Ulrich Voigt e Lee Horvath
Data: 01/06/2017
Edição: FS Junho 2017 - Ano 27 - No 294
Compartilhe:Devido aos requisitos crescentes por peças fundidas de alta qualidade, uma filtração eficiente e, acima de tudo segura, tornou-se indispensável. Isso vale especialmente para peças de grande porte, com espessura de parede grossa.
Muitas vezes, o emprego de filtros convencionais em forma de placas redondas ou quadradas apresenta restrições e riscos de segurança, que se manifestam frequentemente na ruptura do filtro.
Para eliminar este risco, a ASK Chemicals desenvolveu filtros de espuma cerâmica com formato tubular, os quais podem ser utilizados na fundição de aço e ferro fundido.
Os primeiros testes realizados em parceria com uma fundição alemã especializada em fundidos altamente solicitados para usinas eólicas revelaram que estes filtros apresentam vantagens consideráveis, em comparação com aqueles em formato de placa.
O risco de ruptura dos filtros foi reduzido de modo eficiente, possibilitando simplificar o manuseio e aumentar a sua superfície efetiva.
Além disso, as faces frontais dos filtros tubulares foram completamente vedadas, de modo que uma possível quebra das bordas superiores ou inferiores tornou-se praticamente impossível, excluindo o risco de inclusões do material filtrante no molde de fundição.
As avaliações dos testes mostraram que a estrutura do filtro não apresentou nenhuma distorção, deformação ou formação de trincas após a alta solicitação durante o fluxo de muitas toneladas de metal.
Os filtros tubulares de espuma cerâmica são apropriados para a filtração segura de grandes volumes de metal.
Entre as vantagens deste projeto, destacam-se uma superfície de filtração mais de três vezes maior do que a dos filtros convencionais do mesmo tamanho, risco mínimo de ruptura, construção compacta e instalação rápida.
Adicionalmente, foi desenvolvida uma carcaça universal para este tipo de filtro, que pode ser utilizada tanto na fundição de ferro fundido, como de aço. Ela é pequena e compacta.
O conceito prevê a utilização de apenas um filtro tubular por carcaça, o que reduz a complexidade e o número de componentes necessários para um sistema de filtração eficiente, seguro e estável.
Esta prática é diária na indústria
de fundição.
Muita coisa aconteceu desde o desenvolvimento dos primeiros filtros, os quais eram testados em metais com baixo ponto de fusão.
Na época, os ensaios evidenciaram que as inclusões não metálicas podem ser removidas com o emprego de filtros, permitindo a fabricação de peças fundidas de qualidade e características físicas melhores.
Desde então, a tecnologia de filtragem foi aperfeiçoada e testada com uma variedade de outros óxidos metálicos.
Desta maneira, tornou-se possível avançar em aplicações nas quais os filtros não eram inicialmente empregados, em razão das temperaturas elevadas e tempos de vazamento.
Nesta época, foram produzidas as primeiras peças fundidas em ferro e aço com a utilização da tecnologia de filtragem.
Foram desenvolvidos vários tipos e execuções diferentes de filtros, que incluíram os do tipo peneira simples, os filtros prensados e extrudados (figura 1).
Vários estudos e artigos já constatavam que o filtro de espuma cerâmica apresentava a estrutura de filtragem mais eficiente.
A estrutura neste tipo de filtro cerâmico consiste em uma rede porosa e passante de cavidades, cujos poros são compostos de células em forma dodecaédrica.
O banho metálico passa continuamente por estes canais tortuosos e entrelaçados.
Com essa estrutura cerâmica de óxidos de alto rendimento, tornou-se possível aprimorar os materiais para a filtração de ligas metálicas a temperaturas superiores a 1700°C.
O material cerâmico mais apropriado para a filtração de ligas de aço e ferro fundido é o PSZ/Mg; um dióxido de zircônio parcialmente estabilizado com óxido de magnésio como agente de estabilização.
Este material possui uma excelente resistência ao choque térmico, além de uma resistência química, mecânica e térmica muito boa.
Ele suporta mudanças bruscas de temperatura até mais de 1700°C, sem fluência ou se fundir.
Trata-se de um material inerte, que resiste às influências corrosivas das ligas e escórias com as quais ele entra em contato.
O uso de filtros na produção de peças fundidas de grande porte requer superfícies de filtração correspondentemente extensas, para uma filtração eficiente.
Como a capacidade do filtro é especificada normalmente em quilogramas por unidade de superfície ou unidade de superfície e tempo, é necessário utilizar uma superfície de filtração devidamente dimensionada. E isso é um grande desafio no caso da filtração de toneladas de metal, tanto para o usuário como para o fabricante do filtro.
Quando é necessário fundir, por exemplo, uma peça de 12 t utilizando-se filtros de espuma cerâmica, é necessária uma superfície de filtração em torno de 3 mil a 3.334 cm2, ou mais.
Esse valor é determinado e predefinido pela capacidade média do filtro.
Quando a superfície de filtração necessária é aplicada em um filtro padronizado, é necessário usar pelo menos 14 elementos filtrantes com uma superfície de 150 x 150 mm. Este é um valor teórico, que na prática normalmente é maior.
Em circunstâncias normais, não é possível reduzir o número de filtros até que ele corresponda exatamente à quantidade predefinida pelo técnico, e seja ideal para o número de canais de ataque em questão.
O ideal é abastecer cada canal com um filtro (ou sistema de filtração), que deve ficar próximo um do outro.
A fabricação de filtros de grande porte consiste em um empreendimento técnico exigente, que até então não era economicamente viável.
Por estas razões, foram percorridos os mais diversos caminhos para o emprego de filtros em peças fundidas com grandes dimensões.
Este método de instalação é largamente difundido, podendo ser encontrado especialmente em fundições de ferro.
Os filtros são arranjados lado a lado, com a finalidade de alcançar a capacidade de filtragem necessária.
Neste caso, é possível reconhecer os filtros instalados lado a lado, sem suportes adicionais nas juntas.
Filtros com grandes dimensões também são apropriados para a filtração de grandes volumes de metal.
Eles podem ter até 300 mm de diâmetro.
O emprego de porta-filtros de chamote ou outros materiais refratários (figura 2) é outra possibilidade para a filtragem de quantidades elevadas de metal líquido.
Os fundidores têm utilizado porta-filtros para filtros com até 250 mm de diâmetro.
A vantagem é que estes elementos podem ser facilmente conectados em sistemas de vazamento pré-fabricados.
O emprego de unidades especialmente desenvolvidas, tais como o carrossel de filtro, possibilitou a combinação das vantagens do porta-filtro e das grandes superfícies de filtração em peças fundidas de grande porte (figura 3).
Isso resultou em um aumento do volume de filtração em um único componente.
O carrossel de filtro pode ser montado diretamente em sistemas de vazamento padronizados, de modo análogo ao porta-filtro, tendo em vista que as conexões necessárias estão disponíveis.
Outra vantagem é a disponibilidade destes tipos em diferentes tamanhos, de forma que a fundição pode escolher o modelo mais apropriado para a respectiva peça fundida e o correspondente volume de metal a ser empregado.
As possibilidades de aplicação de todos os sistemas mencionados são restritas.
Todos têm pontos fracos, que também podem resultar em uma peça fundida contaminada ou em sucata de ferro fundido.
As desvantagens dos sistemas atualmente utilizados serão descritas mais detalhadamente a seguir.
Este método de filtração é largamente difundido, sendo encontrado especialmente em fundições de ferro.
Os filtros são alinhados, até alcançar a capacidade necessária.
O usuário pode arranjar os filtros em uma fileira (economia de espaço) ou utilizar produtos padronizados.
Em princípio, este método isso seria bastante vantajoso, se não houvesse alguns pontos negativos:
A solução ideal seria a utilização de poucos filtros com dimensões maiores, pois poucas unidades seriam necessárias para cobrir os canais de ataque.
Estes filtros podem ser instalados relativamente próximos da peça fundida e dos canais de ataque.
No entanto, a partir de um determinado tamanho, a produção de filtros de espuma cerâmica com os recursos atuais deixa de ser econômica ou mesmo possível.
Os filtros de espuma cerâmica para a fundição de ferro e aço podem ser fabricados com até 300 mm (figura 4), enquanto aqueles para metais não ferrosos têm até 600 mm.
No entanto, com um tamanho crescente do filtro, também é necessário aumentar a sua espessura.
Com isso, o risco de bloqueio aumenta drasticamente, pois o filtro não é suficientemente aquecido no início do vazamento, o que provoca a solidificação do banho ainda no filtro.
Filtros de grandes dimensões são muito econômicos quando a fundição trabalha com o processo de vazamento direto, com o uso de massalotes.
Com a eliminação de uma grande parte do sistema de vazamento, é possível produzir fundidos de modo muito econômico.
Com o lançamento do carrossel de filtros no mercado, pela primeira vez conseguiu-se filtrar grandes quantidades de metal líquido de modo eficiente.
Por meio de um sistema individual, projetado para a utilização em sistemas de vazamento pré-formados de material refratário, é possível filtrar várias toneladas de metal líquido.
Em contrapartida, o carrossel de filtros possui uma construção relativamente pesada e dificilmente manejável.
Apesar da possibilidade de usar tamanhos padronizados, a construção do sistema total tornou-se complicada.
Outros fatores são as dimensões e o peso do carrossel, que resultou em trabalhos de instalação demorados e bastante complicados no molde.
O peso do carrossel de filtros é outra desvantagem. Embora ele seja apropriado para a filtração de grandes quantidades de metal fundido (4 a 8 t), ele só pode ser montado com o auxílio de várias pessoas ou com um guindaste.
A montagem e conexão do sistema ilustrado na figura 5 requereu o emprego de três trabalhadores, por aproximadamente 90 min.
Este sistema “engole” grande quantidade de metal líquido, em razão das suas dimensões, o que exige uma maior capacidade de fusão. Ele também produz uma quantidade maior de retornos.
Neste caso, a ocorrência de fraturas nos cantos do filtro foi avaliada como muito crítica.
O perigo de quebra dos cantos é um grande risco quando eles são expostos a pressões curtas.
Em resumo, é possível listar as seguintes desvantagens:
Todos os sistemas de filtragem mencionados até aqui apresentam uma característica comum muito pronunciada e perigosa: o risco de ruptura.
Este é o pior dos cenários, resultando frequentemente no sucateamento da peça afetada.
O objetivo, portanto, era projetar um filtro que oferecesse proteção confiável a este problema.
A solução foi encontrada no desenvolvimento de um filtro tubular, para a fundição de ferro e aço.
Esta execução do filtro de espuma cerâmica compreende as vantagens conhecidas da espuma cerâmica, além de outras propriedades muito úteis.
Este tipo de filtro é produzido em diferentes versões, podendo ficar aberto em ambos os lados ou em apenas um.
Além disso, é possível adaptar o seu comprimento e/ou o diâmetro à respectiva aplicação. Naturalmente, eles também podem ser fabricados nas porosidades e materiais conhecidos, nos quais os filtros de espuma cerâmica com estrutura alveolar são fornecidos.
Algumas das vantagens dos filtros tubulares são:
Apesar da utilização e instalação do filtro tubular dentro do molde de fundição diferirem daquelas do filtro padronizado, elas não são mais difíceis.
Na realidade, a instalação deste tipo de filtro é simples, pois as versões tubulares foram projetadas para uma instalação descomplicada, perto da cavidade do molde.
Eles inclusive podem ser colocados próximos ao canal de ataque (figura 6).
Quando o sistema de vazamento consiste em elementos pré-fabricados, é melhor utilizar uma carcaça apropriada para isso.
Assim, o desenvolvimento de uma caraça adequada e altamente resistente foi uma consequência óbvia. Ela permitiu um sistema de filtração único e confiável para a produção de peças em aço e ferro fundido de grande porte.
Este sistema de filtração seguro também é apropriado para metais não ferrosos.
Ele reúne as vantagens dos filtros tubulares de espuma cerâmica para peças fundidas de grande porte, com as propriedades superiores dos sistemas de vazamento fechados, permitindo a filtração de várias toneladas de metal de uma só vez.
O conceito prevê utilizar apenas um filtro tubular por carcaça, reduzindo a complexidade e o número de componentes, com a melhora simultânea da segurança e estabilidade do sistema.
Em virtude do leiaute do filtro tubular e da carcaça, foi possível praticamente eliminar o risco de ruptura do filtro.
A entrada tangencial do metal fundido através da carcaça melhora a capacidade de filtração, uma vez que a área do filtro é mantida livre de impurezas grosseiras por mais tempo.
Em combinação com os filtros tubulares de espuma cerâmica, o sistema pode ser montado facilmente, sem adesivos adicionais ou procedimentos demorados.
Com a utilização de várias carcaças por peça fundida, aumenta-se a capacidade do sistema, permitindo a filtração de grandes quantidades de metal com segurança.
Por meio de duas saídas opcionalmente fecháveis, é possível usar uma única versão para todas as posições de montagem.
Assim, o processo é aprimorado e simplificado ainda mais, reduzindo os estoques desnecessários do usuário.
Um sistema de carcaça é composto por uma parte superior, outra inferior e um tampão (figura 7).
A carcaça consiste em um concreto altamente refratário, com excelente resistência à abrasão.
O banho a ser filtrado entra na carcaça e circula através do filtro até a saída ou, alternativamente, até as duas saídas (figura 8).
As vantagens deste sistema são:
Os filtros tubulares com carcaça projetada também podem ser reproduzidos em um software de simulação correspondente.
Para isso, os dados tridimensionais dos filtros tubulares e de suas carcaças foram calculados para este software, juntamente com a criação de um modelo (figura 9).
O filtro tubular foi utilizado pela primeira vez em 2012.
Naquela época, foram realizados e avaliados os primeiros testes, e também foram feitas algumas melhorias.
As peças fundidas produzidas com estes filtros pesam entre 2 e 22 t.
A seguir serão citados dois estudos práticos.
O segundo estudo de caso refere-se à utilização dos filtros tubulares em uma fundição de aço. Dessa vez, em combinação com a carcaça Exactfill.
Durante a fabricação da peça fundida, foram observadas várias falhas na superfície da peça.
Algumas delas foram classificadas como defeitos abaixo da superfície, causados principalmente por inclusões não metálicas e, provavelmente, turbulências excessivas.
Estes defeitos só podiam ser removidos com um esforço de retrabalho considerável, para que fossem obtidas peças fundidas em condições comercializáveis.
Para resolver o problema, foi necessário executar várias etapas, que incluíram não apenas o lixamento e a soldagem dos pontos defeituosos, mas também vários tratamentos térmicos adicionais.
Para reduzir as inclusões não metálicas, foi recomendado o emprego de filtros.
Neste caso, era necessário atender às seguintes condições e especificações: