R. Atkinson
Data: 20/02/2002
Edição: FS Fevereiro 2002
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A fluidez da liga é uma característica importante para a fabricação de peças fundidas complexas ou de parede fina. A figura 1 mostra a fluidez relativa do níquel, em comparação à do aço. É evidente que o níquel possui uma fluidez significativamente maior do que o aço em cada temperatura.
Os valores relativos à solubilidade do hidrogênio, do nitrogênio e do oxigênio no níquel líquido e sólido são apresentados na tabela 4, onde fica evidente que o níquel em estado líquido é capaz de absorver quantidades muito grandes de oxigênio e hidrogênio, que em sua maior parte não são solúveis no estado sólido.
Durante a fabricação das ligas à base de níquel, portanto, existe a necessidade de utilizar processos eficientes, que impeçam a absorção de gás. Isto é aplicado especialmente às ligas de níquel e às de níquel e cobre.
A adição de cromo à liga de níquel diminui a solubilidade do hidrogênio e do oxigênio. Entretanto, este procedimento aumenta a solubilidade do nitrogênio, o que deve ser considerado nos processo de fusão[2, 3]. O comportamento das ligas individuais será tratado mais adiante.
Todas as ligas à base de níquel indicadas na tabela 1, com exceção das ligas M-30H, M-25S e CY5SnBiM, podem ser classificadas como aptas para a solda. As três exceções são as ligas empregadas em materiais resistentes ao desgaste e ao engripamento.
Em princípio, todas as outras ligas são materiais austeníticos de fase única e, por este motivo, são muito suscetíveis a trincas a quente ou a trincas microscópicas ao longo dos contornos de grão durante a solda.
A aplicação de teores muito pequenos de elementos considerados impurezas, como por exemplo o chumbo, o estanho, o bismuto, o antimônio, o enxofre, o fósforo e o boro, ajuda a diminuir esta tendência a trincas.
Entretanto, ainda não está bem esclarecido quais destes elementos ou combinações deles é a causa verdadeira. Porém, sabe-se que não há a tendência a trincas a quente em ligas à base de níquel de alta pureza. Esta pureza extremamente alta, no entanto, não pode ser conseguida nas fundições, por motivos econômicos e práticos.
Para evitar ao máximo a ocorrência de trincas a quente durante a solda, é necessário manter a introdução de calor e a temperatura entre passes as mais baixas possíveis, evitar deformações excessivas e limpar minuciosamente todas as zonas a serem soldadas. Outras informações sobre a solda de ligas à base de níquel podem ser obtidas na literatura sobre o assunto[4].
Normalmente, as ligas de níquel e cobre são denominadas Monel. A tabela 6 contém recomendações sobre a composição química de referência.
O processo usual de fusão consiste em:
A análise recomendada da liga N-7M pode ser encontrada na tabela 8. Para a fusão no forno de indução a cadinho, deve-se proceder da seguinte maneira:
O grupo de ligas de níquel–cromo– molibdênio constitui, com os tipos CW12MW, CW-2MW, CX-2MW, CW-6MC e CW-6MN, os materiais de fundição mais numerosos à base de níquel, com o maior espectro de propriedades e aplicações. A tabela 11 apresenta os valores de referência recomendados da sua composição química.
A liga CW-12MW (Hastelloy C) foi a primeira liga padronizada do grupo Hastelloy-C. Entretanto, o seu alongamento à ruptura pode variar de 4% a 20%, conforme a composição indicada pela norma ASTM. Esta faixa larga se deve à existência de precipitações de silicatos, carbonetos e compostos intermetálicos, que diminuem a ductilidade quando os limites de solubilidade do carbono, cromo, molibdênio, silício, tungstênio e vanádio no níquel são ultrapassados.
A liga CY5SnBiM, que contém estanho e bismuto, é a única liga austenítica resistente à corrosão, utilizada com sucesso em aplicações de desgaste, em conjunto com o aço inoxidável. Esta liga normalmente é produzida sob licença e a sua fabricação é muito difícil.
A CY5SnBiM com teores relativamente altos de bismuto e estanho representa um perigo considerável como material do circuito de retorno utilizado na carga para todas as outras ligas produzidas pela fundição.
Por este motivo, a mistura com outros materiais deve ser evitada a qualquer custo. Além disso, este material não é apropriado para a solda. Por outro lado, a prática mostrou que ele possui excelente resistência ao desgaste e ao engripamento.
É importante mencionar que não há informações disponíveis sobre o processo de fusão desta liga.
Com relação aos materiais de moldagem, recomenda-se utilizar agentes de aglomeração inorgânicos, como o silicato de sódio/dióxido de carbono ou materiais de moldagem cerâmicos puros, como na moldagem pelo processo da cera perdida. Muitas fundições utilizam areias aglomeradas por agentes orgânicos, pelas vantagens já conhecidas.
Os agentes orgânicos de aglomeração podem ser utilizados com sucesso, embora apresentem o perigo de uma absorção de carbono.
As superfícies da peça fundida que não serão usinadas em razão do contato com estes agentes orgânicos, absorvem o carbono. Isso provoca um efeito muito nocivo sobre a resistência à corrosão.
A profundidade da camada de carburação pode chegar a até 2 mm e o carbono é capaz de penetrar ainda mais profundamente no material, durante o tratamento térmico a alta temperatura. Quando há exigências muito especiais, existe a possibilidade de esmerilhar a camada superficial com carbono.
A carburação pode ser reduzida por meio da adição de óxido de ferro na areia de moldagem. Adicionalmente, existe uma série de tintas de moldes à base de óxido de zircônio, que também devem produzir o mesmo efeito.
Muitas peças fundidas fabricadas em ligas à base de níquel eram anteriormente produzidas em aço carbono ou até em ferro fundido cinzento. Os respectivos projetos foram simplesmente adotados na fundição de peças no novo material.
No caso de componentes fabricados em ligas à base de níquel e utilizados em meios agressivos, as exigências relativas à estanqueidade e à isenção de defeitos são bem maiores do que naqueles que ficam apenas em contato com a água.
Atualmente, existem diversas ligas à base de níquel empregadas em fundição, que podem cumprir os requisitos necessários, mesmo em caso de meios bastante agressivos.
A monitoração e o domínio dos teores dos elementos residuais que atuam como impurezas, por meio da escolha cuidadosa dos materiais de carga e dos respectivos processos de fundição, são a chave para a produção de peças fundidas estanques, com boas propriedades mecânicas e alta resistência à corrosão química.