O uso de plásticos no campo se consolida cada vez mais como uma forma de otimizar o cultivo de alimentos e processamento de grãos, aplicações para as quais filmes agrícolas e silo-bolsas têm sido muito demandados. Além disso, existem projetos em andamento que visam à utilização de resinas recicladas na fabricação de mourões e pisos para currais.
Embalagens plásticas para o acondicionamento de fertilizantes e de outros produtos, e tubos, muito usados na construção de sistemas de irrigação, bem como lonas e sacarias fabricadas a partir de polímeros, também constituem o conjunto de itens muito demandados no agronegócio.
O crescimento do ramo desde o início deste ano foi apontado em uma pesquisa divulgada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). De acordo com o estudo, em julho de 2021, produtos como café, açúcar, algodão e carne suína bateram recordes de exportações.
O levantamento também mostrou que de janeiro a julho de 2021 a soja, carne bovina, açúcar, a madeira e o milho foram os produtos que apresentaram maior variação positiva nos preços médios, cujos percentuais foram, respectivamente, 28,6%, 12,2%, 14,7%, 15,0% e 22,2%.
Também são positivas as perspectivas de consumo de plásticos na área do agro em 2022. Ana Paiva, coordenadora de desenvolvimento de mercado agro da Braskem, com unidade em São Paulo (SP), fez alguns apontamentos referentes a segmentos do ramo de plásticos que têm grande potencial de crescimento no próximo ano, de acordo com estimativas apresentadas pela companhia.
O aumento da demanda por filmes agrícolas para o acondicionamento de grãos e de tubos plásticos para a construção de sistemas de irrigação está entre os exemplos mencionados: “O resultado expressivo no campo aqueceu o mercado de silo-bolsas produzidas em plástico, que atingiu a marca de mais de 144 mil unidades consumidas em 2020. Isso significa um crescimento de demanda de mais de 36%, quando comparado ao ano anterior”.
Ainda segundo ela, “o crescimento se mantém em 2021 e a expectativa é que continue em 2022, como vem acontecendo, de forma muito consistente, ano a ano”.
Tubos plásticos no radar do agro
Outro ponto abordado foi o potencial aumento da demanda por tubos plásticos no agronegócio em 2022. De acordo com as estimativas apresentadas por Ana, há uma grande chance de o consumo de tubulações aumentar neste e no próximo ano devido à necessidade de se estabelecer sistemas de irrigação.
“Principalmente no que diz respeito aos sistemas de irrigação localizada que promovem um melhor aproveitamento da água. No gotejamento, por exemplo, a planta aproveita até 96% da água colocada no solo”, comentou. Ela complementou o conjunto de dados afirmando que, “as análises da Braskem apontam para um crescimento em torno de 20% do segmento de resina de polietileno (PE). Pelo grande impacto positivo que esta solução tem na produção agropecuária, a expectativa é que a demanda de PE para fabricação de tubos cresça no próximo ano”.
Segundo informações da Braskem, deverá ser oficializado ainda no começo de 2022 o início das atividades do Centro de Pesquisa de Plasticultura, projeto encabeçado pela companhia e pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), que será voltado para o desenvolvimento de produtos fabricados com plásticos para aplicações no campo.
Polímeros reciclados no campo
Um projeto que visa à utilização de polímeros reciclados na fabricação de mourões e pisos para currais está sendo coordenado pela JBS, com sede em São Paulo (SP), em parceria com universidades. Essa informação foi fornecida por Suzana Carvalho, diretora executiva da divisão de fertilizantes da empresa.
Segundo ela, as frentes de trabalho consistem no desenvolvimento de materiais compósitos que sirvam como alternativa a materiais tradicionais. “Estamos utilizando resíduos para produzir mourões para currais, visando à substituição da madeira de eucalipto pela madeira plástica”. Ela complementou dizendo que o projeto engloba ainda a produção de gaiolas para transporte de animais vivos.
Imagem: Freepik
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