Por Luiz Henrique Caveagna*
O alumínio sempre exerceu um papel fundamental na economia brasileira. No passado, o país chegou a ser o 6º maior exportador mundial desse metal, além de suprir toda a demanda interna de produtos. Embora com uma produção menor, atualmente, o Brasil demanda um volume de produtos próximo a 1,5 milhão de toneladas de transformados, nas mais variadas aplicações do alumínio.
A preços atuais, a economia deste material, em todos os seus mercados, movimenta R$ 83 bilhões, de acordo com os dados mais recentes da Abal – Associação Brasileira do Alumínio.
De certa forma, o que justifica essa grande participação do metal no mercado e na economia é a versatilidade e a variação de aplicações do alumínio, que vão desde latas de bebidas e alimentos, até a construção das linhas de transmissão e distribuição de energia elétrica, passando por produtos estruturais, de decoração, utensílios domésticos, bens de consumo, além de materiais destinados a indústrias como a de tubos para construção civil e a automotiva, por exemplo. Ou seja, é praticamente impossível não utilizarmos algum produto de alumínio em nosso dia a dia.
O alumínio é extremamente trabalhável mecanicamente e oferece origem a diversos processos de fabricação para várias aplicações. A evolução tecnológica possibilitou a fabricação de ligas resistentes e, ao mesmo tempo, leves, o que viabiliza um uso mais intensivo até mesmo na indústria aeroespacial.
A opção de escolha do alumínio para tantas áreas diferentes pode ser entendida quando compreendidos os benefícios deste metal. E são muitos. Trata-se de um metal leve, que apresenta elevadíssima resistência à corrosão sob temperatura ambiente, que possui excelente condutividade térmica e uma relação muito favorável entre condutividade elétrica e peso específico. Além de não ser magnético, seu preço é mais competitivo em comparação a outros metais, por ser abundante na natureza. É também um metal especialmente indicado para a conservação de alimentos e bebidas.
Destaque em sustentabilidade
Além de todas essas qualidades relacionadas aos benefícios do metal, existe uma que merece destaque: a sustentabilidade. Sem dúvida, este aspecto torna o alumínio e sua utilização intensiva muito mais atrativa, desde a exploração do minério (no qual se faz uma planejada rotação na exploração das minas com o respectivo reflorestamento após o esgotamento), até o seu elevado índice de reciclagem. Com um índice superior ao da média mundial, o Brasil recicla cerca de 38,5% de todo o consumo doméstico, conforme apontam dados da Abal.
O alumínio é infinitamente reciclável. 75% deste metal existente no mundo ainda não foi disponibilizado para reutilização. Com a reciclagem, para cada tonelada de alumínio produzido a partir deste método, economizamos 4,5 toneladas de minério de bauxita, com a consequente preservação das minas e paisagens. Além disso, a reciclagem do alumínio despeja apenas 5% de partículas na atmosfera em relação à mesma quantidade do material fabricado a partir do minério.
Outro ponto de destaque é em relação à economia de energia durante a produção do material. De modo geral, a cada quilo de alumínio reciclado gasta-se dezenove vezes menos energia do que a mesma quantidade obtida pelo método tradicional. Só para visualização, a economia de energia elétrica que o Brasil faz com a reciclagem do material, atualmente, é equivalente a manter abastecida de energia uma cidade como Campinas, no interior de São Paulo, durante um ano inteiro.
Este cenário reflete o papel fundamental do alumínio e como o setor é importante para a economia, responsável por movimentar recursos que vão desde a necessidade para complemento de renda de catadores (reciclagem de latas) até o suprimento de infraestrutura de energia elétrica, necessária para o desenvolvimento do País.
Mercado do alumínio em 2021
Antes de vislumbrarmos as perspectivas para 2021, é preciso entender o contexto e o que representou o ano de 2020. A pandemia de Covid-19 impactou diretamente a economia, não só nacional, mas global. No setor de alumínio não foi diferente. Estima-se uma queda entre 7% e 8% acumulada durante 2020.
Para 2021, muitas consequências da pandemia ainda devem seguir no cenário econômico, uma vez que estamos longe de erradicá-la, com um ritmo de vacinação muito pequeno, além de estarmos rumando para uma fase mais aguda de transmissão e disseminação da doença.
Neste contexto, existe a possibilidade de repetirmos este ano aquilo que vimos em 2020, ou seja, uma fase declinante da economia para uma recuperação acelerada ou em “V”. Dessa forma, levando-se em conta os efeitos da pandemia, estimamos que a demanda interna a ser atendida neste ano deva girar em torno de 1,3 a 1,4 milhão de toneladas de alumínio.
*Luiz Henrique Caveagna é diretor-geral da Termomecanica, empresa do segmento de transformação de cobre e suas ligas.
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