Por PICPlast*
Em 5 de junho é celebrado o Dia Mundial do Meio Ambiente, e durante toda a primeira semana do mês são realizadas ações de conscientização sobre o tema. Pessoas do mundo inteiro têm expressado suas preocupações com o impacto do descarte incorreto de resíduos na preservação do meio ambiente, e a indústria do plástico vem realizando mudanças para fabricar produtos mais adequados aos modelos da economia circular.
Os investimentos em pesquisa e desenvolvimento visam desde a criação de novos designs de embalagens e produção de polietileno a partir do etanol de cana-de-açúcar até maneiras mais eficazes de reciclar resíduos plásticos.
De acordo com Simone Carvalho, membro do comitê técnico do PICPlast (Plano de Incentivo à Cadeia do Plástico), “no Brasil, soluções que remodelam os processos de produção de plásticos e de reciclagem estão emergindo já há alguns anos por necessidade e urgência. As empresas tomaram medidas para reduzir a quantidade de plástico produzindo garrafas PET mais leves, por exemplo; ao mesmo tempo, o comportamento dos consumidores está começando a mudar à medida que as pessoas abraçam a economia compartilhada”.
Confira a seguir algumas mudanças que, nos últimos anos, têm feito a indústria do plástico evoluir a caminho de uma atuação mais sustentável:
1 – Brasil tem o primeiro polietileno verde certificado mundialmente
Em 2007, a Braskem anunciou a produção do primeiro polietileno a partir de etanol de cana-de-açúcar certificado mundialmente, utilizando tecnologia desenvolvida no Centro de Tecnologia e Inovação da empresa. O material, atualmente, é usado em diversas aplicações como, por exemplo, na fabricação de brinquedos, embalagens de cosméticos, equipamentos para jardinagem e até mobiliário como cadeiras e mesas.
A evolução se dá pelo fato de o material contribuir para a redução da emissão de gases do efeito estufa na atmosfera, já que captura 3,09 toneladas de gás carbônico durante o seu processo produtivo. A resina também apresenta as mesmas características do polietileno tradicional, ou seja, é 100% reciclável. Além disso, não há necessidade de adaptações do maquinário que será usado para processá-la.
2 – Logística reversa passa a ser lei para a destinação do plástico
A logística reversa foi instituída pela Lei Nº 12.305, que trata da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), segundo a qual as empresas devem se responsabilizar pelo ciclo de vida do produto, ou seja, desde o seu projeto até o descarte final e retorno ao ciclo produtivo. Com isso, as empresas passaram a promover ações como campanhas com o intuito de arrecadar e recolher produtos.
Um exemplo é o “Descarta Aí”, projeto que incentiva a logística reversa de baldes plásticos usados na construção civil, iniciativa da Câmara Setorial dos Fabricantes de Baldes Industriais da Abiplast (Cofabi), com patrocínio da Braskem e operacionalização da Yatoó.
3 – Lançamento do Selo Nacional de Plásticos Reciclados
O Selo Nacional de Plásticos Reciclados (Senaplas) foi lançado no dia 20 de janeiro de 2014 como uma solução para identificar, valorizar e certificar as empresas do segmento de reciclados plásticos que atuam de acordo com os critérios socioambientais e econômicos exigidos pela Lei (Senaplas Empresa).
Em 2018 foi lançado o Senaplas Produto, que visa atestar certas propriedades da resina reciclada – densidade, índice de fluidez, temperatura de amolecimento ou fusão e/ou módulo de flexão. A certificação valoriza o produto, garantindo ao mercado a qualidade superior do material durante a validade do selo (24 meses). Esse foi um importante marco para regulamentar e estabelecer um padrão de qualidade para os produtos plásticos reciclados.
4 – Investimento em recuperação de resinas plásticas pós-consumo
De acordo com uma pesquisa encomendada pelo PICPlast, no ano de 2020, 72% da produção de plásticos reciclados no País tiveram origem no resíduo pós-consumo, enquanto 28% foram de resíduo pós-industrial.
Alguns transformadores aderiram ao mercado de recuperação de resinas para vendas a terceiros. Um exemplo é o segmento bottle-to-bottle – processo que transforma uma garrafa PET pós-consumo em outra nova e pronta para ser envasada –, que está em alta, impulsionado principalmente pelas metas de sustentabilidade ambiciosas de grandes empresas, como a Coca-Cola.
5 - Modernização da reciclagem
O principal motivo de perdas no processamento de resíduos ainda é a contaminação da sucata plástica por materiais indesejados, que ocorre pela dificuldade na triagem. Por esse motivo, as recicladoras de plásticos há anos vêm se modernizando e se valendo da tecnologia.
Uma evidência significativa é o número crescente de unidades de reciclagem munidas de sensores ópticos para distinguir plásticos com maior precisão na triagem dos resíduos, assegurando maior fluidez e pureza ao material que é moído e extrudado.
Por fim, nesse consenso da indústria e consumidores em prol da sustentabilidade, o mundo caminha para a economia circular, que busca evitar a disposição de resíduos em aterros e estimular o descarte correto de resíduos plásticos, o que reduz os impactos socioambientais.
*O Plano de Incentivo à Cadeia do Plástico (PICPlast) é uma iniciativa criada pela Braskem e a Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast).
Infográfico: PICPlast
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