Um mercado de reciclagem mais forte no Brasil. Essa é uma das expectativas geradas pela Lei 15.088, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em janeiro de 2025, que proíbe a importação de resíduos sólidos e rejeitos, incluindo plástico, papel, vidro e metal.

 

A medida surge em um cenário em que, de acordo com o relatório “Global Waste Management Outlook 2024”, apresentado na Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente, a produção de resíduos no País pode crescer mais de 50% até 2050, ultrapassando 120 milhões de toneladas anuais.

 

Flávio Ribeiro, embaixador do Movimento Circular, destaca que a nova lei altera a Política Nacional de Resíduos Sólidos ao proibir a importação de diversos materiais recicláveis, impactando o setor.

 

“No mercado externo, traz algo parecido com o que a China e outros países já fizeram no passado. Então, a lei fecha um pouco as portas para que o Brasil se torne um local de descarte de resíduos enviados por outros países que não acharam viabilidade econômica para reciclá-los. Isso faz com que esses países, dentro de suas economias e dinâmicas, encontrem soluções economicamente viáveis para a reciclagem”, comentou.

 

A nova regra também tende a impulsionar melhorias na reciclagem, seja por meio de incentivos econômicos, fortalecimento das cadeias de reaproveitamento ou pelo estímulo à inovação.

 

“Isso significa: maneiras de reciclar melhor, instrumentos econômicos e construções de cadeias de reciclagem, assim como o desenvolvimento de produtos e materiais mais circulares em outros países. Em âmbito global, isso vai se fortalecendo conforme vários países adotam normas desse tipo”, complementou Flávio.

 

 

Valorização da cadeia de reciclagem

 

Flávio enfatizou que, para o Brasil, a principal consequência da nova lei é o fortalecimento da cadeia de reciclagem, principalmente considerando outras medidas regulatórias que têm sido estabelecidas, como as metas de incorporação de material reciclado em embalagens.

 

“As indústrias terão agora que usar os materiais reciclados obtidos do mercado brasileiro. Com isso, há uma tendência de aumento da demanda por estes materiais reciclados nas empresas do País. Isso valoriza a cadeia de reciclagem, criando novas rotas e oportunidades econômicas. Esperamos, ainda, que tanto os catadores quanto as empresas de reciclagem sejam beneficiados, promovendo uma economia mais circular”, pontuou.

 

Outro destaque da legislação é que ela protege o mercado brasileiro de receber materiais que, na verdade, são rejeitados em outros países, mas poderiam chegar ao Brasil disfarçados de resíduos recicláveis. Isso força as empresas globais a buscarem soluções mais sustentáveis e circulares para seus produtos e embalagens, beneficiando o mundo inteiro.

 

“Dentro do âmbito nacional, você obriga ou fortalece um melhor mercado de reciclagem. Ou seja, temos uma possibilidade de aumento de demanda de materiais recicláveis”, concluiu.

 

Flávio Ribeiro é embaixador do Movimento Circular e é também doutor em ciências ambientais, consultor e professor de economia circular, logística reversa e regulação ambiental empresarial.



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