Hellen Souza, da redação

 

As condições que se estabeleceram no pós-pandemia beneficiaram bastante a indústria de duas rodas. Dados da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo ) indicam que em setembro foram vendidas 123.641 unidades, ou seja, um crescimento de 4,3% em relação ao mês de agosto. A comparação com o mesmo período de 2021 também é animadora, apontando um salto de 13,6%.

 

O vigor desse mercado tem reflexos diretos na demanda por capacetes, acessórios indispensáveis para quem opta pela motocicleta como meio de transporte, e a Taurus Helmets, fabricante desse item de segurança, com unidade produtiva em Mandirituba (PR) , tem registrado recordes de produção. Em suas instalações compostas por 20 injetoras de plásticos, são produzidas atualmente seis mil peças/dia (a capacidade instalada comporta até 10 mil), entre cascos injetados em acrilonitrila butadieno-estireno (ABS) e viseiras em policarbonado (PC), além de palas e nuqueiras em polietileno (PE). Itens como forração e berço (que fica entre a cabeça do motociclista e o casco), são comprados de fornecedores locais. Investimentos em tecnologia incluem o uso de moldes multicavidades, desenvolvidos em conjunto com com ferramentarias parceiras situadas em Joinville (SC).

 

Tudo a favor

 

Carlos André de Laurentis, CEO da Taurus Helmets, explicou que o mercado de capacetes populares é muito forte no Brasil, tendo em vista que 80% da frota de motocicletas no País consistem em modelos de até 160 cilindradas. O mercado para os acessórios é igualmente promissor, além de ser praticamente protegido contra a entrada de concorrentes externos por aspectos como a necessidade de atendimento às normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e a questão logística: os altos custos dos fretes internacionais se somam ao fato de que o transporte dos capacetes implica a ocupação de muito espaço para um baixo volume de produto, inviabilizando a importação. “Ao transportar capacetes se transporta muito ar, por isso a importação deste item só compensa no caso de modelos de alto valor agregado”, comentou o executivo.

 

Assim, a empresa aproveita o momento de demanda crescente, impulsionada pelo alto preço dos combustíveis e, consequentemente, das passagens do transporte público. “Circular em uma scooter de 110 cilindradas, que roda 45 quilômetros com um litro de combustível é mais barato do que andar de transporte público”, avaliou Carlos. A opção pelo transporte individual, que esteve em alta durante a pandemia, também contribuiu para o bom desempenho do mercado de duas rodas, assim como o pico de demanda por serviços de entrega que ocorreu no segundo semestre de 2020, e que agora se estabiliza.

 

Com base no Relatório da Frota Circulante do Sindipeças, o executivo avaliou haver hoje a perspectiva de aumento de frota, após ciclos de altos e baixos decorrentes de reveses históricos recentes.

 

O CEO também comentou a respeito da iminente eletrificação da frota de motocicletas, que tende a ocorrer de forma mais rápida do que tem ocorrido para os automóveis. Ele citou como exemplo os altos investimentos da start up Voltz na fabricação de motos elétricas em sua fábrica de Manaus (AM). A montadora anunciou o lançamento de cinco novos modelos para 2023, enquanto contabiliza só este ano 3,6 mil unidades emplacadas e procura resolver uma fila de espera de 14 mil motos.

 

No primeiro semestre deste ano a Voltz anunciou uma parceria com a empresa de aplicativo de serviço de entregas iFood que permitiu o lançamento do modelo EVS Work, especial para entregadores e comercializado por menos de R $10 mil.






 

Fotos: Taurus Helmets




 

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