O setor de máquinas e equipamentos ainda sofre fortemente o impacto da pandemia de Covid-19 em seu faturamento, mas pode estar começando a se recuperar do tombo que fez toda a economia brasileira despencar em 2020. É o que revela o levantamento divulgado pela ABIMAQ (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos) com os dados do segmento referentes a junho.
Embora as receitas líquidas continuem caindo no mês, apresentando 12,4% a menos, em um total de R$ 9,22 bilhões constantes, a queda foi reduzida em relação a maio e abril, em que os números obtidos foram de 14,1% e 25,6% negativos, respectivamente. Grande parte deste panorama se deve às receitas internas, que encolheram 10,1% em junho, menos do que nos dois meses anteriores (na ordem, 14,9% e 26,5%). Para a ABIMAQ, estes números permitem projetar um cenário melhor para os próximos meses, uma vez que possivelmente o pior momento da pandemia tenha ficado para trás.
Apesar do otimismo do setor, ainda não há nada a se comemorar. Em relação ao segundo trimestre de 2019, o total das receitas foi 17,4% menor. No acumulado do primeiro semestre, a redução foi de de 8,5%, número que foi atenuado pela alta de 1,5% observada nos três primeiros meses do ano. Pior ainda: na comparação com a média dos anos de 2010 a 2013, em que a economia brasileira cresceu 7,5%, 2,7%, 1% e 2,3%, na ordem, o índice é de impressionantes 45,6% negativos.
A situação mais dramática é relativa à exportação. Em junho, o faturamento atingido foi de US$ 496,69 milhões, em uma queda de 35,1% que mantém a tendência verificada em maio (-34,7%) e abril (-41,6%). No total do primeiro semestre, o índice é negativo em 25,4%, sendo que as reduções nos negócios foram de 37,3% de janeiro a março e de 12,8% nos três meses seguintes. As vendas de equipamentos para os Estados Unidos, destino responsável por 30% do total de aquisições, caíram 31,4% no primeiro semestre em relação ao mesmo período no ano passado, enquanto a América Latina comprou 23,9% e a Europa, 21,7% a menos.
Este cenário, aliás, foi observado em todos os segmentos, com destaque negativo para o de máquinas para logística e construção civil, cujas receitas despencaram 43,8%. Hoje, as exportações são, segundo a associação, um “calcanhar de Aquiles” para o setor, que mesmo antes do coronavírus e da desaceleração econômica já enfrentava dificuldades para competir com outros países.
Cenário difícil
No que diz respeito às importações, a situação também é desfavorável, refletindo a crise econômica por que o Brasil passa atualmente. A compra de máquinas estrangeiras recuou 13,3% em junho, em um total de US$ 915,03 milhões. A queda foi a pior dos últimos três meses e contribuiu para a redução de 26,5% no segundo trimestre deste ano em relação ao mesmo período de 2019.
Influenciado pelo alto volume de aquisições de máquinas e equipamentos do Exterior entre janeiro e março, o total do consumo interno cresceu 7,9% no Brasil no primeiro semestre deste ano. No entanto, a taxa caiu 12,1% em junho, ante 11% em maio e 9,6% em abril, totalizando uma redução de 10,6% no segundo trimestre. Ao mesmo tempo, a capacidade instalada do setor diminuiu de 72,9% em maio para 64,6% em junho.
Os índices de emprego também deixaram a desejar. Em junho, o setor registrou 295,8 mil trabalhadores, menos 3,7% do que o número obtido no mesmo mês em 2019. No primeiro semestre, houve demissão de 6,6 mil colaboradores.
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