de choques térmicos causados pelo banho fundido e por choques frios provocados pela pulverização.
Os tempos de ciclo alcançáveis na fundição sob pressão são determinados adicionalmente pelo tempo de solidificação do banho na matriz.
Ambos os fatores de influência a danificação da matriz e o tempo de ciclo podem ser afetados positivamente pela utilização de materiais com alta condutividade térmica. Por este motivo, diversos fabricantes desenvolveram aços com estas propriedades, destinados à construção de matrizes de fundição sob pressão.
Além das versões convencionais à base de ferro, existe ainda uma série de materiais baseados nos metais refratários tungstênio e molibdênio. Eles apresentam alta condutividade térmica (200°C a 500°C), o que os tornam superiores aos materiais à base de ferro.
Insertos de matriz produzidos nestes materiais já são utilizados há anos, principalmente na fundição em moldes permanentes por gravidade e a baixa pressão.
As suas boas propriedades de condutibilidade térmica também tornam estes materiais cada vez mais interessantes na fundição sob pressão, apesar dos custos mais elevados.
Um destes materiais, a liga Densimet 185 (D185), à base de tungstênio, será detalhadamente examinada a seguir e comparada com os aços convencionais, utilizados na confecção de matrizes de fundição sob pressão. Esta liga é fabricada pela empresa Plansee.
Durante a solidificação do banho fundido na matriz, o calor introduzido e transferido para o ferramental é dissipado para o ambiente ou para a termorregulagem da matriz, exclusivamente via condução térmica.
A quantidade de calor dissipada por unidade de tempo ou capacidade de transporte de calor depende dos dois parâmetros:
A condutibilidade térmica consiste em um parâmetro físico do material, que é especificado muitas vezes como uma grandeza dependente da temperatura.
A transferência de calor em uma interface entre duas matérias pode ser calculada da seguinte maneira:
Q : fluxo de calor
A: superfície da área de contato
ΔT: diferença de temperatura entre o meio e a área de contato
α: coeficiente de transmissão de calor
A condutibilidade térmica de um corpo sólido pode ser descrita pela lei de Fourier, que descreve o estado estacionário de uma parede, com determinada espessura:
Q : fluxo de calor
A: superfície
ΔT: diferença de temperatura entre as duas superfícies das paredes
λ: condutividade térmica do material
A colocação dos valores numéricos nas equações mencionadas:
α: 10.000 W/m2K
A: 0,1 m2
λ: 40 W/mK
Δtk : 400 K
Δtw : 100 K
d: 0,1 m
Resulta em Q = 400 kW (equação 1); referente à quantidade de calor transferida pelo banho fundido para o aço da matriz, por unidade de tempo.
Conforme mencionado, há diversos aços-ferramenta para fundição sob pressão disponíveis no mercado, muitos dos quais com condutividade térmica superior à do aço 1.2343.
Como exemplo, há o material HTCS 130, da empresa Rovalma, cuja condutibilidade térmica em temperaturas elevadas é próxima daquela do ferro puro.
Já os materiais à base de tungstênio ou molibdênio têm condutividade térmica superior à dos materiais ferrosos.
A figura 1 compara as con dutividades térmicas dos materiais 1.2343, HTCS 130 e D185.
Um fato particularmente marcante é que a condutibilidade térmica do material D185 não é apenas superior àquela dos materiais à base de ferro, mas também permanece quase constante em toda a faixa de temperatura. Por esse motivo, este material foi examinado de modo mais detalhado neste trabalho, com o auxílio de testes de bancada.
Para o teste das propriedades de transporte de calor em diferentes conceitos de resfriamento na fundição sob pressão, foi desenvolvida uma bancada de testes que possibilita a determinação do efeito de resfriamento de diferentes meios, conduções de fluxo e materiais para matrizes.
Os testes com o material D185 na bancada de teste de termorregulagem foram realizados dentro do contexto de uma série maior de testes, com diferentes materiais para matrizes.
O corpo de prova consistia em um bloco com simetria rotacional. Ele foi aquecido até 260°C, por meio de termorregulagem a óleo.
Seis cartuchos elétricos de aquecimento reproduziram a entrada de calor pelo banho fundido.
No centro do corpo de prova havia uma furação, que servia para a condução do agente de resfriamento (óleo ou água) através de diferentes componentes condutores de fluxo.
O bloco de teste estava equipado ainda com furos para um total de 18 termoelementos, que mediam a temperatura em diversas posições e distâncias da superfície do furo.
A evolução do teste é dividida em cinco fases:
A figura 2 ilustra as fases de teste individuais, assim como a curva de temperatura correspondente.
A partir da temperatura de equilíbrio (Tequ ) e da inclinação k, é da fase de teste 5 para o resfriamento em água (figura 3) e em óleo (figura 4), sempre com duas distâncias diferentes da furação para o resfriamento.
As figuras 3 e 4 apresentam os resultados dos testes na bancada.
Os diagramas mostram as velocidades de resfriamento (valores-k) for a diferença entre a quantidade de calor dissipada por convecção e transportada por condução.
Portanto, existe uma diferença maior entre os materiais com resfriamento em água, em comparação com aqueles com resfriamento em óleo.
Após a confirmação das melhores propriedades de dissipação de calor do material D185 nos testes de bancada, foi efetuado o modelamento do comportamento térmico e das tensões térmicas resultantes no processo de fundição sob pressão, por meio da simulação do princípio.
Para os materiais D185 e 1.2343, foi necessário demonstrar até que ponto as diferentes condutividades térmicas influenciam a solicitação termomecânica da matriz.
Tendo isso em vista, foi criado um modelo simples com a ferramenta de simulação Ansys Workbench 14.5.
O modelo consistia no recorte simétrico bidimensional de uma matriz de fundição sob pressão, no qual foi aplicado um banho fundido com 6 mm de espessura.
A furação de resfriamento tinha 12,5 mm de diâmetro.
Inicialmente, foi realizado um cálculo térmico transiente do campo de temperatura.
Foi utilizada uma liga modelo de alumínio.
Também foram criados dois modelos de conjuntos de dados para os materiais da matriz 1.2343 e D185.
Em virtude da condutibilidade térmica maior do material Densimet 185, em comparação com o aço, o seu transporte de calor foi melhor durante o resfriamento. Os seus picos de temperatura e de tensão também foram menores durante o ciclo de fundição sob pressão.
Os trabalhos realizados permitiram as seguintes conclusões:
É importante observar que não foi possível estabelecer uma previsão direta da avaria da matriz e da sua vida útil a partir da simulação da tensão, pois os diferentes comportamentos de fadiga termomecânicos dos materiais não foram levados consideração.
No entanto, é possível esperar uma influência positiva, devido aos picos de tensão atenuados.