A digitalização dos processos de produção cria grandes expectativas. No caso das operações de retificação, à medida que se esgotam os limites físicos em termos de precisão, as atenções dos desenvolvedores passam a se voltar para a otimização de processos e redes na IoT (Internet das Coisas) como caminho para a inovação no setor.

 

Cientistas e empresas industriais manifestam o interesse comum de se envolverem na cooperação e na criação de redes. No entanto, as organizações estão se preocupando em manter o controle sobre os seus próprios dados, que constituem um bem valioso. “Os níveis de conscientização aumentaram consideravelmente nos últimos anos”, informou Alexej Voigt, chefe de engenharia elétrica do fabricante de retificadoras Danobat-Overbeck, que apresentou uma palestra sobre esse tema em uma conferência realizada no final de janeiro em Stuttgart (Alemanha), em que foi discutido o potencial da análise de dados de máquinas para otimização do processo de retificação, assim como métodos para aquisição e análise de dados em fusos de motores digitais.

 

Aquisição de dados facilitada

 

Para Alexej Voigt, utilizar componentes inteligentes que fornecem dados para monitoramento em tempo real é a chave para otimizar ainda mais o desempenho, a eficiência e a confiabilidade das máquinas. “Eles também fornecem a base para análises avançadas e manutenção preditiva na forma de serviços digitais”, afirmou o especialista. No entanto, ele também está ciente das preocupações das pequenas empresas, em particular quando se trata de manter o controle sobre os seus próprios dados e potenciais ataques cibernéticos.

 

Voigt acredita que os fabricantes de máquinas têm o dever de fornecer informações, transmitir experiências de projetos anteriores e projetar soluções modulares que sejam adequadas para pequenas e médias empresas (PMEs). “Elevados padrões de segurança, interfaces claramente definidas e produtos certificados representam as melhores formas de estabelecer confiança”, comentou.

 

O Instituto Fraunhofer de Sistemas de Produção e Tecnologia de Projeto (IPK) em Berlim observou que cada vez mais fabricantes estão equipando suas máquinas com sensores e sistemas de monitoramento desde o início. É importante orientar a digitalização principalmente para a configuração da máquina e determinar quais dados do processo de produção ela pode fornecer automaticamente. De acordo com o IPK, os dados de desempenho da máquina ou os parâmetros de processo podem servir como fontes adicionais de informação, juntamente com sensores e sistemas de controle integrados.

 

Para usufruir de forma segura dos benefícios que podem ser obtidos com o uso de dados do processo de produção, o primeiro passo é configurar um espaço de dados fechado (nuvem privada ou intranet) que seja limitado exclusivamente à própria empresa. Interfaces abertas e padronizadas baseadas em OPC UA são usadas para garantir que novas retificadoras, máquinas preexistentes de diferentes fabricantes e até mesmo robôs na fábrica possam se comunicar entre si e trocar dados.

 

Uma demonstração ao vivo das possibilidades de conexão de máquinas no setor de retificação está sendo preparada para a feira GrindingHub, que a Associação Alemã de Construtores de Máquinas-Ferramenta (VDW) está organizando para acontecer em Stuttgart, de 14 a 18 de maio, tendo a conectividade como destaque desde a primeira edição do evento, há dois anos, com participação da iniciativa umati, lançada pela VDW em 2017, e que consiste em uma comunidade criada pela indústria da engenharia e pelos seus clientes com o objetivo de disseminar e utilizar padrões de interface aberta baseados em OPC UA.

 

Aplicativos seguros em nuvem

 

O número significativo de projetos de pesquisa financiados publicamente mostra que o desenvolvimento de arquiteturas de nuvem seguras e transversais está atualmente atraindo níveis consideráveis de interesse científico e político. Isso inclui o desenvolvimento de uma arquitetura de sistema de nuvem por computação de borda (edge computing) compatível com o Gaia-X, que está no centro do projeto de pesquisa Escom (Edge Services for Components). A Danobat-Overbeck também está envolvida no projeto por meio da sua colaboração com o Instituto de Gestão de Produção, Tecnologia e Máquinas-Ferramentas (PTW) da TU Darmstadt.

 

Quando se trata de desconfiança nas soluções em nuvem, as empresas muitas vezes não são diferentes dos indivíduos. Se não tiverem uma ideia clara do que acontece com seus dados ou mesmo onde estão armazenados, correm o risco de pode atenuar grande parte da euforia que rodeia tecnologias que de outra forma seriam promissoras. A computação de borda trata do processamento e armazenamento de dados no local onde são coletados. Apenas quantidades reduzidas de dados especialmente selecionados são enviadas, mediante convite, para instâncias externas de TI ou para a nuvem por meio de uma interface definida. “Este sistema aumenta a segurança, mas a computação de borda também permite altas taxas de transferência de dados, capacidade em tempo real e soberania de dados”, explicou Alexej Voigt.

 

O professor Matthias Weigold, chefe do PTW na TU Darmstadt, descreveu recentemente em um artigo destacando o papel da Escom no desenvolvimento de aplicações Gaia-X na indústria de manufatura. O Gaia-X é um projeto europeu conjunto que visa facilitar o intercâmbio de dados ao longo da cadeia de valor, garantindo ao mesmo tempo que a soberania digital permaneça com os proprietários dos dados e garantindo a interoperabilidade de diferentes plataformas. De acordo com Weigold, que também é membro da Associação Acadêmica Alemã de Tecnologia de Produção – a associação dos principais acadêmicos da ciência da produção (WGP), a Escom fornece elementos-chave para aplicações do Gaia-X na indústria de manufatura.

 

O Gaia-X é especialmente destinado a empresas europeias, muitas das quais compartilham projetos com diferentes parceiros no mundo todo, mas com servidores localizados na Europa, sujeitos à legislação europeia. As empresas podem utilizar uma infraestrutura europeia de dados em nuvem para cumprir as normas de segurança e ter suas metas de desempenho e conformidade validadas por terceiros independentes; e em terceiro lugar, Gaia-X representa uma solução europeia para troca de dados em conformidade com o Regulamento Geral de Proteção de Dados do continente.

 

Alexej Voigt, da Danobat-Overbeck, está confiante de que as atitudes em relação às tecnologias de produção baseadas em dados podem mudar muito rapidamente e acredita que a sustentabilidade poderá ser um grande impulso. A digitalização também torna transparente o consumo de energia relacionado com a produção e permite a avaliação comparativa de diferentes processos de produção. “Este poderia ser um passo importante para calcular a pegada de carbono do produto em todos os ciclos de vida”, disse ele, “e, assim, dar uma contribuição decisiva para a promoção de métodos de produção mais sustentáveis”.

 

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Fonte: GrindingHub

Imagem: Shutterstock

 

 

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