Os efeitos da crise sanitária causada pela pandemia de Covid-19 continuam a exigir das empresas do setor de plásticos muito planejamento e o estabelecimento de medidas para enfrentar as dificuldades atreladas a este cenário.
Essa perspectiva é compartilhada por entidades do setor que consideram a possibilidade de que o desequilíbrio entre oferta e demanda de matéria-prima muito provavelmente provocará também instabilidade de preços de insumos, continuando a dificultar as atividades de empresas e instituições dessa área.
A possibilidade de escassez de plásticos nos próximos anos é um dos fatores que merecem atenção especial. De acordo com Laercio Gonçalves, presidente da Associação Brasileira dos Distribuidores de Resinas Plásticas e Afins (Adirplast), e Osvaldo Cruz, diretor da distribuidora internacional de resinas Entec, empresa que integra o grupo Ravago, há uma chance muito grande de a crise no fornecimento de polímeros durar até o próximo ano.
“Nunca tivemos tantos acontecimentos que impactaram a produção e o consumo ocorrendo ao mesmo tempo e em um curto período”, disse Laercio. Já Osvaldo, comentou que “essa instabilidade faz com que nós, distribuidores, estejamos sempre preparados para que o nosso planejamento de compras atenda de fato aos nossos clientes e suas demandas futuras, e para que possamos ajudar os pequenos e médios transformadores de plásticos da melhor forma possível”.
Na visão de ambos os executivos, outros fatores poderão contribuir para a falta de polímeros e o aumento de preços como, por exemplo, a alta do dólar e, consequentemente, o aumento de custos de serviços relacionados a este setor, bem como a “demora na chegada desses produtos por aqui afeta o mercado nacional, mesmo que haja notados esforços de produção local”, conforme salientou Laercio, se referindo à matéria-prima que é fornecida por produtores estrangeiros.
Sobre o provável aumento de preços, o presidente da Adirplast comentou: “Essa é uma tendência que se explica por vários motivos como, por exemplo, pelo preço do barril de petróleo que saltou de US$ 40 no final de 2020 para US$ 60 atualmente. A alta de mais de 20% da nafta e do etano são outros indicadores”.
Além disso, Osvaldo mencionou alguns acontecimentos no ano passado que contribuíram para o atual cenário. “No quarto trimestre de 2020, os Estados Unidos e o Golfo do México foram impactados por tempestades e furacões que contribuíram para retardar ainda mais o início das operações das plantas petroquímicas da região”. Ainda a respeito disso, ele falou sobre uma recente interrupção de atividades de refinarias de petróleo no estado norte-americano do Texas devido à ocorrência de fenômenos climáticos atípicos na região.
Apesar das previsões tortuosas, Erasmo Fraccalvieri, diretor da distribuidora de filmes bio-orientados Tecnofilmes, salientou que as dinâmicas de oferta e de demanda das resinas plásticas nas Américas precisam ser analisadas com cuidado: “o Texas responde por menos de 5% da produção mundial de petróleo e o congelamento de parte da sua produção não afetou os contratos futuros. Podemos ter um desconforto, mas momentâneo e localizado”.
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Foto: Pixabay
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