Hellen Souza, da redação
O mercado de brinquedos é consumidor intensivo de componentes plásticos, utilizando praticamente todos os processos de transformação na fabricação de produtos para um público exigente e ansioso por novidades.
Dados da Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq) indicam que o setor empregou em 2021 mais de 36 mil trabalhadores e teve um um faturamento de R$ 7,8 bilhões, com projeção para este ano de R$ 8,5 bilhões.
Atuar neste mercado exige um olhar atento a tendências de consumo fundamentadas em aspectos culturais, a exemplo do que tem feito a Estrela, uma das mais antigas e conceituadas fabricantes de brinquedos do Brasil. Abalada durante a Era Collor pela abertura de mercado e pela cotação do dólar que favorecia as importações, a empresa viu seu parque produtivo declinar, tendo seu quadro de funcionários reduzido de 12 mil funcionários para apenas 400 em poucos anos, quando passou a enfrentar a concorrência com os brinquedos importados da China.
A oportunidade de ganhar fôlego veio com a salvaguarda do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio, em 1996, instituindo alíquotas de importação que foram renovadas nos anos subsequentes, permitindo às empresas se reestruturarem para competir com os fabricantes estrangeiros.
Na Estrela essa recuperação veio na forma de renovação do portfólio de produtos, uma conduta que a empresa segue até hoje e que a faz lançar todos os anos entre 100 e 150 novos itens, com foco constante na busca por novidades que caracteriza o seu exigente público consumidor.
A empresa está estruturada com três unidades produtivas, sendo uma em Itapira (SP), com um parque de 48 máquinas injetoras e uma sopradora; outra em Três Pontas (MG), onde operam linhas de rotomoldagem e sopro; e outra em Ribeirópolis (SE), também com linhas de rotomoldagem e sopro. A unidade paulista abastece as demais com itens injetados, sendo que do complexo mineiro saem produtos para os mercados do Sul, Sudeste e Centro Oeste, enquanto a unidade sergipana abastece as regiões Norte e Nordeste.
Para fabricar em torno de 405 milhões de itens por mês, são consumidas anualmente 1.166 toneladas de resinas plásticas, incluindo polietileno (PE), polipropileno (PP), poliestireno (PS) e acrolinitrila-butadieno-estireno (ABS).
A busca de informação para atualização do parque industrial é constante, o que inclui a ida de um corpo técnico da empresa à Feira K, este ano. ”Trata-se de uma indústria de resistência, que sobreviveu a sucessivas crises”, comentou Aires Fernandes, diretor de Marketing da Estrela, avaliando que hoje a empresa está capacitada tecnologicamente para concorrer com as grandes players mundiais do setor.
Radar de novidades e mercado sazonal
Desenvolver produtos temáticos, diversificar e buscar o licenciamento de marcas fazem parte das estratégias da Estrela para manter sua posição de liderança entre fabricantes de brinquedos, em um mercado bastante movido à sazonalidade, que tem seu ponto alto no Dia das Crianças, 12 de outubro.
Para o evento deste ano, a empresa está trabalhando com novas linhas, como a que foi desenvolvida a partir do licenciamento junto à influenciadora digital e apresentadora de TV Paula Stephânia, cujo canal no Youtube, com foco no “faça você mesmo” voltado para crianças e adultos, contabiliza mais de quatro milhões de inscritos. Em parceria com a influencer, a Estrela desenvolveu quatro kits do tipo “faça você mesmo”, incluindo componentes plásticos para a realização das pequenas tarefas, sendo uma delas a reciclagem de materiais.
No segmento de bonecas, mais tradicional e responsável por 25% do mercado de brinquedos em geral, a empresa optou por lançar modelos que compõem a coleção “Casa dos Sonhos”, reproduzindo aspectos da vida diária. Fazem parte da rotina das bonequinhas momentos como “hora de dormir” e “hora de estudar”, para os quais são necessários itens específicos vestuário e mobiliário, fabricados em materiais plásticos.
Jogos cartonados e jogos de ação que implicam o uso de uma infinidade de componentes plásticos também são uma parte importante do portfólio da empresa, a exemplo dos tradicionais Banco Imobiliário, cuja primeira versão data da década de 40, mas que ainda é um campeão de vendas. Renovado e com novas linhas temáticas, o produto ganhou novas propriedades que podem ser negociadas pelos jogadores, desenvolvidas a partir da apuração de votos feitos no site da Estrela. Entre elas estão pontos turísticos como o Museu de Arte de São Paulo (MASP), o Pelourinho e o Pão de Açúcar. Em uma nova versão do jogo, chamada Petrópolis - o Banco do Petróleo, os jogadores podem adquirir concessões em países produtores de petróleo, explorá-las e desenvolvê-las.
Todos os jogos, mesmo os baseados em cartas de papel, demandam componentes usados na sinalização do avanço dos competidores, por exemplo, o que faz da empresa um celeiro de ideias para os jogos, mas também de projetos de produtos plásticos.
Fotos: Estrela
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