Pesquisadores vinculados ao Centro de Desenvolvimento de Materiais Funcionais (CDMF), da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), descreveram uma via que possibilita a síntese seletiva de um material antimicrobiano passível de produção em escala industrial.
Conhecido como tungstato de prata, o material inorgânico pode ter diferentes estruturas tridimensionais (polimorfos) e aplicações industriais. Segundo o pesquisador Román Alvarez-Roca, foi desenvolvida uma via de síntese seletiva de três polimorfos de tungstato de prata, conhecidos como α-, β- e γ-, por um método simples em temperatura ambiente e sem o uso de surfactantes, o que permite a produção desses materiais em escala industrial.
A pesquisa, financiada pela Fapesp, explorou o possível mecanismo responsável pela atividade fotocatalítica e antibacteriana desses polimorfos, bem como o seu processo de formação e crescimento. “O estudo faz parte de um grande projeto para otimizar compostos viáveis para serem utilizados na fabricação de polímeros usados na indústria. A principal propriedade desses materiais é a eliminação de bactérias resistentes, fungos e vírus”, disse Elson Longo, diretor do CDMF e um dos autores da pesquisa.
Os polimorfos do tungstato de prata foram sintetizados seletivamente por meio de uma rota de precipitação simples em temperatura ambiente. A síntese controlada foi realizada por meio do ajuste das relações volumétricas dos precursores em solução: o nitrato de prata e o tungstato de sódio. Obtidas as fases, as propriedades estruturais, microestruturais e eletrônicas do material foram investigadas usando uma combinação de diversas técnicas experimentais.
Por meio de irradiação de luz ultravioleta, por exemplo, foi examinada a relação estrutura-propriedade entre a morfologia e as atividades fotocatalíticas, com ênfase na degradação do fármaco Amilorida – utilizado como anti-hipertensivo e diurético –, e antibacterianas contra o Staphylococcus aureus, resistente à penicilina.
“Para complementar e justificar os resultados experimentais, foram realizados estudos teóricos por simulação, permitindo um entendimento melhor das propriedades no nível atômico, além da morfologia e das superfícies expostas dos polimorfos do tungstato de prata”, explicou Roca. Os ensaios experimentais apontaram que mesmo a α-Ag2WO4 sendo a fase mais estável e a que tem sido mais amplamente explorada em diversas aplicações foi a fase β-Ag2WO4 que apresentou os melhores resultados para as aplicações exploradas.
Ainda segundo Roca, “a partir de agora queremos investigar outros comportamentos e aplicações para as fases β- e γ-Ag2WO4, as menos estáveis e, por conseguinte, as que foram menos estudadas até agora”.
(Foto: divulgação CDMF)
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