Peter Schwarzmann
Data: 21/05/2017
Edição: PI Abril 2017 - Ano - 19 No 224
Compartilhe:Linhas de fluxos são regiões com espessura maior do que o normal que se encontram presentes em peças termoformadas, e são parcialmente parecidas com frisos (ver figura no início do artigo). Geralmente elas são percebidas pela aparência opticamente “irregular” ou “discrepante”. As linhas de fluxo frequentemente surgem de forma indesejável nas peças termoformadas – sob o efeito de parâmetros desfavoráveis para a conformação, tanto positiva como negativa, durante a pré-conformação do semiproduto:
As linhas de fluxo positivas em peças termoformadas encontram-se tipicamente posicionadas sobre superfícies relativamente planas nos cantos superiores do molde ou da peça conformada (figura 1 e 2). Nos casos onde ocorrem maiores graus de estiramento durante a pré-conformação, as linhas de fluxo se situam nas paredes laterais (figura 3). Esta figura mostra simultaneamente a geometria típica desta linha para um molde em forma de bloco.
Uma vez que as linhas de fluxo sempre implicam aumento da espessura da parede da peça termoformada, elas assumem a aparência de regiões mais escuras no caso de peças conformadas translúcidas observadas contra a luz (figura 4). Este “método de ensaio” é frequentemente usado sob condições de produção industrial, na forma de um rápido controle da qualidade da distribuição de espessuras de parede. Contudo, esse resultado nem sempre é significativo, visto que também as alterações da fração de corantes no masterbatch (por exemplo, durante a troca de lotes) podem fazer com que regiões mais claras sejam avaliadas como “finas demais”, muito embora a espessura de parede esteja dentro dos limites de tolerância.
Diferentemente das peças termoformadas positivamente, as linhas de fluxo “deslizantes” que se formam a partir do contato com segmentos negativos do molde (figura 5) nunca se encontram embaixo da parede lateral. As linhas de fluxo nas paredes laterais presentes em uma peça termoformada de maneira negativa (foto no início do artigo, à direita) surgem sempre em decorrência do contato com um punção de pré-estiramento.
As linhas de fluxo não apenas provocam desvantagens em termos da aparência estética das peças conformadas. Visto que são regiões mais espessas, elas permanecem mais aquecidas no momento da desmoldagem do que as paredes mais finas da peça conformada. Isso leva a tempos mais prolongados de resfriamento, alterações na contração decorrentes do processamento e, não menos importante, deformação da peça estirada pelo punção. O material acumulado na linha de fluxo faltará no resto das paredes da peça conformada. Dessa forma, em muitos casos as linhas de fluxo também afetam a resistência à compressão, o que só pode ser compensado pelo maior consumo global de material.
Contudo, em alguns casos específicos as linhas de fluxo podem ser úteis. Um exemplo disso são os fechos de tampas para embalagens (figura 6). Neste caso se aproveita o efeito de encaixe que se estabelece num fecho com botão de pressão e botão cilíndrico para fechamento, o qual ocorre exclusivamente devido à dissimilaridade entre o botão e a espessura de parede (figura 7). Neste caso, a distribuição de espessuras de material típica das linhas de fluxo não acarreta nenhuma desvantagem em termos estéticos, mas sim, ao contrário, se torna relevante do ponto de vista funcional. Dessa forma, no caso de botões de pressão termoformados, não se pode falar sobre formação de linhas de fluxo.
Linhas de fluxo, como as mostradas nos exemplos deste trabalho, sempre surgem na pré-conformação em função de um resfriamento intenso, muito rápido e localizado no semiproduto. Elas ocorrem nos primeiros pontos de contato do semiproduto com o segmento do molde, com o punção de pré-estiramento ou, em casos isolados, também pela ação de um fluxo de ar concentrado.
O resfriamento do semiproduto quando em contato com o molde encontra-se sujeito às regras gerais da condução de calor. Os principais fatores de influência neste caso são:
De forma análoga, os parâmetros importantes durante o resfriamento por meio de um jato de ar concentrado são:
Há múltiplas abordagens para minimizar ou mesmo suprimir a formação das linhas de fluxo. Uma possibilidade é a redução da diferença de temperatura entre o segmento do molde ou o punção de pré-estiramento e a resina termoplástica no ponto de contato. Neste caso se pode:
A redução do tempo de contato entre o semiproduto e o molde ou punção de pré-estiramento é igualmente possível. Isso pode ser feito por meio de:
A superfície e a intensidade de contato podem ser igualmente reduzidas. Sempre que possível, deve-se reduzir a superfície proporcional de contato para um mesmo contorno externo do molde. Assim, por exemplo, um vértice chanfrado é sempre mais favorável do que a forma de uma esfera, a qual apresenta maior superfície.
Também é importante que o processo de estiramento seja o mais contínuo possível. Portanto, é sempre necessário evitar o efeito de colamento-deslizamento que ocorre durante o estiramento do semi-produto. As medidas necessárias para isso são:
Deve-se considerar também se um outro processo de conformação não poderia dar origem a uma peça com melhor qualidade. Por exemplo, para que se possam fabricar peças técnicas sem a presença de linhas de fluxo usando termoformadoras com placas e moldes positivos, a melhor solução está na pré-aspiração e a aplicação do semiproduto sobre o molde (figura 8). Nunca se deve deixar de considerar a influência do semi produto que está sendo processado. Por exemplo, o ABS tende a formar linhas de fluxo mais rapidamente do que o poliestireno de alto impacto.