A norueguesa Tomra, desenvolvedora de equipamentos para reciclagem (separação e triagem) de resíduos sólidos, com unidade brasileira em São Paulo (SP), firmou uma parceria com a instituição Exchange4Change Brasil, uma think tank coordenada pela engenheira Beatriz Luz, que promove a troca de experiências e a interação entre empresas de diferentes elos das cadeias produtivas com o objetivo de acelerar a implementação de práticas que estejam de acordo com princípios de economia circular no Brasil.
Essas ideias estão se materializando pela formação de um ecossistema que reúne empresas líderes comprometidas a trabalharem juntas para superarem barreiras e viabilizarem projetos. O hub formado pela instituição já conta com a participação de companhias e instituições como Gerdau, Nespresso, Plastiweber, Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), Electrolux entre outros. Também já promoveu discussões junto ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações e à Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).
“Temos um grande interesse nesta iniciativa, pois acreditamos que contribuirá diretamente para a consciencialização das empresas e órgãos governamentais de que só é possível aumentar a circularidade dos materiais com a união de toda a cadeia produtiva. Além disso, acreditamos que com a implantação das centrais de triagem de resíduos sólidos, uma indústria recicladora bem estruturada e com o uso de materiais secundários pela indústria, podemos viabilizar a circularidade dos materiais no Brasil.”, explicou Carina Arita, diretora comercial da Tomra no Brasil.
Para Beatriz Luz, “é importante que o mercado compreenda a necessidade urgente de redefinir o mindset de negócios e que é possível crescer e se desenvolver sem deixar pra trás um passivo ambiental e social. A importância de trazermos o debate da economia circular para o Brasil é a demonstração deste senso de urgência, e que não podemos mais trabalhar de forma compartimentada e com um olhar de curto prazo”.
A engenheira defende também que o mercado brasileiro tenha um olhar diferenciado para a reciclagem, e que não basta investir em tecnologia se a cadeia não estiver conectada. “Temos de unir todos os atores e trabalhar na articulação completa da cadeia de valor para garantir o fornecimento de matéria prima de qualidade para o mercado com rastreabilidade, escala e viabilidade econômica”, concluiu.
Resíduos plásticos no Brasil
De acordo com um relatório sobre a poluição por resíduos plásticos da WWF, divulgado em 2019, o Brasil é o quarto maior produtor de resíduos plásticos do mundo, atrás apenas de Estados Unidos, China e Índia. Embora o País tenha uma alta taxa de coleta de plásticos para reciclagem, ainda encontramos na composição média do resíduo descartado no Brasil 13% de plásticos, tanto flexíveis quanto rígidos, conforme dados do Ministério do Meio Ambiente. Ou seja, cerca de 9,5 milhões de toneladas de plásticos foram aterradas em 2018, considerando-se a geração de 79 milhões de toneladas de lixo em 2018, de acordo com o Panorama dos Resíduos Sólidos 2018/2019, produzido pela Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública (Abrelpe).
Esse material plástico com potencial de reciclagem poderia ser recuperado se os resíduos sólidos fossem processados e triados antes do seu descarte final. Todo o material reciclável pós-consumo que é recuperado dos resíduos, seja por catadores ou em centrais de triagem é facilmente comercializado e aproveitado pela indústria recicladora. “O desafio, atualmente, está em como aumentar o volume de material recuperado e, conseqüentemente, a fonte de material para a reciclagem. Para suprir essa demanda as centrais de triagem de resíduos sólidos urbanos com grandes capacidades – até 1.000 toneladas por dia ou até mais – podem promover a recuperação dos recicláveis contidos nesses resíduos que atualmente estão sendo depositados em aterros e lixões para retornarem à cadeia produtiva”, afirmou Carina Arita.
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