A Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) divulgou no início desta semana os dados relacionados à produção do setor no primeiro trimestre deste ano. Os números de março apontam aumento de 37,3% da produção em relação ao mês de fevereiro, mas o volume acumulado no primeiro trimestre ainda está cerca de 50 mil unidades abaixo dos níveis pré-pandemia. De janeiro a março foram produzidos 538 mil autoveículos, 8% a mais que no início do ano passado, período em que a crise dos semicondutores estava no auge. No setor de veículos pesados houve redução de cerca de 30% no volume de produção.

“Nesses três primeiros meses tivemos oito paralisações de fábrica e dois cancelamentos de turno, algo semelhante às paradas verificadas no início de 2022. A diferença é que no ano passado o motivo era somente a falta de componentes, enquanto agora há outros fatores provocando férias coletivas, como o resfriamento da demanda”, explicou Márcio de Lima Leite (foto), presidente da Anfavea, lembrando que há novas paralisações anunciadas para abril, com possibilidade de comprometer os resultados dessa indústria que é consumidora intensiva de componentes fabricados a partir de chapas metálicas.


 

As vendas acumuladas de automóveis no trimestre foram de 472 mil unidades. De acordo com comunicado da associação, o crescimento de 16,3% sobre o mesmo período do ano passado aponta recuperação, mas a base de 2022 é muito baixa, comprometendo a comparação. Em relação aos volumes de antes da pandemia, a defasagem é superior a 20%.


 

“A fotografia do momento seria pior se não fossem as boas vendas para locadoras em março, que representaram 28% do total. Essas empresas ainda têm uma considerável demanda reprimida, mas isso não vai sustentar nossos volumes por tanto tempo caso não haja uma reação mais forte no varejo, o que depende de melhorias nas condições de financiamento, entre outras medidas para reaquecer o mercado”, analisou Leite.


 

As exportações em março mantiveram a média diária de 1.900 unidades de fevereiro, o que indica o cumprimento de contratos com os principais destinos, mas sem aumento dos volumes. Na comparação trimestral, as 112,2 mil unidades embarcadas entre janeiro e março representaram crescimento de 3,9% sobre o mesmo período de 2022.


 

Sobre o setor de máquinas foram divulgados apenas os números do primeiro bimestre, ainda com déficit em relação ao mesmo período do ano anterior. As agrícolas tiveram 7.938 unidades vendidas, queda de 15,9%, enquanto as rodoviárias apresentaram recuo de 7,2%, com vendas de 4.531 unidades. No entanto, a produção de máquinas agrícolas cresceu de fevereiro para janeiro, apesar da expectativa no mercado para o aporte de novos recursos do Plano Safra 2022/23. Já o segmento de rodoviárias teve desempenho tímido em fevereiro, explicado pelo compasso de espera pelas políticas governamentais de investimento em infraestrutura.


 

O relatório completo das atividades do primeiro trimestre está disponível na última Carta da Anfavea, que pode ser acessada aqui.


 

Foto: Anfavea


 

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