Alcione dos Reis, Rosemar Batista da Silva, Lucas Gonçalves Silva, Rosenda Valdes Arencibia
Data: 29/05/2017
Edição: FS Abril 2017 - Ano 27 - No 292
Compartilhe:A pressão pela melhora da produtividade é cada vez maior, exigindo muitas vezes a redução do tempo de produção e/ou custos, o que não é uma tarefa fácil.
Além das exigências relativas à produtividade, existem ainda os requisitos de aumento da qualidade, para assegurar a funcionalidade e intercambiabilidade das unidades mecânicas, e de aprimoramentos técnicos ou de processos de produção, os quais são necessários para se alcançar este padrão.
Entre eles, a execução de furos é a mais comum, exigindo operações posteriores a fim de melhorar a qualidade superficial, a precisão de forma e também dimensional. Para tanto, uma opção é a operação de alargamento.
Por alargamento, entende-se a operação de usinagem na qual uma ferramenta rotativa com geometria diferente da broca usina um furo préusinado, com o objetivo de melhorar a sua precisão dimensional e produzir desvios geométricos menores.
A quantidade mínima de metal a ser removido é influenciada por vários fatores, a exemplo da composição e da dureza da peça de trabalho.
Por ser uma operação de usinagem, a formação do cavaco é um fator importante para a eficiência da operação. Se for pouco material a ser removido, a ferramenta irá apenas atritar a peça, ao invés de cortá-la, resultando em danos tanto para o alargador como para a superfície usinada.
Para metais considerados de menor dureza, a remoção de 0,20 mm do diâmetro por passe é próximo do mínimo, dependendo do comprimento do furo e da rigidez da máquina. Caso a ferramenta seja de metal duro, essa diferença pode ser reduzida para 0,13 mm.
Para remoções inferiores a 0,13 mm de metal, o brunimento ou outro processo de usinagem é preferível.
Os erros geométricos (de forma) e dimensionais, a presença de rebarbas e a textura superficial normalmente definem a qualidade do processo.
Entre os erros de forma comumente usados como avaliadores da qualidade dos furos usinados, destaca-se o erro de cilindricidade.
Em aplicações mecânicas onde é requerida elevada exatidão, as tolerâncias dimensionais nem sempre são suficientes para garantir os requisitos de funcionalidade das peças.
A máquina-ferramenta utilizada nos ensaios foi um centro de usinagem vertical CNC com potência do motor principal de 9 kW e rotação máxima de 10 mil rpm.
As ferramentas usadas foram brocas de metal duro com duas entradas, sem revestimento, e alargadores cilíndricos de metal duro.
Foi empregado o tipo de furação intermitente, com corte a seco.
Os testes de furação foram realizados na posição vertical, sentido descendente, sem pré-furo e furo de centro. Os furos usinados não foram passantes, proporcionando uma relação do comprimento pelo diâmetro do furo igual a 3 (L/D = 3).
As amostras eram de ferro fundido vermicular.
Para uma melhor fixação e menor batimento na furação e alargamento, as ferramentas forma acopladas à máquina por meio de um mandril hidromecânico.
A tabela 1 reúne os parâmetros de corte utilizados nos testes.
Nos ensaios de usinagem foram utilizadas barras de ferro fundido vermicular na forma de blanques retangulares, com dimensões de 500 x 200 x 50 mm. A sua composição química é apresentada na tabela 2.
A peça foi apoiada diretamente na mesa do centro de usinagem e fixada por um conjunto de mordentes (figura 1). A variável de saída analisada foi o erro de forma (cilindricidade).
Imagens das ferramentas após a usinagem também foram obtidas, visando à análise dos mecanismos de desgaste em questão.
Foram realizados um teste e duas repetições, sempre com ferramentas novas. O critério de parada adotado foi de 25 furos.
As medições dos desvios de cilindricidade foram feitas com o auxílio de uma máquina de medir por coordenadas, com resolução de 0,001 mm e volume de trabalho de 400 x 400 x 300 mm3 (eixos X, Y e Z, respectivamente).
Utilizou-se uma ponta única de esfera de rubi, com 2 mm de diâmetro. O mesmo foi utilizado com ângulo zero, para a medição dos desvios. Em todos os casos admitiu-se o desvio máximo de calibração de 2 μm.
Em algumas calibrações, chegouse a 0,8 μm, o que garante uma maior confiabilidade dos resultados.
A figura 2 apresenta os valores dos erros de cilindricidade em função do diâmetro das brocas empregadas.
Normalmente, espera-se que furos com diâmetro maior apresentem desvios maiores sob as mesmas condições de usinagem. No entanto, não foi o que ocorreu nos testes realizados.
O mesmo foi observado por Santin em Desempenho de brocas de aço rápido com diferentes revestimentos na usinagem a seco e com mínimas quantidades de fluido de corte. Neste trabalho, os melhores resultados de cilindricidade foram atribuídos às brocas de maior diâmetro.
Segundo o autor, elas em geral promovem um maior atrito com a superfície do furo, causando uma maior deformação plástica do material, que é arrastado sobre a superfície gerada, apresentando um aspecto alisado. Isso contribui para um menor erro de forma e, consequentemente, para uma ligeira diferença nos valores de cilindricidade.
Os valores de desgaste para as duas arestas da broca com 9,5 mm de diâmetro, ao final do furo de número 25 revelaram um desgaste uniforme.
Já a aresta transversal da broca de 9,5 mm sofreu uma deformação plástica, a qual foi causada pelo atrito com a peça durante a usinagem.
As imagens obtidas nos ensaios não permitiram afirmar se houve diferenças significativas no valor de desgaste das arestas nas condições investigadas. Em geral, as formas de desgaste durante a usinagem foram bem similares para ambas as brocas empregadas (diâmetros de 9,5 e 9,7 mm).
Este trabalho foi dedicado à análise da influência de diferentes valores de sobremetal no erro de cilindricidade, após o alargamento do ferro fundido vermicular com ferramentas de metal duro integral.
As seguintes conclusões foram tiradas: