A VeeloRe (São Paulo, SP), está trazendo para o mercado brasileiro uma linha de poliamidas de origem renovável, desenvolvidas pela chinesa Cathay Biotech Inc. Fortes candidatas a substituir os materiais de origem fóssil, elas podem ser especificadas para uso na fabricação de peças técnicas em segmentos com requisitos bastante rígidos de desempenho, tais como automobilístico, de eletrodomésticos de linha branca e eletroeletrônicos.

As resinas bioplásticas estão disponíveis em diferentes grades. A linha Terryl é destinada ao mercado de produtos têxteis, enquanto a Ecopent, de materiais de engenharia (PA 5.6 e PA 5.10), é recomendada para a produção de peças técnicas, podendo ser processada em equipamentos convencionais de transformação de termoplásticos. Já estão disponíveis para o mercado brasileiro os seguintes grades:

 

 

Conteúdo renovável em diferentes teores

As poliamidas da linha Ecopent possuem o certificado europeu DIN Certco (TÜV Rheinland), que usa a metodologia ASTM 6866 para determinar o conteúdo de origem renovável em materiais, podendo apresentar uma taxa de carbono de fonte renovável na faixa entre 47% e 100%.

O grade 5.6 possui 47% de conteúdo de origem renovável, pois a sua estrutura demanda a presença de ácido adípico (fóssil) na composição para que atinja as propriedades de sua contraparte de origem totalmente fóssil, a PA 6.6. sua adoção leva à uma redução de 50% na pegada de carbono (veja esquema à direita).

 

Já o grade 5.10 é obtido a partir da composição da pentametilenodiamina e do ácido sebácico, ambos de origem totalmente renovável, e por isso recebe o selo de 100% de conteúdo renovável (esquema à esquerda). O perfil de propriedades deste grade o torna um substituto viável para aplicações normalmente atendidas pela PA 6.10 de origem fóssil.


 

 

 

Mercado em crescimento

 

A Veelore iniciou suas atividades em maio deste ano, e tem como sócios profissionais com ampla experiência no mercado de poliamida. Josimar Fazolare, um dos sócios e diretor comercial da empresa, ocupou cargos de decisão na Rhodia (Grupo Solvay) pelos últimos 30 anos e está assumindo agora o atendimento de todo o mercado sul-americano, em um momento de boas perspectivas para os bioplásticos em nível mundial.

 

De acordo com o site European Bioplastics, o mercado global de bioplásticos deverá crescer a taxas próximas de 30% ao ano até 2030, enquanto o mercado de plásticos tradicionais deverá ficar próximo de 3% ao ano.

 

Josimar comentou sobre os principais drives para a expansão do mercado de bioplásticos nos próximos anos. Além da conscientização do consumidor final para as questões de sustentabilidade e da pressão de mercado pelas práticas de ESG (environmental, social and governance, ou ambiental, social e de governança), começam também a surgir barreiras não alfandegárias a produtos cujos fabricantes não tenham controle sobre a pegada de carbono. “Iniciativas como o CBAM, na Europa, visam estabelecer um mecanismo de ajuste de carbono na fronteira, sobretaxando produtos de empresas que não estejam em conformidade com os níveis de emissão de carbono em seus processos produtivos. O mesmo está ocorrendo nos Estados Unidos, o que é uma preocupação para quem tem interesse em atuar nesses mercados, além de ser uma tendência que levará outros países a seguir as condutas europeia e americana”, informou o executivo.

 

Em relação aos custos, Josimar afirma que os materiais serão bastante competitivos, especialmente neste momento em que o mercado enfrenta a instabilidade no suprimento de matéria-prima e a consequente volatilidade dos preços. O suprimento dos produtos de origem renovável, segundo ele, é, inclusive, mais estável do que o verificado atualmente no mercado de resinas de origem fóssil.

 

Ilustrações (VeeloRe): Aplicações da Ecopent na indústria automobilística; esquemas de obtenção das poliamidas 5.6 (47% de origem renovável) e 5.10 (100% de origem renovável)



 

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